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Lava Jato

- Publicada em 27 de Janeiro de 2016 às 22:55

Condomínio onde Lula teria triplex é investigado

OAS pagou reformas em apartamento que seria do ex-presidente

OAS pagou reformas em apartamento que seria do ex-presidente


HEINRICH AIKAWA/INSTITUTO LULA/DIVULGAÇÃO/JC
A 22ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada ontem, vai apurar a relação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com um apartamento triplex na praia de Astúrias, em Guarujá, no litoral paulista, cuja opção de compra pertencia à mulher dele, Marisa Letícia, e hoje está em nome da empreiteira OAS.
A 22ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada ontem, vai apurar a relação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com um apartamento triplex na praia de Astúrias, em Guarujá, no litoral paulista, cuja opção de compra pertencia à mulher dele, Marisa Letícia, e hoje está em nome da empreiteira OAS.
O objetivo da força-tarefa é descobrir se a OAS, acusada de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras, buscou beneficiar ilegalmente o ex-presidente por meio do imóvel. É a primeira vez que a operação investiga um negócio diretamente ligado a Lula e seus parentes.
A mulher de Lula adquiriu a opção de compra do imóvel em 2005 por meio da cooperativa habitacional Bancoop, a antiga titular do prédio. Em 2014, o triplex foi reformado pela OAS. Porém, em novembro de 2015, a assessoria de Lula informou que a família havia desistido de ficar com o imóvel, e iria pedir a devolução do dinheiro anteriormente aplicado.
O recuo ocorreu após as informações sobre o apartamento ganharem visibilidade na imprensa e a Lava Jato levar à prisão do ex-presidente da Bancoop e ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e de executivos da OAS. A Promotoria colheu depoimentos de engenheiros e funcionários do condomínio apontando que familiares de Lula estiveram no triplex durante as fases de construção e reforma do imóvel. As visitas envolveram medidas para esconder a presença da família no condomínio.
Ao anunciar a operação, a força-tarefa da Lava Jato não citou Lula em nenhum momento e informou de forma genérica que todos os apartamentos do condomínio onde fica o triplex serão investigados para apurar se a OAS cedeu unidades do empreendimento para pagar propinas ligadas ao esquema de corrupção na Petrobras. O prédio não foi alvo de busca e apreensão nesta quarta-feira.
Indagado se Lula era alvo da operação, o procurador da República Carlos Fernando Lima afirmou: "Nós investigamos fatos. Se houve um apartamento dele, que esteja no seu nome ou que ele tenha negociado ou alguém da sua família, vamos investigar, como todo mundo".
A relação de Lula com o triplex também é investigada pelo Ministério Público de São Paulo. O promotor de Justiça Cassio Conserino já anunciou ter obtido indícios suficientes para denunciar Lula pelo crime de lavagem de dinheiro em inquérito sobre o imóvel. Entre os apartamentos sob investigação, 10 estão em nome da OAS e um está registrado em nome da offshore Murray Holdings, sediada no Panamá.
Os procuradores disseram que chegaram ao condomínio porque um dos imóveis era de propriedade da Murray, uma offshore aberta pela Mossack Fonseca, empresa internacional com escritório em São Paulo. "Acreditamos que eram abertas contas no exterior, para esquema de lavagem de dinheiro", diz o procurador Lima.
Com base nessa apuração, o juiz Sergio Moro decretou a prisão temporária (válida por cinco dias) da publicitária Nelci Warken, suspeita de ser uma das operadoras do esquema que envolveu a offshore, de parentes dela e pessoas ligadas a uma firma responsável pela abertura da Murray.
O advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin Martins, afirmou que a decisão do juiz Sergio Moro não faz nenhuma referência ao petista.
Ele afirmou também que Lula e sua mulher, Marisa Letícia, possuíam uma cota do empreendimento, mas decidiram resgatá-la quando ele foi transferido para a OAS.
O advogado da OAS, Edward Carvalho, criticou a condução dos mandatos.
Em nota, a Bancoop afirmou que por deliberação coletiva dos respectivos cooperados, "o empreendimento foi transferido à construtora OAS Empreendimentos".
A cooperativa diz ainda que desde 2009 não tem relação com o empreendimento Mar Cantábrico, que teve sua denominação alterada para Condomínio Solaris.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Vaccari. A assessoria de imprensa da empresa do Panamá Mossack Fonseca não retornou o contato.

Para o Planalto, objetivo é desgastar a imagem de Luiz Inácio Lula da Silva

Auxiliares da presidente Dilma Rousseff (PT) avaliam que a nova fase da Operação Lava Jato tem o objetivo de desgastar a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no momento em que o governo está "fragilizado" e "tenta encontrar saídas" para a crise.
Auxiliares de Dilma acreditam que "o cerco a Lula se fechou ainda mais" e isso é "preocupante" visto que ele ainda é tido como o principal fiador do governo.
Apesar disso, a avaliação de ministros do núcleo mais próximo à presidente é que uma eventual prisão de Lula "não deve acontecer".
O ex-presidente Lula reforçou no início do ano sua equipe de defesa com a contratação do criminalista Nilo Batista. Nas palavras de aliados, a contratação do advogado se deu porque Lula "tomou consciência de que algo mais grave poderia acontecer".
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, negou que a nova fase da Lava Jato tenha como alvo o ex-presidente Lula. "O presidente Lula não está sendo investigado e nem me parece que na investigação de hoje tenha sido determinada qualquer medida investigativa em relação à figura do ex-presidente. Portanto, qualquer das outras situações que possam estar sendo colocadas ou veiculadas são especulações absolutamente indevidas", afirmou o ministro após ser questionado sobre o tema.