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Agronegócios

- Publicada em 10 de Janeiro de 2016 às 21:14

Safra de uva pode ter queda superior a 30%

Apenas 140 horas com temperatura abaixo de 7,2 graus comprometeram os parreirais

Apenas 140 horas com temperatura abaixo de 7,2 graus comprometeram os parreirais


CASSIUS ANDRÉ FANTI/DIVULGAÇÃO/JC
Após a safra recorde do ciclo passado, quando foram obtidos 702,9 milhões de quilos, a tendência aponta para forte queda na produção de uva em 2015/2016 no Rio Grande do Sul. As variedades precoces, como Niágara e Vênus, estão em fase final de colheita e devem ter perdas na casa dos 30% na produtividade. Os parreirais mais tardios, colhidos até março, inevitavelmente também produzirão um volume menor, mas ainda podem recuperar a qualidade, que depende das condições climáticas nos últimos 15 dias de desenvolvimento. O Estado tem, atualmente, 44 mil hectares plantados, sendo que 38 mil estão nas regiões da Serra e Campos de Cima.
Após a safra recorde do ciclo passado, quando foram obtidos 702,9 milhões de quilos, a tendência aponta para forte queda na produção de uva em 2015/2016 no Rio Grande do Sul. As variedades precoces, como Niágara e Vênus, estão em fase final de colheita e devem ter perdas na casa dos 30% na produtividade. Os parreirais mais tardios, colhidos até março, inevitavelmente também produzirão um volume menor, mas ainda podem recuperar a qualidade, que depende das condições climáticas nos últimos 15 dias de desenvolvimento. O Estado tem, atualmente, 44 mil hectares plantados, sendo que 38 mil estão nas regiões da Serra e Campos de Cima.
A retração é explicada por pelo menos cinco motivos, segundo o assistente regional em fruticultura da Emater de Caxias do Sul, Enio Todeschini. Em primeiro lugar, a superprodução recém-obtida coloca as plantas em alternância fisiológica, esgotando sua produtividade por um período. Em segundo lugar, o ano foi de pouco frio no Rio Grande do Sul. Segundo os registros da Embrapa, a média histórica de 410 horas com temperaturas abaixo de 7,2 graus ficou muito longe de ser alcançada em 2015: foram apenas 140 horas com esses índices. Além disso, quando apareceram, em meados de setembro, as geadas atrapalharam, pois atingiram os parreirais já brotados.
"Além disso, as chuvas intensivas e frequentes na fase de floração causaram baixa fecundação e o abortamento de flores. Outro fator que atrapalhou foi a incidência do míldio, doença que ainda está derrubando bagas e diminuindo a sanidade das folhas. Todos esses fatores levam a um quadro de menos volume do que no ano passado", explica Todeschini.
Os problemas climáticos e a desvalorização do real frente ao dólar, conforme o engenheiro agrônomo da Emater, fizeram os custos de produção mais que dobrarem, pois foi necessário aplicar maior quantidade de fungicidas importados. "A oferta baixa, por outro lado, ainda deve garantir retorno pelo preço", completa.
Para o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho João Carlos Taffarel, ainda que seja necessário esperar para se ter uma ideia mais clara a respeito da produção, a quebra pode ultrapassar os 50%. "A análise depende de cada localidade e do clima em janeiro e fevereiro, mas não descartamos a possibilidade de perder metade da safra", lamenta. Nesse cenário, as variedades precoces foram as mais afetadas até o momento. No caso das tardias, como a Isabel - maior área plantada, com 12 mil hectares - e a Bordô, colhidas no final de janeiro e em fevereiro, respectivamente, ainda é possível obter, ao menos, boa qualidade.
Com a escassez de uva no mercado, a indústria deve trabalhar com seu estoque regulador, conforme o presidente do Sindicato da Indústria do Vinho (Sindivinho-RS), Gilberto Pedrucci.
"A maioria das empresas está preparada para enfrentar uma situação como essa de quebra na safra. Ainda assim, haverá certa disputa pela matéria-prima, já que a variação na oferta deve ser mais alta que a normal em 2016, e existem casos isolados de indústrias que estão sem e que deverão comprar uvas para além dos seus fornecedores", avalia.

Redução de impostos deve segurar preços, avalia indústria

Vinícolas aguardam pela solução das distorções tributárias

Vinícolas aguardam pela solução das distorções tributárias


CASSIUS ANDRÉ FANTI/DIVULGAÇÃO/JC
Na visão do diretor executivo Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), Darci Dani, o ano de 2015 ficou marcado por algumas conquistas do setor, principalmente na questão tributária. Entre elas, o avanço no enquadramento das pequenas vinícolas no Simples Nacional e na redução da alíquota média de IPI, medidas que devem ser confirmadas em 2016. "Quanto ao aumento da carga tributária no Rio Grande do Sul, estamos em tratativas com o governo estadual para que possamos minimizá-la. Portanto, podemos dizer que o ano se encerra da melhor forma possível", afirma Dani.
A inclusão no regime do Simples teve voto favorável da relatora do processo, a senadora Marta Suplicy, e este será encaminhado à votação em breve. Caso aprovada, a medida beneficiará 90% dos produtores. No que se refere ao IPI, a matéria também está no Senado Federal, com possibilidade de redução da taxa dos atuais 10% para 6% a partir de janeiro de 2016 e, em seguida, para 5% em 2017. "Impostos ainda são nosso pior gargalo. Mas, aparadas algumas arestas, ao longo do próximo ano, essas duas questões devem ser aprovadas, corrigindo uma injustiça tributária com o setor", projeta o presidente do Sindivinho-RS, Gilberto Pedrucci.
Na avaliação das duas entidades, o Sindivinho e a Agavi, 2015 também foi positivo na comercialização, com crescimento nas vendas de vinhos, espumantes e sucos de uva. A promoção dos vinhos e espumantes nacionais, por exemplo, assim como o dólar elevado, ajudaram o setor a aumentar sua competitividade com os produtos importados. Por outro lado, de acordo com Pedrucci, o aumento do preço mínimo da uva e de custos com garrafas e outros insumos estão fazendo com que a indústria diminua suas margens. "Por isso, a importância das mudanças tributárias. Nosso objetivo é aprová-las em 2016 para segurar o preço em 2017", completa.