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operação Lava Jato

- Publicada em 12 de Janeiro de 2016 às 19:07

Dilma garantiu a Collor 'cota' na BR Distribuidora

 DEPOIMENTO À COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI) MISTA DA PETROBRAS DO EX-DIRETOR DA ÁREA INTERNACIONAL DA PETROBRAS NESTOR CERVERÓ (JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRAISL)

DEPOIMENTO À COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI) MISTA DA PETROBRAS DO EX-DIRETOR DA ÁREA INTERNACIONAL DA PETROBRAS NESTOR CERVERÓ (JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRAISL)


JOSÉ CRUZ/ABR/JC
O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, um dos delatores da Operação Lava Jato, declarou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que o senador Fernando Collor (PTB-AL) lhe disse, em 2013, que a presidente Dilma Rousseff havia garantido ao parlamentar que "estavam à disposição" dele, Collor, a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora.
O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, um dos delatores da Operação Lava Jato, declarou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que o senador Fernando Collor (PTB-AL) lhe disse, em 2013, que a presidente Dilma Rousseff havia garantido ao parlamentar que "estavam à disposição" dele, Collor, a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora.
Em depoimento prestado no dia 7 de dezembro de 2015, Cerveró relatou os bastidores das indicações para cargos estratégicos na Petrobras, principalmente na BR Distribuidora, apontada pelos investigadores como "cota" pessoal do ex-presidente Collor (1990-1992).
"Fernando Collor de Mello disse que havia falado com a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), a qual teria dito que estavam à disposição de Fernando Collor de Mello a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora", declarou o ex-diretor, condenado na Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro.
Cerveró disse ter ouvido o relato de Collor sobre suposto encontro com Dilma durante uma reunião em Brasília, que teria ocorrido, segundo o delator, em setembro de 2013. Na ocasião, Cerveró estava empenhado em se manter no cargo de diretor financeiro e de Serviços da BR Distribuidora - subsidiária da Petrobras -, que assumiu após deixar a área Internacional da estatal petrolífera. Ele disse que o empresário Pedro Paulo Leoni, conhecido como PP, o chamou para uma reunião com Collor na Casa da Dinda, residência do ex-presidente. PP foi ministro no governo Collor.
Segundo o ex-diretor, Collor disse na reunião que não tinha interesse em mexer na presidência e nas diretorias da BR Distribuidora. Cerveró afirmou que tais nomes eram indicação do PT - presidente José de Lima Andrade Neto; diretor de Mercado Consumidor Andurte de Barros Duarte Filho; e ele próprio, como diretor financeiro e de Serviços.
O ex-diretor da Petrobras afirmou que "ironicamente agradeceu" a Collor por ter sido mantido na BR. Depois, segundo o depoimento, "Pedro Paulo Leoni disse que Fernando Collor havia ficado chateado com a ironia do declarante", uma vez que parecia que Cerveró estava duvidando de que Collor havia falado com Dilma Rousseff. "Nessa ocasião, o declarante percebeu que Fernando Collor realmente tinha o controle de toda a BR Distribuidora", consta na declaração.
A reportagem não conseguiu falar com Collor sobre o assunto. Em outra ocasião, na qual seu nome foi ligado à BR Distribuidora, o ex-presidente negou enfaticamente "ter exercido qualquer ingerência sobre a Petrobras ou sua subsidiária BR Distribuidora". A assessoria do Planalto informou que não iria comentar o assunto.

Delator arrecadava propina para Delcídio e Renan

O ex-diretor internacional da Petrobras, condenado na Operação Lava Jato, revelou à Polícia Federal e ao Ministério Público em acordo de delação premiada que era o responsável por arrecadar propina na estatal BR Distribuidora para Renan Calheiros (PMDB-AL), atual presidente do Senado, e Delcídio do Amaral (PT-MS), o ex-líder do governo Dilma Rousseff. A informação consta no depoimento que Cerveró prestou, em dezembro do ano passado.
Delcídio está preso desde o fim de novembro por tentar comprar o silêncio e facilitar uma fuga de Cerveró. O petista foi flagrado em gravações de conversas feitas pelo filho do delator, o ator Bernardo Cerveró, e disse à Polícia Federal que agiu por uma "questão humanitária". Cerveró foi diretor da área internacional da Petrobras, envolvida na compra da refinaria-sucata de Pasadena, nos Estados Unidos, e diretor Financeiro e de Serviços na BR Distribuidora. Ele disse que Delcídio do Amaral, além de ter influência direta na presidência da BR Distribuidora, era considerado "um dos responsáveis por sua indicação" para a subsidiária da Petrobras.
Cerveró disse que combinou a função criminosa em uma reunião de "acerto geral" com políticos e diretores da estatal em 2010, no hotel Leme Palace, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O encontro ocorreu depois das eleições gerais daquele ano e decidiu o regime de partilha dos propinodutos das diretorias da BR Distribuidora entre senadores, como Fernando Collor de Mello (PTB-AL), e deputados petistas como Cândido Vaccarezza (SP), Vander Loubet (MS), José Mentor (SP), Jilmar Tatto (SP) eAndré Vargas (PR).
O ex-diretor Internacional da Petrobras também afirmou que, em 2012, Renan Calheiros "reclamou da falta de repasse de propina" e ameaçou retaliá-lo em uma reunião em seu gabinete no Senado. "O declarante (Cerveró) explicou que não estava arrecadando propina na BR Distribuidora, então Renan Calheiros disse que a partir de então 'deixaria de prestar apoio político ao declarante'".