Em depoimento prestado no acordo de delação premiada fechada no Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Alexandre de Souza Rocha afirmou ter ouvido do doleiro Alberto Youssef que o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) recebeu R$ 200 mil. Ele disse não ter entregue os valores nem ter conhecimento de como isso ocorreu.
Rocha funcionou a partir de 2008 como entregador de valores para o doleiro, que em 2014 se tornou um dos principais delatores da Operação Lava Jato.
Segundo Rocha, "provavelmente em 2012 ou 2013", ele "percebeu uma preocupação de Youssef com relação a uma movimentação no Congresso Nacional para criação de uma CPI da Petrobras". Rocha disse ter ouvido de Youssef que estava "controlando o problema" e que o suposto controle "passava pelo pagamento de propina".
Pela versão do ex-empregado, o doleiro teria dito que era necessário "dinheiro para resolver" os problemas no Congresso.
Rocha disse então que ponderou com Youssef que "havia gente séria no Congresso, mencionando como exemplo" o senador Randolfe, "que sempre discursava contra o governo e inclusive falava sobre a necessidade da CPI da Petrobras na época".
Em resposta, disse Rocha, o doleiro teria dito: "Para esse aí já foram pagos R$ 200 mil". Rocha indagou se ele se referia mesmo ao senador que usava óculos e Youssef teria respondido ter certeza "absoluta".
Ao final do depoimento, Rocha comentou que não sabia se o valor "foi efetivamente pago ao senador" nem "como isso tenha sido feito". Disse ainda que "nunca entregou dinheiro para Randolfe Rodrigues nem o viu em escritórios de Youssef".
Procurada pela reportagem nesta quarta-feira, a assessoria do senador disse que ele está "indignado" com as afirmações de Rocha e que está providenciando uma resposta à imprensa.