Uma disputa de bastidores marca a negociação para a presidência da Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), a partir de 2017. A Bolívia é candidata a suceder a República Dominicana, que ontem assumiu o comando da Celac, sucedendo o Equador.
O problema é que o Chile não aceita que a Bolívia presida o bloco, pois avalia que, nessa condição, La Paz usaria a Celac para avançar na sua antiga demanda de recuperar o acesso ao Oceano Pacífico. O impasse é mais um dos capítulos das divergências na Celac, que até agora não chegou a um consenso sobre a defesa da Agenda 2020 com metas claras sobre redução de pobreza, desigualdade e mudanças climáticas como bandeira do grupo. Na tentativa de impedir a Bolívia de ocupar a presidência da Celac, o Chile agora estimula uma candidatura de Honduras para dirigir o bloco em 2017.
Em setembro do ano passado, a Bolívia conseguiu uma vitória na disputa com o Chile na questão da saída para o mar, quando uma decisão da Corte Internacional de Justiça de Haia abriu caminho para o julgamento da causa. Na ocasião, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, disse que a Bolívia não ganhou nada, porque o mérito da questão ainda não foi julgado.
A Bolívia perdeu o acesso ao mar para o Chile em um tratado de 1904, assinado depois da Guerra do Pacífico.