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Corrupção no Futebol

- Publicada em 03 de Dezembro de 2015 às 16:59

Presidentes da Conmebol e da Concacaf são presos

Napout é acusado de receber milhões de dólares em propinas

Napout é acusado de receber milhões de dólares em propinas


FABRICE COFFRINI/AFP/JC
Em mais uma ação das investigações envolvendo corrupção no futebol mundial, as polícias da Suíça e dos Estados Unidos realizaram mais uma onda de prisões na manhã desta quinta-feira em Zurique.
Em mais uma ação das investigações envolvendo corrupção no futebol mundial, as polícias da Suíça e dos Estados Unidos realizaram mais uma onda de prisões na manhã desta quinta-feira em Zurique.
Um dos presos é o atual presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Juan Ángel Napout. O outro preso é o cartola de Honduras, Alfredo Hawit, presidente da Concacaf. Os dois, presos no hotel Baur Au Lac, são vice-presidentes da Fifa. Napout é o terceiro presidente da Conmebol detido em seis meses.
Fontes de dentro da entidade confirmaram que Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, é um dos investigados pelo FBI e que estaria entre os detidos se tivesse viajado para a reunião da Fifa. Desde maio ele não sai do Brasil, nem para acompanhar jogos da seleção. Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, não está entre os detidos, apesar de estar sob investigação na Suíça.
As prisões ocorreram no mesmo local onde, em 27 de maio de 2015, sete outros dirigentes foram detidos, entre eles José Maria Marin. Os cartolas estavam em Zurique para as reuniões do Comitê Executivo da entidade, que ocorreram nesta quinta-feira. Eles são suspeitos de corrupção e lavagem de dinheiro e aguardam o processo de extradição para os EUA.
Segundo o Departamento de Polícia da Suíça, Napout e Hawit são acusados de receber milhões de dólares em propinas por contratos comerciais em torneios. Em entrevista durante a semana, Napout disse que "não renunciaria" e que a entidade sul-americana entrava em uma nova fase, depois das prisões dos ex-presidentes Eugênio Figueredo e Nicolás Leoz.
Horas depois de ver seus presidentes presos, a Conmebol e a Concacaf emitiram nota oficial para garantir que estão colaborando com as investigações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. "A Conmebol continuará cooperando permanentemente com a investigação das autoridades e seguirá aprofundando as reformas administrativas que vem dando à confederação maior transparência e fortalecimento institucional", registrou a entidade sul-americana, em nota.
A Concacaf também assegurou colaboração com a investigação e prometeu seguir "comprometida com a implementação de uma reforma total". "A maior parte dos itens desta reforma já foram implementadas nas estruturas administrativas e de compliance da Concacaf", anunciou a entidade.

Uruguaio deve assumir a Conmebol sem eleição

Confirmada a saída do paraguaio Juan Ángel Napout da presidência da Conmebol, o estatuto da entidade manda convocar em até sessenta dias uma nova eleição.
Mas, na sede da confederação, em Luque, no Paraguai, a informação é de que haverá um entendimento para o uruguaio Wilmar Valdez assumir o mandato que se encerra em 2019, sem a realização de eleição. Isso, claro, caso ele não venha a ser envolvido na investigação do Departamento de Justiça dos EUA sobre o pagamento de propinas por acordos comerciais de torneios.
Os dois homens diretos na linha sucessória de Napout e que ocuparam o cargo de primeiro vice-presidente no mandato, o venezuelano Rafael Esquivel e o chileno Sergio Jadue, foram envolvidos nas investigações. Esquivel está preso na Suíça desde maio. Jadue renunciou à presidência da federação do Chile e foi para os EUA, segundo a imprensa local, para fazer acordo com o Departamento de Justiça e não ser preso.

Del Nero pede licença da CBF após indiciamento nos EUA

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, foi indiciado nesta quinta-feira pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusado de corrupção. Logo após o anúncio, a CBF divulgou nota oficializando a licença do dirigente do cargo para que ele possa se dedicar à sua defesa. Ricardo Teixeira, ex-presidente da entidade que deixou a função em março de 2012, também está entre os 16 indiciados nesta quinta-feira.
Segundo a investigação, eles são acusados de fazerem parte de esquemas criminosos envolvendo mais de US$ 200 milhões em subornos e propinas.
Outros presidentes ou ex-presidentes de federações da América do Sul estão entre os investigados: Luis Chiriboga, que comanda a federação do Equador, Carlos Chávez, da Bolívia, que está preso em seu país acusado de desviar dinheiro da federação e ainda é o tesoureiro da Conmebol, e Manuel Burga, ex-presidente da federação peruana.
Além deles, foram indiciados dois ex-secretários-gerais da entidade, os argentinos Eduardo Deluca e José Luis Meiszner, além do boliviano Romer Osuna, ex-tesoureiro da entidade.
Entre os dirigentes da Concacaf adicionados ao processo está até um ex-presidente de Honduras, Rafael Callejas, que além do país (presidente de 1990 a 1994) também comandou a federação local.

Del Nero diz que não renuncia, mas já discute licença

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, discutiu na tarde desta quinta-feira com dirigentes da entidade e presidentes de federações se irá ou não se licenciar do cargo. O Comitê de Ética da Fifa anunciou pela manhã a abertura de investigação contra o dirigente.
Após as prisões dos presidentes da Conmebol e da Concacaf, Del Nero voltou a dizer que não vai renunciar. "Investigar é bom para esclarecer que nada existe contra a minha pessoa", disse.
Del Nero se nega a se afastar em definitivo, mas já estuda se licenciar até o final da investigação na Fifa e no FBI. Neste caso, o ex-presidente da Federação Paulista de Futebol é favorável a posse de Fernando Sarney, um dos seus vices.
O processo sigiloso contra Del Nero foi aberto no Comitê de Ética da Fifa no mês passado. A investigação é baseada em documentos enviados pelas autoridades brasileiras.