Travessia da educação

A educação pode ser transformadora, principalmente se for acessível a todos. É com esse horizonte que projetos voluntários contribuem para a entrada de centenas de alunos nas universidades públicas. Os cursinhos pré-vestibulares populares têm o objetivo de tornar mais justa a concorrência dos alunos de baixa renda em relação àqueles que têm condições de pagar por uma educação de qualidade.

O mais recente é o EducaMed, criado por estudantes de Medicina da Ufrgs, que visa à integração. "O cursinho tem como objetivos não só a preparação do vestibulando para as provas, mas também aproximar o universo da medicina dos alunos que não tem contato com estudantes do curso e tampouco com médicos", explica Johnata de Aquino, um dos coordenadores do curso. A iniciativa é um projeto de extensão da universidade, mas também pretende preparar os candidatos para o vestibular da UFCSPA. As primeiras inscrições devem começar nos próximos meses. Por enquanto, os próprios estudantes de medicina serão os professores do curso.

A seleção dos alunos é feita a partir de uma análise socioeconômica de cada candidato, desse modo, aqueles que mais precisam são beneficiados. O sistema é adotado também por outros cursos, como o Emancipa. O diferencial do projeto é que os professores procuram estimular o pensamento crítico, realizando palestras e atividades extraclasse, problematizando os eventos mundiais. Outro objetivo é "reconhecer a cidade como um espaço que pode e deve ser apropriado pelas pessoas, como lugar não só de trabalho, mas também de lazer e de produção de conhecimento, através de saídas de campo", conta o coordenador, Rodrigo Nickel. Assim como na maioria dos cursos populares, todas as aulas são ministradas por professores graduados nas respectivas disciplinas. O Emancipa conta com apoio financeiro e logístico de empresas, além de pessoas físicas, através da Campanha Adote um Aluno. "Apesar de termos iniciado a pouco a campanha, já temos apoios efetivados e esperamos que outros mais se juntem a nós", diz Nickel, lembrando que, em cinco anos de história do cursinho, mais de 400 candidatos ingressaram em universidades.

É o caso de Igor Fogaça, estudante de Letras da Ufrgs, que passou pelo curso Resgate Popular. "O Resgate faz a gente quebrar certas barreiras, trabalha com um pensamento crítico, social, tentando diminuir as dificuldades à educação, como o fato de morar na periferia e não ter oportunidade de pagar uma faculdade. É aí que começa a mudança", acredita. As inscrições para a maioria dos projetos começam nos próximos meses, e as aulas seguem até o próximo vestibular da Ufrgs.