Confira histórias de quem usou a criatividade, o planejamento e a confiança, diante de um orçamento escasso, para se sentir realizado ou mesmo criar um empreendimento de sucesso

Como começar um negócio com até R$ 10 mil


Confira histórias de quem usou a criatividade, o planejamento e a confiança, diante de um orçamento escasso, para se sentir realizado ou mesmo criar um empreendimento de sucesso

Só R$ 200. Essa foi a quantia despendida, em abril de 2013, pelas sócias Kelen Nascimento e Paula Ananda para criar a própria empresa, a Sopa das Gurias. A ideia é relativamente simples: produzir e entregar sopas, como diz o nome.
Só R$ 200. Essa foi a quantia despendida, em abril de 2013, pelas sócias Kelen Nascimento e Paula Ananda para criar a própria empresa, a Sopa das Gurias. A ideia é relativamente simples: produzir e entregar sopas, como diz o nome.
Mesmo com pouco investimento, o negócio se tornou lucrativo. Em 2015, a empresa expandiu 150% e chegou, pela primeira vez, num faturamento próximo dos R$ 500 mil. Com um crescimento tão rápido, qual é a meta para os próximos anos? "Faturar R$ 1 milhão por mês", gargalha Kelen.
Tá bom, ela sabe que não é assim tão simples. Acontece que o empreendedorismo está no sangue e, por isso, nada parece impossível. "Tem muito empreendedor que tem esse tino de farejar qual é o próximo passo e enxergar oportunidades", comenta Paulo Bruscato, gerente da regional metropolitana do Sebrae-RS.
Amigas há anos, Kelen e Paula eram professoras. Derante o recesso escolar, elas mantinham um café na Guarda do Embaú, no litoral catarinense. Foi lá que tomaram uma sopa deliciosa que inspirou o delivery. "A gente queria criar em Porto Alegre uma alimentação que não fosse pesada, mas natural e saudável", lembra.
Para dar um diferencial ao cardápio, elas utilizaram receitas buscadas na França e em Portugal. No início, as refeições eram preparadas na cozinha das sócias e vendidas por encomenda para amigos e conhecidos. Para ajudar nos pedidos, a dupla criou uma página no Facebook.
À medida que o dinheiro entrava no caixa, elas investiam no negócio. No começo, a empresa vendia aproximadamente 3 litros de sopa por dia. Hoje são mais de 200 litros.
Mas nem tudo foram flores. No verão de 2014, as vendas despencaram vertiginosamente. "Aqui no Sul a não se tem muito costume de tomar sopa quente no inverno", explica Kelen. O negócio ficou fechado de janeiro a abril, quando voltaram com um espaço próprio no bairro Santana. Além de servir de base para a produção, o local podia receber os clientesque não optavam pelo delivery.
Com a chegada do verão seguinte, as duas tiveram a ideia de vender sopa detox. Com o auxílio de uma nutricionista, elaboraram as receitas que são vendidas em combos com dez refeições congeladas.
O pacote, segundo Kelen, serve principalmente para quem faz dieta. Cada combo custa R$ 120 - pouco mais da metade do que investiram no princípio. A estratégia deu tão certo que virou padrão na empresa até mesmo no inverno - respondendo por quase todo o faturamento.
Hoje, a Sopa das Gurias é tocada apenas por Kelen. Paula saiu da sociedade, mas deve voltar em breve como responsável pelo setor de vendas. A empresa também está em preparação para desembarcar em Portugal, por meio de licenciamento de marca, e finaliza a estruturação do plano de expansão por franchising. "Será uma franquia de baixo investimento, no máximo R$ 30 mil, mas com muito retorno", promete Kelen.
A Sopa das Gurias também mudará de endereço. "A nova sede será no bairro Santo Antônio, onde teremos uma cozinha mais ampla para produzir mais".

Carne queimada nunca mais

A Espetoflex surgiu em 2011, após uma desagradável experiência do fundador, Luciano Kaefer. "Um dia, eu saí rapidinho para ir à praia e deixei a carne assando na churrasqueira rotativa. Quando voltei, tinha faltado luz, e o churrasco torrou no espeto parado", lembra.
Inquieto, o ex-fazendeiro dedicou alguns dias para resolver o problema. Pensou num espeto movido à pilha. Como não havia nada semelhante no mercado, precisou também inventá-lo. Só que o projeto, incomum, era desencorajado por amigos e fabricantes. "As pilhas iriam explodir" ou "o motor não vai dar conta", eles diziam. Mesmo assim, Kaefer utilizou os conhecimentos em eletrônica e desenvolveu a engenhoca. Quando viu que a ideia havia dado certo, assando um churrasco para lá de bom, ele decidiu dar outro passo e transformar a inovação em negócio.
Com um investimento inicial de R$ 10 mil, Kaefer terceirizou a fabricação de 100 espetos giratórios movidos à pilha para ver a aceitação do público. Para sua surpresa, vendeu tudo em 15 dias. Com o retorno do capital, ele reinvestiu para abrir a Espetoflex - que atualmente conta com duas fábricas, uma loja física e outra virtual.
Cada espeto aguenta até seis quilos de carne e utiliza quatro pilhas AA, inseridas dentro do cabo, que rendem 60 horas de autonomia. Segundo Kaefer, a empresa vende 5 mil peças por mês e, em 2015, chegou ao faturamento de R$ 4 milhões. Para quem compra o espeto, que custa R$ 169,90, ele ainda dá cinco anos de garantia. "Nem montadora dá uma garantia dessas", exclama. "Faço isso porque confio no meu produto. Um cliente bem-tratado nos traz outros 50."
 

Lentes apuradas

Em janeiro, a artista visual Marisa Grahl, 53 anos, completou três à frente da empresa que carrega seu nome. O desenvolvimento começou em 2009, quando foi admitida por um estúdio de fotos de gestantes e bebês.
À medida que ganhava confiança e prática, o sonho de ter um negócio se tornava mais real. Marisa tinha uma lista do que precisava: câmera, lente, fundo infinito, computador e programas de edição. O capital inicial era economizado no bolso de um casaco: R$ 5 mil. Foi quando saiu do estúdio e deu start na Marisagrahl Photos.
Com a ajuda do marido, Elton Saucedo, a empresa faz cobertura de eventos e fotos de família - além de videoclipes, em parceria com a Morning Filmes, empresa do filho Daniel. Em 2015, a demanda aumentou 50%, e o faturamento cresceu três vezes. "Os resultados mostram que conseguimos consolidar nossa marca", diz Marisa.

Planejamento certeiro

O arquiteto Christian Machado, 36 anos, decidiu fugir do comum: em vez da construção, apostou em design industrial. Segundo ele, o atual cenário econômico levou as fábricas a investirem em soluções internas não só para criar novos produtos, mas para redesenhar e melhorar a performance de linhas existentes.
A Olhar 180° começou em 2011, com contrapartida de R$ 7 mil. A empresa, no entanto, só foi operar mesmo em 2013. "Nos dois primeiros anos, fiquei fazendo mais consultoria", explica Machado. Com sede no bairro Tristeza, em Porto Alegre, a empresa atende a sete contratos - cinco na região de Caxias do Sul.
Com o novo software de modelagem adquirido em dezembro passado, o arquiteto garante que irá fortalecer as operações na Capital e na Serra, e prepara a chegada da empresa no Rio de Janeiro. "Nossa meta é duplicar a carteira de clientes até o final de 2016", projeta.
 

Hospedagem colaborativa

O topógrafo Francisco Witt, 26 anos, teve uma ideia com a ex-namorada: alugar o apartamento de um deles durante a Copa de 2014. O anúncio foi feito pelo site e aplicativo de hospedagem Airbnb. Resultado: em 15 dias, o casal faturou R$ 10,5 mil. O romance não seguiu adiante, mas o envolvimento de Witt na chamada economia compartilhada, sim. Hoje, ele divide os ganhos do Airbnb com um amigo - que entrou no negócio com o apartamento; Witt é dono dos móveis.
Além disso, o topógrafo aluga - somente para estudantes - dois dos três quartos do imóvel onde mora, no Centro de Porto Alegre. Para isso, investiu R$ 4 mil - principalmente com a compra de paletes, mesa de estudo e roupas de cama. "Não tenho grandes lucros com a estadia, até porque tenho emprego fixo, mas gasto pouco do meu bolso para manter a casa e ainda posso fazer amizades e aprender uma nova língua", diz o anfitrião.
 

>> Microfranquias podem ser opção

Para quem quer empreender com no máximo R$ 10 mil, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) dá outra dica: microfranquias. “De forma geral, são franquias de serviços não muito complexas e com alta organização”, explica Fabiana Estrela, diretora da Regional Sul da ABF. Confira no site do GeraçãoE as 10 microfranquias mais baratas para você investir

>> Como viabilizar um negócio com pouco investimento?

O gerente Paulo Bruscato, do Sebrae-RS - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Sul, explica que o baixo capital pode até limitar o start do empreendimento, mas que não dita o sucesso ou o fracasso da empresa. "Por isso pedimos que o primeiro passo seja a estruturação do plano de negócios", diz. A seguir, ele compartilha 10 sugestões para os empreendedores.
  1. Priorize tudo que for urgente e importante para os resultados
  2. Faça parcerias para compartilhar e permutar serviços com outras empresas
  3. Corte supérfluos, analise cada despesa e defina um percentual-alvo para reduzir
  4. Priorize pagamentos que impactam o funcionamento da empresa
  5. Crie uma nova promoção a cada mês
  6. Defina metas atingíveis com premiações ao realizá-las
  7. Procure oportunidades de prospectar clientes e aumentar as vendas
  8. Compare juros, prazos, taxas e exigências ao buscar dinheiro emprestado
  9. Use meios eletrônicos (cartões de crédito e débito) para parcelar as vendas
  10. Pesquise com frequência novos produtos ou matérias-primas