Um grupo composto por alunos, pais e professores da modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Municipal de Ensino Fundamental João B. Goulart, bairro Sarandi, foi à prefeitura de Porto Alegre ontem pedir uma reunião com o vice-prefeito Sebastião Melo. A comunidade escolar protestava contra o fechamento da EJA, anunciado no início do mês. A Secretaria Municipal de Educação (Smed) determinou o encerramento da modalidade nessa instituição, bem como na Escola Municipal de Ensino Fundamental Neusa Brizola, bairro Cavalhada, a partir de 2016.
Segundo a coordenadora pedagógica da EJA da Escola João Goulart, Luciane Winter, a alegação da Smed de que fechará a modalidade por contemplar poucos alunos é errônea.
"No nosso ensino regular, a turma que se formou tinha 25 alunos. Na nossa turma de EJA, havia 24. Será que um estudante a menos é motivo para fechar o serviço?", questiona.
Apesar de a Smed afirmar ter acompanhado a frequência escolar nas instituições antes de tomar uma decisão, conforme Luciane, a pasta não visitou a escola e nem conversou com professores ou comunidade para saber sobre a situação. "É usual em EJAs os alunos irem e voltarem. Mesmo assim, esse serviço é importante, porque a nossa comunidade, que envolve as vilas Asa Branca, União e Brasília, vive em situação de risco, e nossos jovens são usados pelo tráfico de drogas. A EJA é a única maneira de mostrarmos aos nossos estudantes, de 15 a 25 anos, que é possível viver de outro jeito", destaca. Essa é a única instituição a oferecer ensino para jovens e adultos no bairro.
Além de solicitar reunião com o vice-prefeito, o grupo também entregou um documento da Associação de Moradores da Vila Asa Branca, solicitando o não fechamento da EJA, e outro apontando que a comunidade escolar entrou com uma ação no Ministério Público (MP), defendendo a importância da modalidade para a região. Os professores da EJA afirmam terem sido chamados ontem pela Smed, para definir suas transferências para outras escolas. "Eles querem colocar os alunos de séries iniciais na Escola Municipal de Ensino Básico Liberato Salzano, na qual há estudantes que possuem uma rixa relativa a tráfico de drogas com os nossos alunos. Sabemos que, se a EJA fechar, eles não vão para o Liberato, então, com certeza, ficarão sem estudar", alerta a coordenadora pedagógica.
De acordo com os manifestantes, a Smed teria se recusado a recebê-los para conversar. A pasta afirma que a secretária Cleci Jurach não estava disponível, pois se encontrava em agenda externa, e deixou a diretoria pedagógica e a coordenação da EJA à disposição. No entanto, ninguém da escola retornou.