O grupo Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria do ataque suicida com carro-bomba realizado ontem em Damasco, capital da Síria, que matou ao menos dez pessoas. A informação foi divulgada em diversas contas do Twitter associadas ao grupo. De acordo com o comunicado, o autor do atentado era conhecido como Abu Abdul-Rahman al-Shami.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, organização oposicionista com base no Reino Unido, informou que entre os mortos estão oito policiais e que havia 20 feridos.
A ação suicida aconteceu próximo a um clube de policiais em Damasco. O carro-bomba explodiu em frente a uma feira no bairro de Masaken Barzeh, no Norte da capital síria, causando grandes estragos em carros e prédios no local. O atentado ocorre no momento em que a comunidade internacional pressiona ainda mais o regime de Bashar al-Assad e sua aliada Rússia pelas ações militares que têm levado milhares de civis a abandonarem suas casas no Norte do país.
Ontem, a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que 300 mil pessoas em Aleppo poderão ficar sem ajuda humanitária devido aos bombardeios sírios e russos contra opositores na região. Para fugir das ações militares, milhares de sírios têm fugido em direção à fronteira com a Turquia, que está fechada há cinco dias. Estima-se que 50 mil já estariam na região fronteiriça, enfrentando o rigoroso frio em acampamentos improvisados.
A Acnur (agência da ONU para refugiados) se uniu ao coro que pede que a Turquia abra sua fronteira para os refugiados que estão acampados no local. Pressionado, o governo turco insiste que a culpa pela tragédia humanitária é de Moscou. Ontem, o premiê Ahmet Davutoglu pediu que a comunidade internacional se manifestasse contra a Rússia por "bombardear impiedosamente alvos civis" na Síria. Segundo ele, 70 mil refugiados podem chegar à fronteira se a campanha militar da Síria e da Rússia contra a oposição continuar.
Em entrevista coletiva em Budapeste, o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, defendeu seu governo, dizendo que ele está deixando os refugiados passarem de maneira "controlada". Segundo o ministro, a Turquia teria permitido a entrada de 10 mil sírios nos últimos dias. O país já tem hoje cerca de 2,5 milhões de refugiados da Síria.
Na segunda-feira, após se reunir com Davutoglu em Ancara, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse estar "horrorizada" com o sofrimento de civis que estão sendo obrigados a deixar Aleppo por causa de bombardeios apoiados pela Rússia. Merkel e Davutoglu anunciaram que os dois países acordaram em desenvolver uma "iniciativa diplomática conjunta" para parar os ataques contra a cidade.