Lançada ontem, a Campanha da Fraternidade de 2016 busca falar sobre um tema pouco visível, mas que afeta a todos: o saneamento básico. As atividades deste ano ficarão a cargo do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Esta edição traz o tema "Casa Comum, nossa responsabilidade", e tem como lema "Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca".
Segundo o arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, o saneamento é de responsabilidade do poder público, mas, como não gera votos, muitas vezes é deixado de lado. "Infelizmente, as decisões políticas costumam ser guiadas pelo populismo e pela corrupção. Por isso, queremos fazer a nossa parte e colaborar com a construção de uma casa comum mais justa e igualitária, pois o modelo de sociedade de hoje ameaça essa casa comum", enfatiza.
A campanha visa incentivar discussões acerca do abastecimento dos municípios com água potável, do controle de pragas e da drenagem de águas pluviais, entre outras questões. Entre as atividades previstas, estão a participação em espaços de estudo e debate, a promoção de assuntos ligados à sustentabilidade em escolas, a busca pelo conhecimento sobre as estruturas legais disponíveis para essa temática e o resgate da conscientização sobre o reuso.
Conforme Edson Costa, assessor das Pastorais Sociais do Conic, 84% dos municípios gaúchos têm água potável, mas, por outro lado, somente 12% do esgoto é tratado. Em Porto Alegre, o percentual é de 16%. "Um grande desafio é mostrar a relação entre a falta de saneamento básico e muitos problemas de saúde. O Brasil é a sétima maior economia do mundo, mas ainda tem esgoto a céu aberto ao lado de onde as crianças brincam", relata. Na opinião de Costa, a Igreja tem papel fundamental na divulgação de questões como essa, pois chega a locais onde nenhuma ou quase nenhuma instituição chega.