Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Teatro

- Publicada em 05 de Janeiro de 2016 às 15:03

Dramaturgia espanhola

Antonio Hohlfeldt
Escrevi, na semana passada, ao fazer o balanço do ano, que, afinal, 2015 não havia sido, assim, tão ruim para o teatro. Quero trazer, na coluna desta semana, a primeira do novo ano, um outro dado que ratifica aquela conclusão. Quero escrever a respeito da Editora Cobogó, do Rio de Janeiro, que, a partir de julho do ano passado, estendendo-se aos primeiros meses deste ano, deu início à publicação de uma coleção de 10 livros dedicados à dramaturgia espanhola da contemporaneidade, quer dizer, de textos escritos e editados, na Espanha, a partir do ano 2000, e que tenham sido já devidamente premiados.
Escrevi, na semana passada, ao fazer o balanço do ano, que, afinal, 2015 não havia sido, assim, tão ruim para o teatro. Quero trazer, na coluna desta semana, a primeira do novo ano, um outro dado que ratifica aquela conclusão. Quero escrever a respeito da Editora Cobogó, do Rio de Janeiro, que, a partir de julho do ano passado, estendendo-se aos primeiros meses deste ano, deu início à publicação de uma coleção de 10 livros dedicados à dramaturgia espanhola da contemporaneidade, quer dizer, de textos escritos e editados, na Espanha, a partir do ano 2000, e que tenham sido já devidamente premiados.
A iniciativa partiu da Acción Cultural Española, entidade estatal daquele país que tem a missão de difundir e divulgar a cultura espanhola no mundo. No caso, a dramaturgia contemporânea espanhola. Houve, primeiro, a seleção de 10 dramaturgos, a partir da escolha de seis jurados espanhóis, dramaturgos e diretores de festivais, como Guillermo Heras, Eduardo Vasco, Carme Portaceli, Ernesto Caballero, Juana Escabias e Eduardo Pérez Rasilla. As 10 obras e seus respectivos autores foram: A paz perpétua, de Juan Mayorga; Après moi Le déluge, de Lluïsa Cunillé (Depois de mim, o dilúvio, referência atribuída ora ao rei Luís XV, ora à sua mais conhecida amante, madame de Pompadour); Atra bílis, de Laila Ripoll; Cachorro morto na lavanderia: os fortes, de Angélica Liddell; Cliff (Precipício), de Alberto Conejero; Dentro da terra, de Paco Bezerra; Münchhausen, de Lucia Vilanova; NN12, de Gracia Morales; O princípio de Arquimedes, de Josep Maria Miró i Coromina; e Os corpos perdidos, de José Manuel Mora.
A etapa seguida foi encontrar os parceiros em cada país onde se pretendia divulgar tal dramaturgia, aqui incluído o Brasil. Neste caso, a partir da coordenação do Tempo Festival, do Rio de Janeiro, buscou-se articular coordenadores de outros festivais de teatro contemporâneo do País, além do Cena Contemporânea, de Brasília; o Porto Alegre em Cena; o festival Internacional de Artes Cênicas de Salvador-Bahia; o Janeiro de Grandes Espetáculos, de Pernambuco; para, a partir destas curadorias, que anualmente escolhem e articulam os espetáculos internacionais que visitam o Brasil neste "circuito de festivais", decidir sobre quais os tradutores de cada um dos 10 textos selecionados. Foram indicados atores, diretores, tradutores, e o resultado começou a ser publicado, como se disse, a partir da segunda metade do ano passado, prosseguindo-se no primeiro semestre deste novo ano de 2016.
A Editora Cobogó, do Rio de Janeiro, tem dedicado sua atenção à dramaturgia. Mas optar por uma coleção dedicada exclusivamente à dramaturgia espanhola contemporânea (dramaturgia que, em geral, é desconhecida de nosso público, salvo raríssimas exceções, como a dos dramaturgos do chamado "siglo de oro" - século XVIII - e de Garcia Lorca) é por certo uma iniciativa que não poderia ocorrer, sobretudo em um país de escassa circulação livresca e onde, sobretudo, adquirir livros de dramaturgia é uma raridade - sem um apoio formal e oficial, como ocorreu neste caso, para gáudio de todos os que gostariam de ter acesso a este material, quer dizer, diretores, atores, produtores, leitores mais ligados à dramaturgia etc.
O resultado são volumes de bolso, em papel Polen Bold, com traduções cuidadosas, em edições quase críticas - já que muitos tradutores optaram por notas de pós-texto, para melhor contextualizarem as referências dos textos, e outros escrevem pequenos preâmbulos em que apresentam os critérios seguidos por suas traduções, por exemplo, mostrando extremo cuidado com a própria prosódia brasileira.
Os textos são variados, e sobre eles pretendo escrever mais adiante. O que me parece importante, aqui, é registrar que diferentes governos, como o norte-americano, o francês, o inglês etc., costumam patrocinar programas de traduções de seus principais autores nacionais. Mas, que eu saiba, é a primeira vez que se faz isso com a dramaturgia. Só isso precisaria ser profundamente comemorado. Por isso, esta coluna, a primeira do ano de 2016. Porque é de festejar.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO