O governo federal fixou, na semana passada, em R$ 33,791 milhões o valor a ser pago à Estação da Luz Participações (EDLP) pela elaboração de estudos técnicos que servirão de base para a concessão da "Ferrogrão", uma linha de 1.140 km que ligará Lucas do Rio Verde (MT) a Miritituba (PA) e que servirá para escoar a produção de soja e milho do centro do País para os portos do Norte, barateando o custo da exportação. O investimento é estimado pelo governo em R$ 9,9 bilhões.
A EDLP, que atua nesse projeto junto com outras quatro gigantes do agronegócio Bunge, Cargill, Maggi e Dreyfus , foi a única a estudar o trecho, embora outras potenciais interessadas estivessem autorizadas a fazer o mesmo, como parte do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) aberto pelo governo. Os estudos serão utilizados pela União para modelar o leilão da linha, e caberá ao concessionário ressarcir a EDLP.
Entusiasta do projeto, o senador Blairo Maggi (PR-MT) disse que o empreendimento tem condições de sair do papel, mesmo num quadro de retração econômica.
"Ele tem viabilidade técnica e econômica interessantes", afirmou Maggi. "É uma carga, entre aspas, cativa na região, e isso dá aos investidores a certeza do retorno." O senador reconhece que o custo da linha é alto e diz que será necessário buscar parceiros no exterior para viabilizá-la. "Mas os argumentos do projeto são muito bons", reforçou.
Mesmo a possível concorrência com a BR-163, uma rodovia que faz o mesmo trajeto, não é vista como um problema. Maggi observou que essa concessão rodoviária durará 12 anos, justamente para ter suas condições revistas diante da eventual concorrência com a "Ferrogrão".
Para avançar com a concessão da ferrovia, porém, o governo ainda precisa tomar muitas decisões de peso, segundo especialistas. As principais dúvidas dizem respeito ao financiamento do projeto.
Uma proposta é que a "Ferrogrão" seja construída numa parceria entre setor público e setor privado, numa modalidade chamada de "compartilhamento de investimento". Nela, ganhará a concessão o empreendedor que bancar a maior parte do custo da construção, sendo o restante bancado pelo governo. Mas, no atual quadro de restrição fiscal, há dúvidas quanto a essa participação.