Ao retornarem nesta quinta-feira de um período de férias coletivas de 10 dias, os cerca de 600 trabalhadores, a maioria mulheres, da Robertshaw do Brasil, em Caxias do Sul, receberão o comunicado oficial de fechamento da unidade, assunto que vinha sendo tratado nos bastidores há pelo menos dois anos. A confirmação foi feita na tarde de ontem, durante encontro da diretora de recursos humanos da empresa no Brasil, Kecy Ceccato, com lideranças empresariais, políticas e de trabalhadores, no gabinete do prefeito Alceu Barbosa Velho. A unidade local tem mais de 50 anos de existência e produz termostatos e componentes eletrônicos para diferentes segmentos industriais.
Por meio de nota oficial, a direção do grupo informou que a desativação em Caxias do Sul decorre de um processo de consolidação mundial. O objetivo, segundo o comunicado, é concentrar as atividades em poucas unidades industriais, seguindo o que já foi feito em outros países onde a companhia atua, visando ganhos em produtividade, otimização de investimentos e aproveitamento de sinergias. As unidades de Vacaria (RS) e Manaus (AM) continuarão operando normalmente. A empresa não deu detalhes de como se dará o processo de descontinuidade da linha de produção, nem qual o destino do imóvel localizado em área muito próxima ao Centro de Caxias do Sul. A operação industrial era motivo de reclamação dos moradores das proximidades.
Ao longo da quarta-feira ocorreram duas reuniões na tentativa de alterar a decisão. Pela manhã, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, Assis Melo, reuniu-se com o prefeito, quando expôs a situação e pediu auxílio. Para o sindicalista, o objetivo da empresa em fechar a unidade é lucrar mais. "É possível que digam que vão fechar a empresa por causa da crise. Mas não é. Eles querem um novo lugar onde possam lucrar ainda mais", enfatizou. Também disse que, ao longo dos últimos dias, o sindicato recebeu denúncias sobre o fechamento da Robertshaw, fato que sempre teria sido desmentido pelos representantes da empresa.
À tarde, a executiva Kecy Ceccato foi à prefeitura para reunião com o prefeito e demais lideranças. Segundo material liberado pela assessoria de imprensa da administração municipal, a diretora comunicou que a decisão do encerramento das atividades da unidade, que tem 90% de sua produção em termostatos, foi tomada a nível mundial. "Há um ano, comunicamos os colaboradores dessa decisão. Trabalhamos muito, inclusive para manter a empresa no Brasil", contou. "Infelizmente, é uma decisão irreversível e me cabe comunicar isso a todos", afirmou. Ela garantiu a assistência a todos os colaboradores que serão dispensados. A produção de termostatos, segundo informações da prefeitura, já foi transferida para a unidade de Manaus.
A assessoria do sindicato dos metalúrgicos, em nota, informou que, na reunião, o funcionário Paulo Cesar Almeida relatou que, em 2015, a empresa teria comunicado o fim da produção do termostato, mas assegurado que novo produto seria desenvolvido. "É uma surpresa para nós. Eles garantiram que permaneceriam aqui", disse o funcionário, segundo o conteúdo da entidade sindical. A Robertshaw é líder global na fabricação de componentes, sistemas e serviços utilizados na indústria de eletrodomésticos e em sistemas de aquecimento, ar-condicionado e refrigeração, para os mercados residenciais e comerciais. Emprega cerca de 4.800 pessoas, atua em 12 países e tem sede em Carol Stream (EUA).