Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Lava Jato

- Publicada em 19 de Janeiro de 2016 às 18:07

Sérgio Moro rejeita atrasar julgamento de Odebrecht

 FEDERAL JUDGE SERGIO MORO SPEAKS DURING A BUSINESS MEETING PROMOTED BY BUSINESS LEADERS GROUP (LIDE) IN SAO PAULO BRAZIL ON SEPTEMBER 24 2015. MORO IS IN CHARGE OF THE INVESTIGATION ON OIL GIANT PETROBRAS CORRUPTION SCANDAL.  AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA

FEDERAL JUDGE SERGIO MORO SPEAKS DURING A BUSINESS MEETING PROMOTED BY BUSINESS LEADERS GROUP (LIDE) IN SAO PAULO BRAZIL ON SEPTEMBER 24 2015. MORO IS IN CHARGE OF THE INVESTIGATION ON OIL GIANT PETROBRAS CORRUPTION SCANDAL. AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA


NELSON ALMEIDA/AFP/JC
O juiz federal Sérgio Moro freou a tentativa da defesa de Marcelo Odebrecht de atrasar o julgamento do empresário, acusado de participar no esquema de pagamento de propina da Petrobras. O advogado Nabor Bulhões acusou os investigadores da Lava Jato de manipular a delação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e pediu o retorno do processo à fase de instrução. Ao negar, Moro disse que o "processo é uma marcha para frente".
O juiz federal Sérgio Moro freou a tentativa da defesa de Marcelo Odebrecht de atrasar o julgamento do empresário, acusado de participar no esquema de pagamento de propina da Petrobras. O advogado Nabor Bulhões acusou os investigadores da Lava Jato de manipular a delação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e pediu o retorno do processo à fase de instrução. Ao negar, Moro disse que o "processo é uma marcha para frente".
"O processo é uma marcha para frente. Não se retornam às fases já superadas", afirmou no despacho em que analisou a petição.
Às vésperas da sentença do empresário, a defesa de Marcelo Odebrecht acusou a força-tarefa da Lava Jato de "deslealdade processual". O criminalista Nabor Bulhões afirmou que o Ministério Público manipulou a delação de Costa ao não colocar no termo de delação nº 35 a menção onde o ex-diretor isenta o executivo de ter feito negociações com ele no esquema de pagamento de propina. A petição pede a inclusão das gravações no processo e o retorno do julgamento ao início, onde são produzidas e apresentadas as provas.
Moro indeferiu o pedido afirmando que os requerimentos "são intempestivos". O juiz disse que a inclusão da citação seria "desnecessária ou irrelevante", já que Costa foi ouvido pelo próprio juiz durante os interrogatórios da ação.
A suposta omissão teria ocorrido num dos depoimentos de Costa em 2014. Nele, o ex-diretor narra como funcionava o sistema de cartel das obras na estatal e aponta quem participava do esquema. Ao citar a Odebrecht, Costa diz os nomes dos ex-executivos Marcio Faria e Roberto Araújo. O interrogador pergunta sobre Marcelo Odebrecht, e Costa é enfático: "Uai, eu conhecia ele, tive algum contato com ele, mas nunca tratamos de nenhum assunto desses diretamente com ele".
O investigador então pergunta novamente se ele realmente não tinha tratado com Faria e Paulo Roberto Costa diz: "Eu conheço ele, porque fui do conselho da Braskem, que é uma empresa da Petrobras e da Odebrecht, ele era o presidente, e eu o vice-presidente do conselho... Então, assim, eu conheço ele, mas nunca tratei de nenhum assunto desses (propina) com ele, nem põe o nome dele aí, porque com ele não, ele não participava disso".
O termo de delação, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), não faz menção a Marcelo Odebrecht. Apesar de não constar no termo 35 da delação, a declaração do ex-diretor Paulo Roberto Costa isentando o empresário Marcelo Odebrecht consta na denúncia do MPF contra o empresário na Justiça.
"Importante referir que o réu Paulo Roberto Costa consignou que o pagamento de vantagens indevidas com Marcelo Odebrecht era um acordo de pagamentos de propina", ressalta a denúncia feita pelo MPF.

Nestor Cerveró tem mudança de comportamento na prisão

Desde que fechou o acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), em novembro, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró vem causando problemas na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba, onde está preso. A principal reclamação é que o ex-executivo passou a destratar e desrespeitar os agentes penitenciários.
O clima ficou insustentável na semana passada. Numa discussão, Cerveró apontou o dedo em riste no rosto de um dos funcionários da prisão, segundo relatos obtidos pela reportagem. Advogados e policiais que têm acesso a presos do local disseram que os motivos do destempero de Cerveró seriam o atraso do banho de sol e a insistência do delator em ter acesso a algumas regalias, como um frigobar na cela.
Como resposta, ouviu de um dos policiais que controlou a situação que ele era um preso comum, como um traficante ou um contrabandista.
A atitude fez com que não só Cerveró, mas todos os presos da Lava Jato detidos no local tivessem alguns direitos suspensos, como banho de sol e conversas reservadas com os advogados, que passaram a acontecer apenas no parlatório (local em que os detentos são separados das visitas por um vidro e podem se comunicar por meio de um telefone).
A punição para o ex-diretor foi maior. Ele deixou de dividir espaço com o pecuarista José Carlos Bumlai, seu companheiro desde novembro, e foi colocado em uma cela sozinho. Além disso, Cerveró não pôde tomar banho no chuveiro, que fica ao fundo da ala dos presos, por dois dias. Os outros detentos, que já vinham reclamando do comportamento prepotente de Cerveró desde que voltou de uma temporada de 10 dias com a família em Itaipava (RJ) negociada com a PGR no escopo de sua delação, passaram a se incomodar ainda mais com ele após a restrição dos direitos.