Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Indústria

- Publicada em 28 de Janeiro de 2016 às 23:08

Setor metalmecânico fecha mais de 14 mil empregos em dois anos

 eco da esquerda para direita Odacir Conte, diretor do Simecs; Getulio Fonseca, e rogério Gava, consultor econômico do Simecs     crédito Simecs divulgação

eco da esquerda para direita Odacir Conte, diretor do Simecs; Getulio Fonseca, e rogério Gava, consultor econômico do Simecs crédito Simecs divulgação


SIMECS/DIVULGAÇÃO/JC
Pelo segundo ano consecutivo, a atividade metalmecânica de Caxias do Sul acumulou perdas em seu faturamento. No ano passado, na comparação com 2014, o declínio foi de 28,9%, consolidando valor pouco acima de R$ 13,6 bilhões. Em 2014, as empresas totalizaram R$ 18,7 bilhões, queda de 16,5% em relação ao ano anterior. Em dois exercícios, o recuo soma 40,7%.
Pelo segundo ano consecutivo, a atividade metalmecânica de Caxias do Sul acumulou perdas em seu faturamento. No ano passado, na comparação com 2014, o declínio foi de 28,9%, consolidando valor pouco acima de R$ 13,6 bilhões. Em 2014, as empresas totalizaram R$ 18,7 bilhões, queda de 16,5% em relação ao ano anterior. Em dois exercícios, o recuo soma 40,7%.
O faturamento de 2015 foi o menor da última década. O pior, até então, havia sido o ano de 2006, com R$ 16,6 bilhões. Se comparar o valor do ano passado com o de 2010, que ficou acima de R$ 23,6 bilhões, o melhor da última década, a queda chega a 43%. Os resultados foram apresentados pela diretoria do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs).
Para 2016, a situação não deve se alterar. O presidente da entidade, Getulio Fonseca, projeta faturamento semelhante. "Não acreditamos em nova queda, mas também não vislumbramos recuperação", acrescentou. Para o dirigente sindical, o setor deve iniciar lenta reação no segundo trimestre em razão das definições do Bndes, neste mês, quanto aos juros, prazos e limites de financiamentos. "As empresas fornecedoras já estão recebendo programações por parte das grandes indústrias", revelou. O dirigente também crê em melhora gradual e consistente das exportações.
A queda vertiginosa nas vendas das indústrias locais teve efeito devastador no mercado de trabalho. O setor metalmecânico fechou o ano passado com estoque de 36.998 empregos formais, recuo de 20% na comparação com 2014. Em números absolutos, foram fechadas 9,2 mil vagas.
Quando a análise se estende para dois anos, o número se eleva para a perda de 14,5 mil empregos. Tomando como referência o mês de julho de 2013, quando o setor somou 53.473 vagas, o maior número desde janeiro de 2010, o índice de queda chega a 40%, ou seja, 16.475 empregos a menos.
A situação se torna dramática na medida em que as possibilidades de recuperação dos empregos perdidos são praticamente nulas. De acordo com Getulio Fonseca, as empresas estão investindo na automatização como forma de melhorar a produtividade e ganhar em competitividade.
"Haverá reinserção de parte destes empregos, mas que serão, necessariamente, ocupados por pessoal qualificado", alertou o empresário.

Encerramento da Robertshaw indica necessidade de mudanças

O fechamento da unidade local da Robertshaw, com a transferência das linhas de produção para Manaus (AM), mereceu análise contundente do presidente do Simecs, Getulio Fonseca. Segundo ele, é preciso revisar a matriz econômica da cidade, mantendo foco no segmento metalmecânico, mas diversificando as áreas de atuação.
"Não dá mais para ficar batendo ferro ou ensinar as pessoas a assentar tijolos. É preciso vislumbrar a construção de uma catedral", comparou, ao destacar o surgimento da indústria 4.0, com empresas plugadas. "O celular é que vai orientar o funcionamento das empresas. As mudanças num projeto serão feitas por meio on-line, mesmo que o item já esteja em produção pelo fornecedor", alertou.
De acordo com Fonseca, o fechamento da fábrica da Robertshaw é uma situação que se tornará cada vez mais comum se não houver a disposição para o entendimento. Ele afirmou que se trata de um perfil de empresa que trabalha com margens de centavos de dólar. "Diante de qualquer elevação de custo, por menor que seja, não há mais margem, e a orientação da matriz não considera a história da empresa, o que vale é o resultado. E foi o que houve com a Robertshaw."
O presidente do Simecs destacou que, em Manaus, os salários serão 20% menores, haverá incentivos, menor pressão dos custos de logística, que chegam a 20% na região, bem como da atuação sindical ou a burocracia do Estado, que demorou dois anos para renovar a licença de operação da unidade. "É uma perda muito grande, pois era uma empresa para o primeiro emprego, para iniciantes, que usava mão de obra intensiva e gerava renda para quem tinha pouca qualificação", desabafou.

Sindicato dos Metalúrgicos apelará ao governo federal

 eco Robertshaw 2 crédito  Uliane da Rosa divulgação

eco Robertshaw 2 crédito Uliane da Rosa divulgação


ULIANE DA ROSA/DIVULGAÇÃO/JC
Na manhã desta quinta-feira, o Sindicato dos Metalúrgicos foi até a Robertshaw para verificar o andamento do anúncio do fechamento da empresa. Um cartaz no portão informava que os funcionários deveriam se dirigir ao ginásio. Assis Melo, presidente da entidade, reuniu os trabalhadores em frente à fábrica para informá-los sobre os encontros que ocorreram na quarta-feira, na prefeitura, com representantes da empresa e o prefeito Alceu Barbosa Velho. Assis orientou os trabalhadores a não assinarem as rescisões até que ocorra a audiência de mediação, com representantes da empresa, através do Ministério do Trabalho.
Segundo o dirigente sindical, existem algumas situações que precisam ser esclarecidas. "Precisamos saber as razões que levaram ao fechamento da unidade. Não é simplesmente chegar aqui, assinar as rescisões e está tudo resolvido. Isso não é ser uma empresa responsável", criticou.
Segundo nota do sindicato, o procurador da Robertshaw, Wilson Muniz, confirmou investimentos em Manaus e ressaltou que não há mais máquinas na empresa. "A empresa aportará R$ 60 milhões em Manaus nos próximos três anos. Estamos estudando um produto novo. A fábrica de Caxias não tem mais condições de receber os trabalhadores, não há mais máquinas lá."
De acordo com Assis Melo, há inúmeras questões envolvendo a Robertshaw que devem ser elucidadas. "Há mudança de CNPJ, solicitação nos órgãos públicos para ampliação da unidade de Manaus, uma portaria de setembro que beneficiaria a empresa com recursos e incentivos recebidos pela Zona Franca."