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Lava Jato

- Publicada em 25 de Janeiro de 2016 às 18:26

Dirceu decide falar em depoimento a Sergio Moro

 BRAZILIAN FORMER CHIEF-OF-STAFF (2003-2005), JOSE DIRCEU, SPEAKS DURING A HEARING OF THE PARLIAMENTARY COMMITTEE OF THE PETROBRAS INVESTIGATION IN THE FEDERAL JUSTICE COURT, IN CURITIBA ON AUGUST 31, 2015. DIRCEU --WHO IS SERVING A SEVEN-YEAR SENTENCE FOR THE MENSALAO CORRUPTION SCANDAL-- WAS ACCUSED OF CORRUPTION AND MONEY LAUNDERING WITHIN THE FRAMEWORK OF THE LAVA JATO OPERATION.    AFP PHOTO / HEULER ANDREY

BRAZILIAN FORMER CHIEF-OF-STAFF (2003-2005), JOSE DIRCEU, SPEAKS DURING A HEARING OF THE PARLIAMENTARY COMMITTEE OF THE PETROBRAS INVESTIGATION IN THE FEDERAL JUSTICE COURT, IN CURITIBA ON AUGUST 31, 2015. DIRCEU --WHO IS SERVING A SEVEN-YEAR SENTENCE FOR THE MENSALAO CORRUPTION SCANDAL-- WAS ACCUSED OF CORRUPTION AND MONEY LAUNDERING WITHIN THE FRAMEWORK OF THE LAVA JATO OPERATION. AFP PHOTO / HEULER ANDREY


HEULER ANDREY/AFP/JC
Preso há 175 dias por suspeitas de embolsar milhões de reais em propina no esquema do petrolão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu decidiu falar. Segundo o criminalista Odel Antun, defensor de Dirceu, o petista vai apresentar ao juiz Sergio Moro, na próxima sexta-feira, sua versão sobre as acusações de que recebeu dinheiro sujo de empreiteiros da Lava Jato e de que lavou os recursos em viagens de jatinho, imóveis e consultorias fictícias.
Preso há 175 dias por suspeitas de embolsar milhões de reais em propina no esquema do petrolão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu decidiu falar. Segundo o criminalista Odel Antun, defensor de Dirceu, o petista vai apresentar ao juiz Sergio Moro, na próxima sexta-feira, sua versão sobre as acusações de que recebeu dinheiro sujo de empreiteiros da Lava Jato e de que lavou os recursos em viagens de jatinho, imóveis e consultorias fictícias.
Entre os pontos que o próprio Dirceu deve mencionar em seu depoimento estão a tese de que o lobista Milton Pascowitch teria utilizado indevidamente seu nome para comprar um jatinho do também lobista Julio Camargo e a argumentação de que a escolha do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque não passou por suas mãos. "O Zé está pronto para responder tudo", disse Antun.
Segundo o Ministério Público (MP), as suspeitas são de que Dirceu, réu pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, atuava em um dos núcleos do esquema de corrupção na Petrobras para arrecadar propina de empreiteiras por meio de contratos simulados de consultoria com a empresa dele, a JD Consultoria e Assessoria. Os indícios nas investigações apontam que o petista recebeu 11,8 milhões de reais em dinheiro sujo, tendo lavado parte dos recursos não só em serviços fictícios de consultoria, mas também na compra e reforma de imóveis para familiares e na simulação de aluguéis de jatinhos.
De acordo com as investigações, o esquema do ex-chefe da Casa Civil na Lava Jato movimentou cerca de R$ 60 milhões em corrupção e R$ 64 milhões em lavagem de dinheiro. Ao todo, o MP calcula que houve 129 atos de corrupção ativa e 31 de corrupção passiva entre 2004 e 2011, além de 684 atos de lavagem de dinheiro entre 2005 e 2014.
O nome de José Dirceu foi frequentemente citado por delatores da Lava Jato como o destinatário de propina do esquema criminoso. O lobista Julio Camargo, delator da Operação Lava Jato, voltou a afirmar, na sexta-feira passada, que repassou R$ 4 milhões em propina ao ex-ministro da Casa Civil.
O dinheiro sujo foi recolhido, segundo Camargo, a mando do ex-gerente de Serviços da Petrobras Renato Duque e pago de forma parcelada: foram R$ 2 milhões entre abril de 2008 e abril de 2009, R$ 1 milhão entre julho e agosto de 2010, e o restante foi pago a partir de uma conta de afretamento de jatinhos que o petista utilizava.
A avaliação dos procuradores que atuam na Operação Lava Jato é a de que Dirceu é um criminoso reincidente, porque praticou crimes depois de o processo do mensalão já ter sido concluído. É possível que a Justiça imponha ao petista também o agravante de maus antecedentes, já que, segundo o procurador da República Roberson Pozzobon, ele praticou crimes de corrupção e lavagem de dinheiro pelo menos desde 2006, quando passou a receber dinheiro sujo de empreiteiras. A reincidência e os maus antecedentes são fatores considerados pela Justiça para aumentar a pena do suspeito em caso de condenação.

Indagados sobre petista, réus ficam em silêncio

A Justiça Federal do Paraná tentou ouvir ontem os depoimentos de quatro investigados pela Operação Lava Jato, na fase Pixuleco I, que apura as relações do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu com empreiteiras. Dirceu é acusado de simular a prestação de consultorias por meio de sua empresa, a JD, para receber propinas de negócios envolvendo a Petrobras. Segundo os investigadores, o dinheiro desviado teria sido usado para bancar reforma milionária na casa do ex-ministro, no interior de São Paulo, custear um jato privado para deslocamento de Dirceu, além de outros gastos pessoais.
O juiz Sérgio Moro pretendia interrogar o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque, o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto, o ex-assessor de Dirceu Roberto Marques e o ex-sócio minoritário da JD Consultoria Julio César dos Santos. Todos, no entanto, fizeram uso de seu direito legal de se manter calados.
Há cinco dias, a Justiça Federal se concentra no caso do ex-ministro e já ouviu outros réus, como o delator Milton Pascowitch, responsável pela intermediação entre Dirceu e a empreiteira Engevix, e um dos principais acusadores de Dirceu. O petista foi preso em agosto e aguarda o julgamento em uma cela no Complexo Médico Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.