A menor demanda das indústrias por frete e a menor contratação de serviços profissionais, administrativos e complementares por parte de empresas e do governo ajudaram a derrubar o setor de serviços em 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os transportes terrestres recuaram 10,4% no ano, devido à menor demanda por transporte de matérias-primas e produtos. Já os serviços administrativos e complementares, que incluem limpeza e segurança, tiveram redução de 2,4%. Na soma de todos os segmentos, a queda do setor de serviços foi de 3,6%, o pior desempenho da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), iniciada em 2012.
"O transporte já vem apresentando retração ao longo de vários meses. O transporte de carga tem como seu principal demandante o setor industrial. Na medida em que o setor industrial passa por esse desaquecimento, ele implica por demanda menor de serviço de transporte, tanto para matéria-prima quanto para a distribuição de sua produção", explicou o técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Roberto Saldanha.
"O setor de serviços é o último a sentir o impacto do desaquecimento (da atividade econômica). Ele primeiro atinge a indústria, o comércio. O setor de serviços é o último a absorver esse impacto, principalmente o setor informal. Certamente o informal deve estar crescendo, mas infelizmente não temos como medir na pesquisa", disse.
O segmento de serviços profissionais também foi impactado em 2015, reflexo da menor contratação por parte de empresas e do governo. Os serviços técnico-profissionais, por exemplo, tiveram retração de 9,7% no ano, a reboque do corte de gastos com grandes projetos, obras e investimentos. "Grandes empresas que prestavam serviços para projetos de engenharia em diversas áreas, como telecomunicações, óleo e gás... Esse segmento foi muito afetado por uma retração mais acentuada na demanda por esses serviços auxiliares de engenharia", disse Saldanha.
Já os serviços administrativos e complementares, que incluem limpeza e segurança, tiveram redução de 2,4% no ano, mas aprofundaram a queda ao longo dos meses. Em dezembro de 2015 ante dezembro de 2014, o recuo chegou a 7,3%.
A retração só não foi maior no setor de serviços como um todo em 2015 porque a área mais pesada, que é a de serviços de informação e comunicação, ficou estável (0,0%). Houve redução na demanda das famílias por televisão por assinatura e substituição de serviços de telefonia por meios de comunicação digital, ressaltou Saldanha, mas o setor conseguiu evitar uma perda real no ano.
O aperto no orçamento dos trabalhadores também diminuiu a demanda pelo segmento de serviços prestados às famílias, que acumulou queda de 5,3% no ano. Mas a atividade já vinha apresentando taxas negativas desde junho de 2014, observou o IBGE.
Nos resultados regionais de dezembro de 2015, na comparação com igual mês do ano anterior, os destaques positivos foram Roraima (12,6%), Mato Grosso (10,5%) e Rondônia (3%). As maiores variações negativas de volume foram observadas no Amapá (-16,8%), Maranhão (-13,8%) e Bahia (-12,7%). No Rio Grande do Sul, o volume de serviços recuou 4,8% em dezembro do ano passado, na comparação com o mesmo mês de 2014, e caiu 4,1% no ano.
Na análise apenas sobre as atividades turísticas, foram registradas variações positivas no Distrito Federal (10,4%) e São Paulo (1%). As variações negativas de volume ocorreram no Espírito Santo (-9,9%), Santa Catarina (-9,4%), Goiás (-6,6%), Ceará (-4,4%), Minas Gerais (-4%), Pernambuco (-3,7%), Rio Grande do Sul (-3,1%), Bahia (-2,9%), Rio de Janeiro (-2,1%) e Paraná (-1,8%).