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Turismo

- Publicada em 03 de Janeiro de 2016 às 22:02

Argentinos em férias aumentam ocupação de hotéis na fronteira

Torres é uma das praias mais procuradas

Torres é uma das praias mais procuradas


MARCELO G. RIBEIRO/JC
O número de turistas argentinos que tem cruzado a fronteira desde novembro pela aduana de Uruguaiana, rumo às praias de Santa Catarina ou Litoral gaúcho, já supera em 26% o registrado no mesmo período do verão passado. A maioria (80%) vai para destinos como Bombinhas, Itapema e Camboriú, sendo que os que optam pelo Rio Grande do Sul preferem as praias de Capão da Canoa e Torres. A movimentação que ocorre desde dezembro e segue em hotéis de cidades gaúchas próximas aos países do Mercosul é considerada "atípica" por alguns empresários.
O número de turistas argentinos que tem cruzado a fronteira desde novembro pela aduana de Uruguaiana, rumo às praias de Santa Catarina ou Litoral gaúcho, já supera em 26% o registrado no mesmo período do verão passado. A maioria (80%) vai para destinos como Bombinhas, Itapema e Camboriú, sendo que os que optam pelo Rio Grande do Sul preferem as praias de Capão da Canoa e Torres. A movimentação que ocorre desde dezembro e segue em hotéis de cidades gaúchas próximas aos países do Mercosul é considerada "atípica" por alguns empresários.
O que muda em relação aos últimos anos é a desvalorização do real em relação ao peso, que tem atraído não somente os hermanos para o Sul do País, mas também muitos visitantes do Uruguai e do Paraguai. Mas não são somente as economias dos municípios de fronteira, como Santana do Livramento e Jaguarão, que estão se beneficiando da presença de turistas latinoamericanos. A hotelaria e comércio de cidades próximas, como Ijuí e Alegrete, também estão recebendo visitantes, que param para descansar por algumas horas em meio ao trajeto.
"Se o quadro se mantiver, teremos uma ótima temporada de verão", avalia o presidente do Conselho de Turismo da Fecomércio e do Sindicato da Hotelaria do Rio Grande do Sul (Sindihotel RS), Manuel Suarez. Ainda que a permanência dos turistas do Mercosul esteja ocorrendo por períodos curtos - um pernoite no caso dos argentinos, e dois a três dias, no caso dos uruguaios - o fluxo já é considerado um alento para o trade dos municípios de fronteira. "Em Santana do Livramento, há um volume considerável de freeshops (45 são de grande porte). No verão, o movimento nestes estabelecimentos é mais lento, e com a alta do dólar piorou. Estamos dependendo da chegada deste público, e também de alguns moradores de Florianópolis (SC), que costumam viajar neste período para descansar enquanto os turistas ocupam a cidade", comenta a diretora administrativa do Hotel Jandaia, em Santana do Livramento, Gládis Bertelli.
A aposta para atrair hóspedes latinos e também brasileiros tem sido distribuir panfletagem na Aduana de Riveira e nas agências de viagens de Santa Catarina, explica a gestora do Jandaia. Localizado a 200 metros dos principais freeshops da cidade e contando com 150 apartamentos, o hotel manterá diárias promocionais (a partir de R$ 80,00 por pessoa, incluindo café da manhã) durante o verão. Por enquanto, o volume de reservas feitas pelos hermanos cresceu 15% - cerca de 25 pessoas por dia (desconsiderando as crianças). "Aqui em Santana do Livramento, tínhamos uma expectativa maior, no entanto tem muito carro passando direto, sem parar. Esperamos que estas pernoites perdidas ocorram na volta", comenta Gládis, destacando que a cidade também tem bons restaurantes.
Mas ainda que não pare em Santana do Livramento, parte dos viajantes que saem de Buenos Aires para chegar em Florianópolis acaba se entregando ao cansaço da empreitada (que dura dois dias), e precisa parar para repor as energias. Neste caso, o destino eleito é São Gabriel, que também recebe os visitantes que entram por Uruguaiana e onde o fluxo de hermanos aumentou em 35% em comparação ao ano passado e já garante estabelecimentos lotados nos fins de semana de janeiro, segundo dados do Sindihotel.
"Este verão tem sido um dos melhores em fluxo de argentinos em relação aos últimos anos", garante o proprietário do Hotel Pousada Alegrete, Adão Ramos. O empresário não tem do que reclamar: ele compara que em anos anteriores a hospedagem de pernoite dos argentinos que seguem para praias de Santa Catarina ou Litoral gaúcho ficava concentrada em São Gabriel, que está localizado bem no meio do trajeto da fronteira e de Porto Alegre. "Antigamente, a maioria dos argentinos passava direto pela cidade, mas agora eles precisam fazer um cadastro de migração quando chegam na Aduana de Uruguaiana - então perdem tempo, e acabam pernoitando antes de chegar São Gabriel", explica Ramos.

Maior movimentação ocorre durante os fins de semana

Bistrô de hotel em Alegrete fica lotado de visitantes na hora do jantar

Bistrô de hotel em Alegrete fica lotado de visitantes na hora do jantar


HOTEL ALEGRETE/DIVULGAÇÃO/JC
De acordo com o proprietário do Fares Turis Hotel, de Uruguaiana, Daniel Fares, desde novembro a alta na pesquisa de hospedagem realizada por argentinos em sites especializados foi de 20%. O diretor-geral do grupo Verde Plaza, em Santana do Livramento, Mozart Hillal, confirma a procura por informações de preços de diárias. "Recebemos de oito a 10 ligações de argentinos por dia."
Em Ijuí, o gerente administrativo do Hotel Vera Cruz, Maurício Michaelsen, também notou o crescimento de 30% no interesse por valores adotados pelo empreendimento. E, de acordo com o proprietário do Hotel Alegrete, no município de mesmo nome, Adão Ramos, mais de 50% das reservas feitas pelos hermanos em janeiro já foram efetuadas. "Temos recebido no hotel uma média de 150 turistas argentinos somente de sexta-feira a domingo, sem contar os dias de semana, que cai para cerca de 20 pessoas por dia", contabiliza Ramos. Segundo ele, a alta na ocupação do estabelecimento já chega a 80% em relação ao verão passado. Para não perder a clientela, Ramos oferece descontos: "Em geral, estes turistas viajam com toda a família, o que inclui muitos filhos. Por isso, nosso quarto triplo está em R$ 212,00 e o de solteiro sai por R$ 130,00 a diária, ambos incluindo café da manhã e internet". Além das diárias, o hotel lucra ainda com as refeições. "Temos um bistrô com 100 lugares, que tem lotado na hora da janta." Para janeiro, a ocupação do Hotel Alegrete já está em quase 100% todos os dias.
Segundo o presidente do Sindihotel, Manuel Suarez, os argentinos são a maioria (70%) dos visitantes latinos ao Estado, seguidos pelos uruguaios (20%) e paraguaios (10%).

Uruguaios ficam mais tempo nas cidades gaúchas no meio do trajeto

Os visitantes que saem do Uruguai para seguir ao Litoral gaúcho ou catarinense têm pernoitado no Chuí ou em Jaguarão. Neste último destino, o movimento está "muito grande", garante a gerente do Hotel Sinuelo, Ana Valeska. "Desde novembro, está surpreendendo. Em dezembro aumentou em 60% a ocupação, e em janeiro (mês de baixa temporada na cidade) já estamos com 20% de aumento." De acordo com Ana, raramente os uruguaios se hospedavam em Jaguarão. "Está sendo atípico: está passando muito uruguaio para o Brasil e muito brasileiro para o Uruguai."
O "mais surpreendente", segundo Ana, é que os uruguaios têm permanecido por três dias em média em Jaguarão, aproveitando para visitar e comprar nos freeshops. "Eles passeiam com a família pela cidade, passam no comércio, nas sorveterias. Só depois seguem para a praia - muitos têm como destino a Praia do Cassino, em Rio Grande."
A febre da chegada dos hermanos está também na mira da Secretaria de Turismo (SMTur) de Porto Alegre e de outras seis cidades gaúchas (Gramado, Canela, Nova Petrópolis, Bento Gonçalves, Garibaldi e Caxias do Sul). De acordo com o titular da SMTur, Luiz Fernando Moraes, estes municípios em parceria prepararam material de divulgação dos atrativos de cada destino para ser distribuído nos Centros de Atendimento ao Turista (CATs) das fronteiras do Estado. "Pedimos apoio para o governo gaúcho, e estamos esperando resposta." Moraes explica que a crise econômica tem impossibilitado outras ações promocionais.