PP vence, mas não garante maioria

Os espanhóis elegeram ontem um Parlamento em que o PP (Partido Popular, conservador) recebeu o maior número de assentos, mas ficou muito distante da maioria absoluta. O posto de primeiro-minsitro, hoje ocupado por Mariano Rajoy, será decidido após negociações entre os partidos, nos próximos dias. Em todo caso, parece se desenhar um governo frágil para o país, acostumado há décadas ao bipartidarismo.

O PP terá 121 cadeiras. Seriam necessárias, porém, 176 para formar um governo. Em 2011, o partido havia conquistado 186. O resultado corresponde a 97% dos votos computados. O pleito teve comparecimento de 74,9%.

O Psoe (Partido Socialista Operário Espanhol, de centro-esquerda) ficou em segundo lugar, com 92 assentos pior resultado na história da sigla, o que será um forte golpe em seu líder, Pedro Sánchez. O terceiro colocado foi o Podemos, de esquerda, com 69 assentos. Por último, está o Ciudadanos, de centro-direita, com 40 cadeiras. Com isso, o PP e o Psoe perderam sua hegemonia no Parlamento, abrindo espaço para o Podemos e o Ciudadanos, surgidos a partir da crise econômica e do desgaste político vividos pelo país há anos.

O secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, reafirmou que os resultados das eleições gerais indicam "o fim do bipartidismo" e destacou que o PP obteve o seu pior resultado desde 1989 e o Psoe, o pior desde que há democracia na Espanha (1977).

A eleição pode ter várias possibilidades de coalizão. O mais provável aliado para o PP é o Ciudadanos, enquanto o Psoe deve se unir com o Podemos. Também há a possibilidade de uma aliança entre Psoe, Ciudadanos e Podemos.

A partir de hoje, Rajoy exercerá suas funções em caráter temporário, com pouca margem para decisões políticas até a investidura do próximo governante espanhol. O novo governo dependerá das negociações desses próximos dias e, a depender da solução encontrada pelos candidatos, pode ser uma legislatura frágil diante de uma oposição encorpada.

Não há um calendário exato para esse período. O rei Felipe deve reunir-se com os candidatos que tenham conquistado cadeiras no Parlamento para propor um nome para formar o governo. Em um quebra-cabeça complicado pela presença de mais atores políticos do que o costume, e interrompido pelas festividades de fim de ano, esse processo pode demorar pelo menos algumas semanas.