Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Barack Obama, concordaram em elevar os esforços diplomáticos para resolver a crise na Síria, afirmou o Kremlin neste domingo. Em uma ligação que partiu de Washington, os dois líderes disseram que irão "intensificar a cooperação através da diplomacia e de outras entidades" para resolver os detalhes e implementar o acordo fechado em Munique.
Putin, acrescentou o comunicado do governo russo, "mais uma vez sublinhou a importância de criar um fronte comum contra o terrorismo e a rejeição de padrões dúbios, enfatizando a necessidade de estabelecer uma relação de trabalho sólida entre os militares russos e norte-americanos".
A conversa entre os dois presidentes aconteceu após uma conferência de segurança em Munique, onde autoridades russas alertaram que as relações entre a Rússia e o Ocidente estavam voltando aos níveis da Guerra Fria por causa da questão síria. Durante a semana, o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, advertiu que uma ofensiva terrestre estrangeira contra a Síria apresenta risco de desencadear uma "guerra mundial".
A Rússia vem usando sua intervenção militar em favor do regime do presidente Bashar al-Assad para debelar os insurgentes que deram início a uma guerra civil no país árabe. Analistas diplomáticos observam que a última rodada de negociações em Munique favoreceu Moscou ao discutir um cessar-fogo ao mesmo tempo em que a ofensiva russa em Aleppo, a maior cidade síria, continua.
Também neste domingo, forças turcas bombardearam posições da principal milícia curda - Unidade de Proteção Popular (conhecida como YPG) -, no Norte da Síria, pelo segundo dia consecutivo, provocando a condenação do governo sírio, cujas forças avançam contra insurgentes na mesma região, sob a cobertura de ataques aéreos russos.
De acordo com a agência estatal turca Anadolu, unidades da artilharia do país abriram fogo contra combatentes curdos na cidade síria de Azaz, na província de Aleppo. Ancara parece cada vez mais desconfortável com os recentes ganhos do grupo no Norte da Síria. "A Turquia respondeu à sua própria maneira no passado", disse o vice-premiê turco, Yalcin Akdogan. "A diferença não é que a Turquia respondeu de tal forma, mas o fato de que há diferentes movimentos na região."
A YPG é uma importante aliada da coalizão liderada pelos Estados Unidos que combate o Estado Islâmico. A Turquia, que também faz parte coalizão, considera o grupo um afiliado do Partido Trabalhista do Curdistão, ou PKK, que promoveu décadas de insurgência contra Ancara.