Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Política Cambial

- Publicada em 06 de Janeiro de 2016 às 22:16

Banco Central perde quase R$ 90 bilhões em swap

Maior perda anual com os leilões, até então, havia sido de R$ 17,3 bi

Maior perda anual com os leilões, até então, havia sido de R$ 17,3 bi


JUNG YEON-JE/AFP/JC
Com a disparada do dólar no ano passado, o Banco Central registrou perda recorde com as operações de swap cambial. De acordo com dados atualizados pela instituição, o prejuízo com esses leilões em 2015 alcançou R$ 89,657 bilhões pelo resultado caixa e R$ 102,628 bilhões pelo desempenho competência. Desde que começou a oferecer esse tipo de operação ao mercado, em 2002, o rombo nunca foi tão grande para a autoridade monetária. A maior perda anual com os leilões, até então, havia sido registrada em 2014, de R$ 17,3 bilhões.
Com a disparada do dólar no ano passado, o Banco Central registrou perda recorde com as operações de swap cambial. De acordo com dados atualizados pela instituição, o prejuízo com esses leilões em 2015 alcançou R$ 89,657 bilhões pelo resultado caixa e R$ 102,628 bilhões pelo desempenho competência. Desde que começou a oferecer esse tipo de operação ao mercado, em 2002, o rombo nunca foi tão grande para a autoridade monetária. A maior perda anual com os leilões, até então, havia sido registrada em 2014, de R$ 17,3 bilhões.
O swap é uma arma que o BC possui para evitar volatilidade brusca no mercado de dólares. A instituição alega que o objetivo desse instrumento não é o de controlar a cotação da moeda, já que no País funciona o regime de câmbio flutuante. Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado no final do ano passado, o presidente do BC, Alexandre Tombini, chegou a argumentar a parlamentares mais críticos que tanto isso é verdade que o dólar teve valorização de mais de 30% em 2015.
O resultado das operações de swap por competência inclui ganhos e perdas ocorridos no mês, independentemente da data de liquidação financeira. A liquidação financeira desse resultado (caixa) ocorre no dia seguinte, em D 1. Ao longo de 2014, o BC teve perdas de R$ 17,329 bilhões com a oferta desse hedge ao mercado. Em 2013, o BC acabou registrando prejuízo com os leilões de swap da ordem de R$ 1,315 bilhão. Já em 2012, entraram para o caixa da autarquia R$ 1,098 bilhão.
Apenas em dezembro, o BC teve perdas de R$ 7,794 bilhões com os leilões pelo resultado caixa. Essa marca diminuiu bastante, já que, até uma semana antes do encerramento do mês, o prejuízo estava em R$ 20,5 bilhões. Pelo resultado competência, o rombo do BC ficou em R$ 4,205 bilhões no mês passado. Em setembro, as perdas somaram R$ 38,6 bilhões (resultado caixa), o maior volume mensal de prejuízo da instituição com esse tipo de operação desde 2002. Em setembro, mês em que o Brasil perdeu o selo de bom pagador pela primeira agência de classificação de risco, o dólar havia registrado alta de 9,39%.
Em contrapartida ao prejuízo de 2015, causado efetivamente pelo comportamento do dólar, o BC obteve ganho de rentabilidade com a administração das reservas internacionais de R$ 18,367 bilhões em dezembro pelo mesmo motivo. Entram nesse cálculo ganhos e prejuízos com a correção cambial, a marcação a mercado e os juros. O resultado líquido das reservas, que é a rentabilidade menos o custo de captação, ficou positivo em R$ 3 bilhões no mês passado. No ano, o saldo segue positivo em R$ 259,973 bilhões.
Com isso, para o BC, o resultado das operações cambiais ficou no vermelho em R$ 1,204 bilhão em dezembro. Em novembro, os ganhos foram de R$ 2,486 bilhões. Em outubro, as perdas somaram R$ 30,437 bilhões. Em setembro, havia ficado no azul em R$ 66,595 bilhões. No ano, essa soma está positiva em R$ 157,345 bilhões.
O BC sempre destaca que, tanto em relação às operações de swap cambial quanto à administração das reservas internacionais, a autarquia não visa ao lucro, mas fornecer hedge ao mercado em tempos de volatilidade e manter um colchão de liquidez para momentos de crise.

Banco Central tem autonomia para gerir política monetária, diz Barbosa

O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que o Banco Central tem autonomia para administrar a taxa de juros com a finalidade de controlar a inflação. Após reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, Barbosa foi questionado se o governo faz negociação com a autoridade monetária para que a taxa, hoje em 14,25% ao ano, não continue subindo.
"O Banco Central tem toda a autonomia para administrar a política monetária, especialmente a taxa de juros, da maneira adequada para controlar a inflação. Sobre isso eu não tenho nenhum comentário a fazer", disse.
Barbosa afirmou que o encontro com o presidente do Supremo - o primeiro desde que assumiu o comando da Fazenda - foi para retomar os trabalhos de cooperação entre o Executivo e o Judiciário na área fazendária. Segundo ele, foram retomadas as conversas entre os dois Poderes sobre a cooperação na execução da dívida ativa. "Para melhorar a execução fiscal, para agilizar e desburocratizar para o contribuinte e também para possibilitar uma arrecadação maior e mais eficiente da dívida ativa", explicou.
De acordo com o ministro, o governo está constantemente acompanhando processos que tramitam no STF com grande impacto fiscal. "Mas isso não foi objeto dessa primeira reunião", ponderou.

Entrada de dólares superou saída em US$ 9,4 bilhões no ano passado

A entrada de dólares no Brasil superou a saída em US$ 9,4 bilhões em 2015, ano em que a moeda norte-americana acumulou alta próxima a 50%. O resultado positivo se deu após dois anos seguidos de saídas líquidas.
A fuga de recursos no ano passado foi evitada, principalmente, por dois fatores. O primeiro foi um saldo positivo de US$ 25,5 bilhões nas operações de comércio exterior, incluindo exportações, importações e financiamentos para esses negócios.
Essa entrada mais que compensou o saldo negativo de US$ 16,1 bilhões em operações financeiras, como investimentos estrangeiros, remessas de lucro e gastos com viagens ao exterior.
Também teve efeito sobre o câmbio a forte atuação do BC por meio da negociação de contratos de swap cambial. As intervenções, no entanto, geraram uma perda de R$ 89,6 bilhões, valor que é apurado em moeda nacional e que acabou contribuindo para aumentar a dívida pública.
Dados já apresentados pelo BC mostram que 80% dos mais de US$ 100 bilhões em contratos de câmbio estão nas mãos de empresas que têm dívidas ou custos atrelados à moeda estrangeira e de investidores estrangeiros que buscam proteção para não ter de deixar o País. Os outros 20% estão com fundos de investimento no Brasil.