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EFEITOS DO TEMPORAL

- Publicada em 31 de Janeiro de 2016 às 23:02

Moradores protestam contra falta de luz na Capital

Grupo na José do Patrocínio queria chamar a atenção do poder público

Grupo na José do Patrocínio queria chamar a atenção do poder público


Fredy Vieira/JC
Quase 48 horas depois do fenômeno que atingiu a Capital na noite de sexta-feira, o cenário de destruição que tomou conta da cidade ainda assusta. Muitas árvores e galhos caídos, telhas soltas, janelas quebradas, cercas arrancadas e postes de luz dobrados ao meio são encontrados em praticamente todos os pontos da região central de Porto Alegre. É a segunda vez, em menos de seis meses, que um fenômeno climático como esse, quase impossível de ser previsto com antecedência, provoca ventos fortíssimos, causando estragos.
Quase 48 horas depois do fenômeno que atingiu a Capital na noite de sexta-feira, o cenário de destruição que tomou conta da cidade ainda assusta. Muitas árvores e galhos caídos, telhas soltas, janelas quebradas, cercas arrancadas e postes de luz dobrados ao meio são encontrados em praticamente todos os pontos da região central de Porto Alegre. É a segunda vez, em menos de seis meses, que um fenômeno climático como esse, quase impossível de ser previsto com antecedência, provoca ventos fortíssimos, causando estragos.
Uma das consequências do temporal é a falta de luz, que atingiu mais de 450 mil moradores da Capital. Até às 22h de domingo, 53 mil clientes sendo 50 mil em Porto Alegre ainda aguardavam o restabelecimento do serviço. No total, 1,5 mil trabalhadores da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), divididos em 110 equipes, atuavam no conserto de postes e fios elétricos.
A espera causou indignação em moradores da Cidade Baixa. A energia caiu durante o temporal, na noite de sexta-feira, e até metade da tarde de domingo ainda não havia retornado. Para tentar chamar a atenção do poder público, os moradores bloquearam o tráfego com galhos e organizaram um churrasco na rua José do Patrocínio, que foi fechada pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).
A empresária Simone Nabais, de 39 anos, e a estudante Clarissa Cavalli, de 38, são algumas das pessoas prejudicadas pela falta de energia. Elas contam que uma árvore enorme caiu em cima do carro de um dos funcionários de Simone. "Os agentes da CEEE vinham, davam uma olhada e iam embora. Diziam que não podiam fazer nada enquanto a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) não recolhesse a árvore. Decidimos, então, removê-la nós mesmos e usamos uma motosserra para dividi-la em pedaços. Agora, a Smam só precisa recolher", contou Simone, proprietária do bar Villa Acústica. Como a luz ainda não tinha retornado, Simone não conseguia calcular o prejuízo sofrido pelo bar. "Pegamos a comida e decidimos fazer o churrasco para aproveitar. Mas meu telhado foi todo danificado, isso já sei que precisarei consertar", lamenta a proprietária.
Além dos transtornos causados pela falta de luz, aumentou o clima de insegurança. "No sábado à noite, estava um breu. Ficamos do lado de fora da casa, porque não tinha luz, nada para fazer lá dentro, mas passaram por nós avisando que era para tomarmos cuidado, pois estavam fazendo arrastão", relatou Clarissa.
Uma das vítimas do arrastão foi Gildo Dill, de 47 anos, proprietário do Tchê Bauru, também localizado na José do Patrocínio. Apesar de ter conseguido salvar boa parte do estoque de alimentos, que foi transferido para a residência de Dill, o restaurante foi invadido no sábado à noite. No domingo à tarde, sofreu nova tentativa. "Levaram comida, fardos de refrigerante e cerveja. Por sorte, não tinha dinheiro aqui", comentou. Dill estima que terá um prejuízo de, pelo menos, R$ 500,00.
A publicitária Dulce Cardoso, de 50 anos, que mora na Cidade Baixa há 20 anos, nunca tinha visto algo igual. "Nunca tínhamos tido um fenômeno como esse na cidade. Por isso, é preciso compreensão. Acho que os moradores se irritaram porque ninguém apareceu para dar uma previsão de retorno", comentou. Morador do bairro Meninos Deus há dez anos, o aposentado Luiz Freitas, de 55 anos, não sofreu tanto com a falta de luz. "A energia voltou pelas 13h de sábado. Agora, estamos sem televisão a cabo, sem internet, essas coisas. Acho que o maior impacto foi sofrido aqui no Menino Deus mesmo", comentou. Freitas lamenta que a prefeitura não tenha removido alguns tipos de vegetação na região. "Esse tipo de árvore, as tipuanas, ficam cheias de cupim. Tornam-se ocas. A prefeitura vistoriou, mas só colocaram uma etiqueta e deixaram ali. Agora, vemos as consequências", ressaltou.
Moradores das ilhas de Porto Alegre também deixaram claro seu descontentamento. A BR-290 ficou bloqueada durante parte da tarde de domingo, no quilômetro 98, devido a um protesto dos residentes da região, que também sofriam com a falta de luz e de água.

Hospitais garantem regularizar atendimento até quarta-feira

Embora consultas e cirurgias eletivas tenham sido remarcadas pelo corte de água e de luz em hospitais, o secretário municipal adjunto da Saúde, Jorge Cuty, garante que o funcionamento estará normalizado na quarta-feira. Depois de terem ficado algumas horas sem energia e sem água, o abastecimento dos hospitais da Capital já estava se normalizando no final da tarde de domingo. Algumas instituições, como o Hospital de Clínicas, a Santa Casa e o Instituto de Cardiologia ainda enfrentavam restrições no atendimento de emergência no domingo à noite. No Clínicas, houve danos e alagamentos na emergência, no bloco cirúrgico e no centro obstétrico.
O secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, esteve presente na reunião realizada no domingo à tarde, no Centro Integrado de Comando da Capital (Ceic). Ele garantiu que, se ainda houvesse problemas no abastecimento de água na segunda-feira pela manhã, a prefeitura de Porto Alegre disponibilizaria caminhões-pipa.
"Pedimos que a população evite procurar os hospitais. Quem mora no Interior e estiver vindo a Porto Alegre para alguma consulta, se puder esperar até quarta-feira, espere. Até lá, todo o funcionamento já estará normalizado."
Gabbardo e Cuty também comemoraram a ausência de feridos graves depois da tempestade. Na sexta-feira à noite, os hospitais contabilizaram 155 atendimentos, mas nenhum caso que oferecesse perigo à vida do paciente.