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Opinião

- Publicada em 08 de Dezembro de 2015 às 17:12

As relações tensas e confusas entre o PMDB e o PT

Que havia desconfiança de parte a parte, entre o PMDB e o PT, ninguém duvidava há muito. Mas o conteúdo da carta do vice Michel Temer (PMDB) à presidente Dilma Rousseff (PT) foi considerado "infantil" e "primário" por integrantes da própria cúpula do PMDB, partido muito fragmentado. Para alguns, a missiva dividiu a legenda mais ainda.
Que havia desconfiança de parte a parte, entre o PMDB e o PT, ninguém duvidava há muito. Mas o conteúdo da carta do vice Michel Temer (PMDB) à presidente Dilma Rousseff (PT) foi considerado "infantil" e "primário" por integrantes da própria cúpula do PMDB, partido muito fragmentado. Para alguns, a missiva dividiu a legenda mais ainda.
A sucessão de fatos e problemas jurídico-institucionais que assolam o Brasil parece não ter fim. Governo e oposição que venceu, entre empurrões e gritos no plenário a votação disputaram ontem a indicação dos integrantes da comissão especial da Câmara dos Deputados que apreciará o pedido de impeachment de Dilma, aceito pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Também houve protestos pelas manobras utilizadas pelo presidente da Câmara para adiar a votação no Conselho de Ética e tirar o foco de seu julgamento. O fato é que a tramitação do pedido de impeachment por mais repulsa que Eduardo Cunha cause na opinião pública por conta das graves acusações contra ele avançou ontem. E já se escancarou, em Brasília, uma disputa pelo poder.
Na véspera da votação, Temer rompeu com a presidente publicamente. Entre outros motivos, o vice-presidente da República aduz que "não é preciso alardear publicamente a necessidade da minha lealdade. Tenho-a revelado ao longo destes cinco anos. Lealdade institucional pautada pelo art. 79 da Constituição Federal. Sei quais são as funções do vice. À minha natural discrição conectei àquela derivada daquele dispositivo constitucional. Entretanto, sempre tive ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB. Desconfiança incompatível com o que fizemos para manter o apoio pessoal e partidário ao seu governo."
Não é preciso ser douto em Direito para saber que, em um processo legal, onde um suposto delito se configura, necessariamente se manifestam a acusação e a defesa. Apesar de interpretações de que, contra Dilma não pesa nenhuma acusação de crime de responsabilidade, cabe à presidente se defender no processo de impeachment.
E enfrentará, do lado oposto, boa parte do PMDB. Temer afirma na carta que disse ser de caráter pessoal apesar da divulgação do texto que "tenho mantido a unidade do PMDB apoiando seu governo usando o prestígio político que tenho advindo da credibilidade e do respeito que granjeei no partido. Isso tudo não gerou confiança em mim. Gera desconfiança e menosprezo do governo".
É uma frase dura e que não deixa margem a outras interpretações senão um total e definitivo desconforto do vice-presidente. "Passei os quatro primeiros anos de governo como vice decorativo. A senhora sabe disso. Perdi todo protagonismo político que tivera no passado e que poderia ter sido usado pelo governo. Só era chamado para resolver as votações do PMDB e as crises políticas. Jamais eu ou o PMDB fomos chamados para discutir formulações econômicas ou políticas do País; éramos meros acessórios, secundários, subsidiários."
Encerrando a relação, Temer sentenciou: "Sei que a senhora não tem confiança em mim e no PMDB, hoje, e não terá amanhã. Lamento, mas esta é a minha convicção".
Michel Temer desembarca do apoio à presidente na pior hora em que isso poderia acontecer para Dilma.
Premeditação? O tempo e a votação sobre o processo do pedido de impeachment revelarão a verdade. E a verdade, sabemos, liberta.
 
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