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- Publicada em 06 de Janeiro de 2016 às 22:46

A manifestação de Deus

A Igreja Oriental celebra o dia da manifestação do Senhor aos "magos vindos do Oriente" como a verdadeira festa do Natal. Isto ocorre porque, para os cristãos orientais, a verdade da salvação não está no fato de o Redentor ter vindo ao mundo, mas no modo como o acolhemos em nossa vida.
A Igreja Oriental celebra o dia da manifestação do Senhor aos "magos vindos do Oriente" como a verdadeira festa do Natal. Isto ocorre porque, para os cristãos orientais, a verdade da salvação não está no fato de o Redentor ter vindo ao mundo, mas no modo como o acolhemos em nossa vida.
Existe um mundo demasiadamente nosso. É o mundo em que somos governados. Governados por ideologias, interesses particulares, poder econômico. Este ambiente é regido por um equilíbrio de forças, cujos fundamentos são acordos, arranjos políticos, potencialidades econômicas.
Sentimos e vemos tal situação em um cotidiano marcado por crueldades, traições, prepotência, mesquinhez e mediocridade. Neste contexto, tudo pertence a alguém; tudo deve estar a serviço de alguém ou de algum grupo; tudo é manipulável e explorável. A religião é inclusive vista como uma dimensão do humano que precisa ser controlada, por ser compreendida como um instrumento de poder e domínio. Este é o mundo de Herodes, o qual não hesita nem eliminar inocentes, nem tentar "agenciar" sábios que, orientados pela estrela, vieram do Oriente para prestar veneração ao menino que nascera em Belém da Judeia.
Os "estranhos homens" vindos de terra distante percorreram um extenso caminho, até encontrarem o lugar onde nascera o menino de Belém. Tal trajetória foi certamente marcada por longas, solitárias e escuras noites. Eis aí o desafio de todo ser humano: descobrir o divino nos espaços onde se desenvolve a vida nesta "terra dos homens", acolhendo-o no íntimo de si; ver e compreender o ser humano a fim de perceber, em seu rosto, traços de Deus. Aqueles visitantes ilustres eram homens capazes de sentir o invisível, de colher expressões do que, à primeira vista, parecia velado, de estar atentos à linguagem dos sonhos.
Somos, pois, por eles recordados da importância dos sonhos, do sentir com o coração, da valorização da sensibilidade. Estas dimensões de nossa humanidade nos permitem individuar os desejos que nos sustentam, as expectativas que nos impulsionam, as esperanças secretas que nos orientam.
No meio da noite escura de nossas vidas, pode também surgir uma estrela, uma luz apta a nos conduzir por caminhos até então inusitados e desconhecidos. Uma estrela capaz de nos fazer retomar tradições e escritos que falam de um menino, o Emanuel, "luz das nações", "príncipe da paz". Através dessa possibilidade, pode surgir um conflito entre o "mundo de Herodes" e a realidade para a qual a estrela aponta. Como declarar o nosso crer na força dos sonhos e na orientação da estrela? Como manifestar o caminho percorrido para encontrar um menino envolvido nos panos de nossa fragilidade e que traz o esplendor divino?
Os sábios do Oriente não se intimidaram diante da prepotência e da falsa sensibilidade humana de Herodes. Eles continuaram seguindo a estrela que os conduziu até o lugar despojado e pobre que acolhera o filho de Maria. Assim, o desejo e a promessa encontraram sua realização. Agora, cumpre aos visitantes realizar a tarefa de inclinar-se na presença do frágil menino e rezar diante da vida que se oferece. Eles entregam ao menino presentes: ouro, incenso e mirra. A mirra é considerada medicinal, por aliviar a dor e o sofrimento. O incenso perfuma ambientes e se eleva aos pontos mais altos. Ele expressa o desejo de tudo tornar agradável, atingindo também as alturas. O ouro é metal precioso. Sempre que o ser humano toma consciência do próprio valor e de sua dignidade, seu coração prorrompe em alegria, felicidade e generosidade.
A manifestação de Deus nos panos da fragilidade humana recorda-nos que é possível viver sendo fiéis a nós mesmos e ao projeto de Deus. Evoca o lugar dos sonhos na vida de todo ser humano. A dignidade do ouro, a leveza do incenso e a propriedade medicinal da mirra são qualidades necessárias ao ser humano de todos os tempos para conduzir, a bom termo, sua peregrinação em direção à eternidade.
 
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