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Consumo

- Publicada em 03 de Fevereiro de 2016 às 22:23

Temporal aquece demandas no comércio de Porto Alegre

 Após o temporal de sexta-feira houve grande procura por telhas e lonas para consertar os telhados atingidos.    Na foto: A proprietária da Ferragem Venâncio Aires, Camila Lussani Macagnan mostrando os itens mais procurados após o temporal devastador de sexta-feira.

Após o temporal de sexta-feira houve grande procura por telhas e lonas para consertar os telhados atingidos. Na foto: A proprietária da Ferragem Venâncio Aires, Camila Lussani Macagnan mostrando os itens mais procurados após o temporal devastador de sexta-feira.


JOÃO MATTOS/JC
O estoque de quatro mil itens da Ferragem Venâncio Aires - localizada no bairro Farroupilha, em Porto Alegre - não foi suficiente para suprir a alta demanda por telhas, parafusos, lonas, mantas asfálticas, lâmpadas, silicone, sacos para entulhos, lanternas, luzes de emergências, entre uma série de outros produtos requisitados entre a manhã de sábado e a última terça-feira.
O estoque de quatro mil itens da Ferragem Venâncio Aires - localizada no bairro Farroupilha, em Porto Alegre - não foi suficiente para suprir a alta demanda por telhas, parafusos, lonas, mantas asfálticas, lâmpadas, silicone, sacos para entulhos, lanternas, luzes de emergências, entre uma série de outros produtos requisitados entre a manhã de sábado e a última terça-feira.
E a corrida por material de construção que se instaurou na Capital, após a "explosão atmosférica" com poder de tornado que devastou parte da cidade, ainda não havia cessado ontem à tarde. Mas o movimento intenso ocorreu no fim de semana. "Comparado ao que vinha acontecendo em função das férias de verão, as vendas aumentaram em 40% e cresceram em 30% em relação a dias comuns", calcula a proprietária, Camila Lussani Macagnan. Mesmo no feriado de Navegantes, a loja contou com entra e sai de clientes. A maioria procurava por telhas, mas também foram vendidas muitas lonas e cordas para amarrar janelas que não deram conta de segurar os ventos de mais de 100 km/h.
"A ideia era trabalhar até o meio-dia, mas foi preciso estender o atendimento até as 14h, para suprir a demanda em pleno feriado", comenta Camila. A saída foi repor o estoque e, estrategicamente, aumentar o volume das encomendas. "Continuamos repondo produtos em grande quantidade, porque as previsões são de que volte a acontecer um fenômeno parecido, porém menos forte. Não é o que queremos, mas desta vez estamos preparados", pondera a lojista. Em média, a Ferragem Venâncio Aires faturou R$ 1 mil por dia desde sábado até terça-feira - isso porque não abriu no domingo.
As marcas da devastação aqueceram outros segmentos, como o de vidraçarias, um dos mais demandados. "A procura foi totalmente fora do comum: cresceu 70%", garante o gerente da Real Vidros, Elvis Trindade, que não resiste ao trocadilho: "Choveu telefonema". Ironias à parte, ele comenta que foi pego totalmente de surpresa. "Não estávamos preparados, nos pegaram quase sem nada, e tivemos que comprar vidros em estabelecimentos concorrentes para poder realizar os serviços de reposição nas residências que nos contrataram." A demanda é tanta, que a empresa ainda está atendendo por conta dos agendamentos de sábado. "Aos poucos, estamos suprindo. Mesmo com alguns distribuidores fechados, está dando para quebrar o galho, com a ajuda de outras vidraçarias, que por sinal estão com uma demanda tão alta quanto a nossa."
Em quatro dias, o volume de agendamentos da Real Vidros pulou de três para 15 pedidos por dia. Segundo Trindade, cada metro de vidro gira em torno de R$ 100,00 - justamente a média solicitada pelos consumidores dos últimos dias.

Serviços de serralheiros e elétricos também estão em alta

Anselmo teve perda total com a queda de árvore sobre o veículo à venda

Anselmo teve perda total com a queda de árvore sobre o veículo à venda


JOÃO MATTOS/JC
A técnica de raio x Angela Maria Mello perdeu as contas de quantos telefonemas deu para encontrar serviços de serralheiros e eletricistas após o temporal de sexta-feira. Além de ter destelhada a cobertura onde reside - que sofreu também a quebra de uma parede de vidro inteira -, ela ainda se deparou com a necessidade de resolver os danos da grade do portão de entrada e das lonas de alumínio que cobrem parte da garagem do prédio onde mora e exerce o papel de síndica. A saga se iniciou no sábado pela manhã, quando Angela precisou comprar 35 telhas para reposição no prédio. "Chegamos a encontrar ferragem aberta, mas a entrega demorou bastante, e o pessoal que trabalhou nisso entrou noite adentro até cumprir com a missão", comenta.
Para conter a água que desceu pela escada, Angela usou sacos de areia e manta asfáltica que tinha no condomínio. Mas ainda não conseguiu resolver outros vários problemas. "Fico indignada, porque os lojistas e prestadores de serviço reclamam que estão sem demanda, e quando há, alegam que estão de folga (por causa do feriado de Nossa Senhora de Navegantes e do Carnaval) e que não poderão atender", reclama a consumidora, que somente ontem conseguiu ser atendida por um eletricista. "Ainda falta contratar vidraceiro e serralheiro, colocar persianas, consertar a cerca elétrica, entre uma série de outras coisas", enumera. Apesar de não ter conseguido fechar todos os orçamentos, ela calcula um prejuízo de R$ 20 mil só na residência.
Prejuízo semelhante teve o revendedor de carros Marcos Antonio Pereira Anselmo. Uma árvore caiu por cima de uma Kombi que estava à venda (por R$ 30,9 mil) na empresa que administra, a 4.1 Veículos. "Foi perda total." O comerciante enumera outros pequenos prejuízos: gastou R$ 300,00 na compra e reposição de telhas de barro para um galpão da empresa e ainda precisa repor os parabrisas de outros dois veículos, que foram atingidos pela queda das telhas.

Procura por água cresceu mais de 20% somente no sábado

Mesmo sem luz no estabelecimento comercial, o proprietário da empresa Rei das Águas, localizada no bairro Passo da Areia, Rogério Moure, decidiu abrir as portas da loja no sábado passado, quando a procura por vasilhões de 20 litros de água foi intensa.
"Estava sem computador. Foi tudo no papel, lápis e borracha", ilustra Moure, que acabou abrindo no domingo, excepcionalmente, em vista da demanda extraordinária. "Fui até a loja com dois funcionários para arrumar o computador e cadastrar as vendas, e já tinha gente na porta esperando."
Foram pelo menos 35 clientes atendidos somente no domingo, comenta Moure, que calcula um acréscimo de 20% nas vendas de sábado até a última terça-feira.
"O retorno do fornecimento de água ocorreu parcialmente no feriado, mas não foi suficiente para conter a demanda, pois o líquido estava chegando embarrado pelas torneiras", justifica o empresário. Ele ainda calcula pelo menos 40 vendas não ocorridas. "Na segunda-feira, havia quatro dezenas de ligações. Nenhuma delas conferia com os clientes do cadastro. Provavelmente, era consumidor novo em busca de suprir a falta de água do período."