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- Publicada em 27 de Janeiro de 2016 às 19:07

Ex-ministro diz que levou pedido de lobista a Lula

 Brasília - O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, fala na CPI do BNDES (Valter Campanato/Agência Brasil)  - Assuntos: CPI do BNDES, depoimento, ex-ministro Miguel Jorge

Brasília - O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, fala na CPI do BNDES (Valter Campanato/Agência Brasil) - Assuntos: CPI do BNDES, depoimento, ex-ministro Miguel Jorge


VALTER CAMPANATO/ABR/JC
Em depoimento à Polícia Federal (PF), o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Miguel Jorge admitiu ter levado ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2008, um pedido do lobista Mauro Marcondes Machado, preso sob suspeita de intermediar a "compra" de medidas provisórias no governo federal. A solicitação se referia à prorrogação de uma norma ambiental que não interessava ao setor automotivo.
Em depoimento à Polícia Federal (PF), o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Miguel Jorge admitiu ter levado ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2008, um pedido do lobista Mauro Marcondes Machado, preso sob suspeita de intermediar a "compra" de medidas provisórias no governo federal. A solicitação se referia à prorrogação de uma norma ambiental que não interessava ao setor automotivo.
Miguel Jorge falou aos investigadores da Operação Zelotes no dia 16 do mês passado. Confrontado com documentos apreendidos pela PF, ele contou que Mauro Marcondes lhe pediu que informasse a Lula sobre a "preocupação" de montadoras de veículos sobre a implantação, no Brasil, do padrão Euro IV, parâmetro de emissão de poluentes mais rigoroso para veículos a diesel. A regra seria apreciada pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
Mauro Marcondes é réu na Zelotes por, supostamente, atuar pela "compra" de MPs nos governos Lula e Dilma Rousseff (PT) que concederam benefícios fiscais a montadoras de veículos. Conforme o lobista, que na época tratava com o ministro como representante da Scania, as empresas do setor estavam preocupadas com a nova regra, pois não haveria no Brasil combustível para atender ao parâmetro ambiental. O ex-ministro declarou à PF que se recorda de ter passado ao presidente essa preocupação da indústria.
As tratativas constam de mensagens apreendidas pela PF em computadores de Mauro Marcondes. Na audiência, o ex-ministro afirmou que o lobista tinha "acesso direto" a ele.
O ex-ministro disse à PF ter levado o recado a Lula. Ele explicou que a "preocupação do chefe" era a preocupação de Lula de atender à exigência de redução de poluentes sem a produção do combustível adequado pela Petrobras.

Marcondes ofertava brindes a integrantes do Executivo

Os documentos apreendidos pela Polícia Federal mostram que o lobista Mauro Marcondes Machado ofertava brindes a pessoas do governo federal. Uma mensagem de 11 de julho daquele ano relaciona diversas pessoas que seriam contempladas com "convites", possivelmente para um evento em Interlagos.
Entre elas estava o próprio Miguel Jorge, o filho dele, Tiago, e o atual presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), Luciano Coutinho. Também estava na lista um dos filhos do ex-chefe de gabinete do então presidente, Gilberto Carvalho (PT).
No e-mail de 23 de julho, Miguel Jorge afirma ao lobista que o filho Tiago "adorou ter ido a Interlagos e participado da festa de vocês". "Nós nos encontramos à noite, e ele estava entusiasmado. Foi pena não ter ido, mas não aguentaria", acrescentou.
No depoimento, o ex-ministro afirmou que o entusiasmo do filho se referia, provavelmente, a uma corrida de automóveis em Interlagos.
Luciano Coutinho informou, por sua assessoria, que se lembra do convite, que não foi ao evento e que não se lembra de ter ido a Interlagos na vida. Ele acrescentou que não tem relacionamento com Mauro Marcondes. Gilberto Carvalho não foi localizado. O Instituto Lula informou que o ex-presidente não comentaria.