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Opinião

- Publicada em 15 de Dezembro de 2015 às 18:07

Com paciência, Lava Jato chega em Eduardo Cunha

Eram aguardadas apenas para esta quarta-feira e amanhã novidades em relação à crise política em Brasília, em função das decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF) relativas a diferentes questionamentos relacionados ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Eram aguardadas apenas para esta quarta-feira e amanhã novidades em relação à crise política em Brasília, em função das decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF) relativas a diferentes questionamentos relacionados ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Mas eis que houve um capítulo inédito ainda ontem: a Polícia Federal cumpriu mandato de busca e apreensão na casa oficial do impassível presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Também nesta terça-feira, a Comissão de Ética da Câmara deu prosseguimento ao processo de quebra de decoro parlamentar contra Cunha, por ter negado possuir contas na Suíça quando depôs na CPI da Petrobras, o que foi confirmado naquele país e no Brasil.
Depois de o peemedebista ter driblado, por semanas, as reuniões do conselho, não escapou ontem, na oitava tentativa. E tudo indicava que, mais dia, menos dia, o presidente da Câmara também seria alvo direto de uma ação da Operação Lava Jato.
Foi na nova fase desencadeada ontem e batizada de Operação Catilinárias, alusão à frase latina "Quosque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?" Traduzindo: Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência dita pelo romano Cícero, algumas décadas antes de Cristo, contra um contumaz conspirador de então. Certamente, nome apropriado para uma ação policial que era aguardada pelos brasileiros.
Eduardo Cunha continua negando tudo e afirmando ser uma vingança contra ele, orquestrada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Hoje será outro dia de decisões jurídicas, desta vez, focadas no Palácio do Planalto. Pode ocorrer a manifestação do plenário do STF sobre o rito do processo de impeachment, e ainda o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Polícia Federal sobre a Operação Zelotes.
Há suspeitas sobre medida provisória que beneficiou o setor automobilístico e um suposto milionário contrato da empresa de marketing esportivo do filho do ex-presidente Lula. Tudo a ser comprovado, e com o sagrado direito do contraditório e ampla defesa.
As investigações da Lava Jato chegaram nos mais altos escalões da República. Por um lado, algo triste. Paradoxalmente, motivo de satisfação cívica, eis que, finalmente, não apenas pobres, pretos e prostitutas, como é dito pelo povo, irão parar nas infectas cadeias nacionais.
A defesa de alguns dos acusados beira o ridículo, com a repetição de frases prontas que não convencem mais ninguém. Alguns condenam a delação premiada, que é um instituto legal, constante dos tribunais. Amaldiçoa-se quando policiais e promotores entram em residências munidos de mandados autorizados por ministros do STF. Tudo é "invenção dos que acusam e campanha sórdida e golpista em conluio da oposição com a quase totalidade da mídia", dizem os alvos das ações.
Assim, não se vê, ouve ou lê um argumento consistente, algo que derrube não apenas o que é dito pelos delatores, como sirva, peremptoriamente, de fundamento que fulmine o que foi dito e livre das penas os acusados.
Se 2015 trouxe muitas decepções, o trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público e do STF, permitindo investigações nos altos escalões da República, mostra que falcatruas com dinheiro oficial serão mais difíceis, mesmo que acabar com a corrupção totalmente seja algo complicado no Brasil ou qualquer lugar do mundo.
 
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