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Indústria

- Publicada em 05 de Janeiro de 2016 às 22:13

Saída de japoneses gera incertezas no polo naval

Cerca de 5,5 mil funcionários trabalham no Estaleiro Rio Grande

Cerca de 5,5 mil funcionários trabalham no Estaleiro Rio Grande


ANTONIO PAZ/JC
Se o ano passado não foi dos melhores para a indústria naval, 2016 começa com notícias que trazem dúvidas e preocupações ao polo de Rio Grande. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, que a Jackson Empreendimentos (que já detém 70% de participação na Ecovix, companhia responsável pelo Estaleiro Rio Grande) compre os 30% das ações restantes dessa empresa, que estão nas mãos de uma associação, formada por cinco grupos japoneses, liderada pela Mitsubishi Heavy Industries. Também fazem parte do consórcio a MC Corporation, Imabari Shipbuilding, Namura Shipbuilding e Oshima Shipbuilding.
Se o ano passado não foi dos melhores para a indústria naval, 2016 começa com notícias que trazem dúvidas e preocupações ao polo de Rio Grande. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, que a Jackson Empreendimentos (que já detém 70% de participação na Ecovix, companhia responsável pelo Estaleiro Rio Grande) compre os 30% das ações restantes dessa empresa, que estão nas mãos de uma associação, formada por cinco grupos japoneses, liderada pela Mitsubishi Heavy Industries. Também fazem parte do consórcio a MC Corporation, Imabari Shipbuilding, Namura Shipbuilding e Oshima Shipbuilding.
Os asiáticos ingressaram como sócios na Ecovix em outubro de 2013, desembolsando uma quantia de aproximadamente US$ 300 milhões. Na prática, agora, a Jackson está retomando a totalidade das ações da Ecovix, mas até o momento não foram divulgados os valores envolvidos na transação. Especula-se que seriam bem abaixo do investimento feito pelo consórcio liderado pela Mitsubishi. Até o fechamento dessa edição, as empresas envolvidas na negociação, procuradas pela reportagem do Jornal do Comércio, não se manifestaram. Sobre a saída dos japoneses do empreendimento, o diretor da Fiergs Marcus Coester comenta que não chega a ser algo surpreendente, devido ao cenário de crise no mercado mundial de óleo e gás e o momento que passa o Brasil.
De acordo com o empresário, o "negócio de estaleiros" no País, quanto ao presente e futuro, envolve um grande ponto de interrogação, agravado pelos reflexos da Operação Lava Jato. Coester considera que a retirada dos asiáticos é devido a uma visão empresarial e deverá ter consequências na operação do estaleiro, já que aumenta o clima de incerteza.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte, Benito Gonçalves, destaca que a Mitsubishi injetava dinheiro no complexo e a ausência da companhia cria uma preocupação quanto à situação financeira. No entanto, o dirigente lembra que, no caso do Estaleiro Rio Grande, o Banco Brasil Plural assumiu a gestão da conta vinculada relativa ao contrato com a Petrobras para a construção dos cascos de plataformas de produção de petróleo tipo FPSOs (unidades flutuantes que produzem e armazenam petróleo) replicantes e isso implica um reforço quanto a recursos. O banco realizou em dezembro, no Rio de Janeiro, uma assembleia com credores onde pretende iniciar a equalização das dívidas do estaleiro.
Gonçalves adianta que os trabalhadores não aceitarão desculpas para eventuais atrasos de pagamentos ou de outros direitos e, se isso ocorrer, os funcionários voltarão a paralisar as atividades. No momento, segundo o sindicalista, são em torno de 5,5 mil pessoas atuando no Estaleiro Rio Grande, que está focado na implantação da plataforma P-69.
Apesar da empresa não estar se pronunciando atualmente, em fevereiro do ano passado, durante visita ao governador José Ivo Sartori, no Palácio Piratini, o presidente da Mitsubishi Heavy Industries no Brasil, Yoshihiko Aihara, afirmou que o Estaleiro Rio Grande enfrentava um problema crítico de caixa. O executivo não descartava a possibilidade de que o empreendimento pudesse entrar em processo de falência. No entanto, na ocasião, Aihara dizia não considerar a possibilidade da Mitsubishi vender sua participação no complexo.
O executivo ressaltou ainda que a "maior dor de cabeça" para as companhias japonesas participantes do estaleiro era que a Engevix (empresa vinculada ao grupo Jackson) era uma das mais contaminadas pelo escândalo desencadeado pela Lava a Jato.

Balanço do Sinaval aponta montagem das plataformas P-72 e P-73 na China

Inicialmente, o Estaleiro Rio Grande teria como encomendas, por parte da Petrobras, oito cascos FPSOs (P-66, P-67, P-68, P-69, P-70, P-71, P-72 e P-73), todos a serem feitos no Rio Grande do Sul. A P-66 foi entregue no final de 2014, a P-67 deixou o Estado em setembro de 2015 e a P-68 foi enviada para a China para ser implementada. A Ecovix ainda teria na sua carteira de serviços as plataformas P-69, P-70, P-71, P-72 e P-73. No entanto, segundo o documento "Cenário da construção naval - Balanço de 2015", publicado no mês passado pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), as duas últimas estruturas serão construídas na China.
Se forem confirmadas as realizações da P-72 e da P-73 na Ásia, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte, Benito Gonçalves, alerta que "será praticamente assassinar o setor naval aqui (em Rio Grande)". A Ecovix também tinha sido contratada pela empresa Sete Brasil para construir três navios-sonda (para perfuração de poços). Porém, de acordo com o trabalho do Sinaval, esse número teria caído para dois e uma fonte que acompanha o assunto não descarta que os pedidos desses empreendimentos sejam extintos devido às dificuldades financeiras enfrentadas pela Sete Brasil. O sindicato cita ainda que a empresa China Offshore Oil Engineering Corporation (Cooec) teria interesse em entrar como sócia no Estaleiro Rio Grande.