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economia | Conjuntura

- Publicada em 17 de Dezembro de 2015 às 19:05

Empresas miram exterior com dólar em alta

Moeda norte-americana valorizada nem sempre compensa os encargos embutidos na produção

Moeda norte-americana valorizada nem sempre compensa os encargos embutidos na produção


FREEIMAGES.COM/DIVULGAÇÃO/JC
A incerteza sobre o futuro do dólar acelera estratégias das empresas para colher todos os ganhos possíveis em 2016. Esta é a estratégia do diretor-presidente da marca da calçadista gaúcha Anzetutto, Valter Paese. "Não vou falar em recessão. Quem tinha um pé no mercado externo, evitou queda de receita em 2015", diferencia o empresário que já projeta mais vendas e concentra os esforços em mercados onde a marca já está posicionada. O dólar entre R$ 3,80 e R$ 3,90 acelerou a fatia externa no resultado do negócio, que alcança 25%. Em 2016, a Anzetutto espera chegar a 40% e até 50%. Estados Unidos, América Latina e Europa estão na mira. "Vamos reforçar posições, todo mês conseguimos clientes novos nesses mercados, mas mesmo assim há sempre insegurança sobre nosso câmbio", admite Paese.
A incerteza sobre o futuro do dólar acelera estratégias das empresas para colher todos os ganhos possíveis em 2016. Esta é a estratégia do diretor-presidente da marca da calçadista gaúcha Anzetutto, Valter Paese. "Não vou falar em recessão. Quem tinha um pé no mercado externo, evitou queda de receita em 2015", diferencia o empresário que já projeta mais vendas e concentra os esforços em mercados onde a marca já está posicionada. O dólar entre R$ 3,80 e R$ 3,90 acelerou a fatia externa no resultado do negócio, que alcança 25%. Em 2016, a Anzetutto espera chegar a 40% e até 50%. Estados Unidos, América Latina e Europa estão na mira. "Vamos reforçar posições, todo mês conseguimos clientes novos nesses mercados, mas mesmo assim há sempre insegurança sobre nosso câmbio", admite Paese.
O negócio da calçadista também é afetado no fluxo inverso pelo maior custo das importações. A Anzetutto teve de cortar componentes que vinham da China, fator que elevou a competitividade da marca, que atua com sapato de maior valor. "Está proibido trazer de fora, buscamos substituir com o que dá internamente", explica o diretor-presidente. O economista da FEE Tomás Torezani lembra que segmentos com baixa tecnologia, bens de consumo e intensivos em mão de obra (como alimentos, calçados, móveis) sofrem mais com o maior custo das importações (efeito oposto do dólar alto).
A empolgação de muitos empresários com o front externo pode exigir cautela, avisam especialistas e entidades setoriais. O dólar que pode superar R$ 4,00 não elimina os esqueletos no armário da matriz produtiva nacional - da carga tributária que vai embarcada com os produtos e serviços (ainda mais que o ajuste fiscal podou o Reintegra) e limites de perfil exportador. O presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Heitor José Müller, cobra a volta do Reintegra e frisa que problemas de competitividade interna explicam a perda de espaço na cena global.
Rafael Fagundes Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), cita que dados consolidados da Organização Mundial do Comércio (OMS) mostram que o Brasil saiu de 29º lugar em 2012 na exportação de bens manufaturados para 32º em 2014.
"Melhora mais pelo ritmo de queda das importações, até porque as exportações em valor estão caindo também. Portanto, se isso for positivo, é pelas piores razões", previne Cagnin. "Tem mais a ver com a gravidade da recessão brasileira do que com o dinamismo da atividade. No cenário internacional, cai a participação", adverte o especialista do Iedi. O que também deve entrar no visor da atuação no exterior é a necessidade de melhorar a competitividade, o que passa por revisão da estrutura tributária e outros fatores, como logística.
A indústria de eletroeletrônicos entrou nas áreas prioritárias, até porque é um dos ramos nanicos quando se olha o peso pelo conceito de intensidade tecnológica, que é de 1% na receita e que também caiu este ano. O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) no Rio Grande do Sul Regis Sell Haubert cita que, em 2016, estreia um programa exclusivo para o setor com a Apex à frente. Metade das quase 40 vagas para a ação ficaram com gaúchas. Haubert disse que o mesmo câmbio desestimulador de importações ajudou algumas operações locais, mas a baixa atividade interna é o problema. "Resta-nos busca o comércio externo, onde não temos tradição", admite o dirigente da Abinee.
O economia do Iedi avalia que a questão agora é saber até quando o câmbio manterá o patamar atual e como será a reação diante da queda de investimentos na capacidade industrial, que é efeito da corrente externa dos anos de valorização do real. Torezani reforça que a queda de importações também é sinal de baixa atividade.

Argentina é promessa para incremento de relações

Macri derrubou barreiras comerciais

Macri derrubou barreiras comerciais


JUAN MABROMATA/AFP/JC
Com novo governo na Argentina, a atenção é imediata sobre a reversão de mais de 10 anos de refluxo e artifícios do principal parceiro do Mercosul. O vizinho ocupa ainda a segunda posição nos destinos dos produtos gaúchos. Entre as medidas mais criticadas estavam autorizações antecipadas e demora para liberar importação, e até exigência de investir no país.
As alterações de cenário podem ser mais rápidas depois do anúncio de mudanças feito nesta semana pelo novo presidente, Mauricio Macri, que derrubou os principais entraves às relações de comércio.
O CEO da Fras-Le, Ricardo Reimer, fala que o País pode voltar a ter relevância caso mudem de fato as condições. "A mudança é positiva, as medidas devem ser austeras, mas a Argentina vai apontar para o lado certo", aposta Reimer. A Fras-le tem escritório de vendas no país vizinho e sofreu nos anos recentes por não conseguir transferir recursos para a sede, em Caxias do Sul. Hoje, o mercado vizinho representa 6% da receita externa, mas era mais que o dobro há 10 anos.
Consultor da Abicalçados, ramo que penou sob as regras restritas da era dos Kirchner, Marcos Lélis avalia que o fato de a Argentina ter um presidente mais comprometido com a fluidez do mercado internacional pode alavancar as exportações de calçados, já que o país é o segundo destino do produto verde-amarelo. Apesar disso, o economista destacou que existe a possibilidade de uma desvalorização do peso argentino para alavancar as exportações dos "hermanos" e melhorar o quadro das reservas internacionais do país vizinho.