O presidente da Rússia, Vladimir Putin, voltou, nesta quinta-feira, a aumentar o tom das declarações com a Turquia ao dizer que o país vai se arrepender de ter derrubado um avião militar russo que fazia uma operação na Síria.
A interceptação, ocorrida há dez dias, acirrou os ânimos entre as duas nações, que estão em lados opostos no conflito no país árabe. Enquanto Moscou atua em apoio a Bashar al-Assad, os turcos defendem a saída do presidente.
Em discurso de prestação de contas no Parlamento, o líder russo ameaçou aplicar novas sanções, chamou o governo turco de quadrilha e o acusou de cumplicidade com o terrorismo. "Não nos esqueceremos jamais desta cumplicidade com os terroristas. Consideraremos sempre a traição como um dos piores atos e um dos mais vis. Que os que atiraram contra nossos pilotos pelas costas saibam disso."
Putin disse não entender os motivos da derrubada, em nova arremetida contra o presidente Recep Tayyip Erdogan. "Só Alá sabe. Parece que Alá decidiu castigar a quadrilha no poder na Turquia privando-a da razão e do senso comum."
Apesar do tom inflamado, o dirigente descartou uma retaliação militar, embora tenha advogado por manter a pressão sobre a economia turca. A Rússia já lançou sanções contra os setores agrícola, energético, turístico e de construção. "Não vamos mostrar armas, mas se alguém pensa que eles vão se livrar de um crime de guerra tão vil com proibição à importação de tomates ou sanções no setor de obras públicas, enganam-se completamente."
No discurso, voltou a citar a acusação de que a família de Erdogan seria a principal beneficiária do contrabando de petróleo da Síria e do Iraque extraído pelo Estado Islâmico. "Nós sabemos quem na Turquia está enchendo os bolsos de dinheiro e permitindo que terroristas consigam dinheiro ao venderem petróleo roubado na Síria. Com este dinheiro, os bandidos recrutam mercenários, compram armas e estrelam ataques terroristas cruéis contra nossos cidadãos, assim como cidadãos da França, do Líbano e do Mali."