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economia

- Publicada em 17 de Dezembro de 2015 às 19:05

Inflação deve nortear as estratégias para investimentos em 2016

Uma das grandes vilãs do atual cenário macroeconômico, a inflação, deve ser, outra vez, o norte dos investidores no ano que vem. Para 2016, o relatório Focus, do Banco Central (BC), aponta para uma evolução mais contida do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), na casa de 7%. Ainda distante da teto da meta, estipulada em 6,5%, a alta dos preços básicos da economia, que já supera 10% no acumulado de 2015, será o fiel da balança de rentabilidade nas diversas aplicações financeiras.
Uma das grandes vilãs do atual cenário macroeconômico, a inflação, deve ser, outra vez, o norte dos investidores no ano que vem. Para 2016, o relatório Focus, do Banco Central (BC), aponta para uma evolução mais contida do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), na casa de 7%. Ainda distante da teto da meta, estipulada em 6,5%, a alta dos preços básicos da economia, que já supera 10% no acumulado de 2015, será o fiel da balança de rentabilidade nas diversas aplicações financeiras.
Em um cenário moldado pela retração do PIB (Produto Interno Bruto) e pelo IPCA elevado - denominado pelos economistas de "estado de inflação" -, torna-se mais difícil encontrar investimentos que entreguem bons retornos. Como a tentativa de conter os avanços inflacionários também é determinante para a definição do ambiente de juros, na avaliação de muitos analistas consultados, os títulos de renda fixa seguirão dominando a pauta nos próximos 12 meses.
Neste contexto, o Tesouro Direto desponta nas preferências. São muitas as opções interessantes. A diretora técnica da Apimec-Sul e gestora da Zenith Asset, Débora Morsch, projeta rendimentos brutos, no período de 2015 a 2016, de 15,90% para as LTNs (Letras do Tesouro Nacional) e 14,25% para as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro).
No entanto, as NTNBs (Notas do Tesouro Nacional - série B) - agora também chamadas de Tesouro IPCA Mais - são a nova bola da vez. Em 10 anos, a projeção de rendimento real (já descontando inflação e impostos) é de 39,7%. Em igual intervalo, as LTNs e LFTs renderiam 25,8% e 11%, respectivamente.
Isso ocorre, porque a NTNB paga o mesmo percentual do IPCA, acrescido de um prêmio de 7,30%. Em geral, o rendimento bruto projetado em 17,30% ao ano é difícil de ser batido. Débora lembra que é necessário carregar o investimento até 2019. O resgate do valor principal antes do vencimento previsto, segundo ela, geraria prejuízo na remarcação do ativo aos preços de mercado.
"Se o descrédito com o País continuar, a NTNB deve ter um juro ainda maior para atrair os estrangeiros. Ou seja, os títulos com vencimento em 2019 e 2020, que ainda possuem taxa de IR de 15% e um prêmio de 7,30% mais o IPCA, garantem algo bem atraente e nem tão longo assim", revela Débora.
O sócio-diretor da Fundamenta Investimentos, Valter Bianchi Filho, explica que a NTNB, de fato, se tornou muito visada há cerca de 2 anos. Até então, não se esperava por um IPCA de dois dígitos. Antes de 2013, a ideia era de uma alta estabilizada em 5%, e qualquer resultado acima de 6% já seria bastante alarmante.
"As NTNBs têm sido muito procuradas por quem busca investimento em renda fixa e quer proteção. Ao se comprar renda fixa, se está correndo riscos com uma disparada da inflação. Com um título de renda fixa e uma onda inflacionária, toda a expectativa de rendimento cai por terra. Há o risco, inclusive, de não haver capitalização alguma sobre o investimento feito", sustenta Bianchi.
Além disso, existe um componente extra para os títulos públicos em 2016. O novo rebaixamento de rating - a nota de crédito do País - anunciado na quarta-feira pela agência de classificação de risco Fitch pode demandar aumento da Taxa Selic. O fato contribui para o aumento da remuneração dos títulos públicos.

Aplicação na poupança tem perda de 20% em 10 anos

Em 2016, os títulos de renda fixa continuam atrativos. A dica é fugir da poupança. Em uma década, a caderneta devolverá rendimento real negativo de 19,7%. Isso significa que o dinheiro aplicado hoje teria quase 20% menos poder de compra em 2025. Apenas no acumulado deste ano, a desvalorização chega a 2,2%.
O fato justifica a onda de saques ocorrida em 2015. As retiradas superam os depósitos em nada menos do que
R$ 58,3 bilhões até dezembro.
Produtos como LCIs e LCAs já não têm a mesma força. Bancos emissores dificilmente oferecem remunerações acima de 90% do CDI.
Sobre as LCIs pesaram a cobrança de lastros e o maior controle nos prazos. Os fatores influenciaram as taxas, inferiores às de 2015, quando era comum encontrar opções com até 103% do CDI. Há ainda o risco de os ativos serem taxados. A medida já foi aventada pelo governo no ano passado e deve ser consolidada em 2016.

Empresas sólidas estão baratas na bolsa

Em meio às incertezas econômicas e políticas, há um fato que já não pode ser ignorado: existem muitas empresas sólidas e extremamente baratas no mercado acionário nacional. Isso significa que a precificação das ações em bolsa clamam por um pouco de atenção daqueles investidores mais experientes e, por consequência, afeitos a riscos maiores.
Para o analista-chefe da Geral Investimentos, Carlos Müller, é preciso fugir de alguns setores tradicionais. O cenário mudou e, segundo Muller, antes de mais nada, a dica é buscar orientação de especialistas.
O sócio-diretor da Fundamenta Investimentos, Valter Bianchi Filho, afirma que, neste momento, o mais indicado é olhar para empresas com endividamento controlado e resiliência na geração de caixa. Essas são duas características bastante "defensivas" para o momento. Fundamentos assim são observados em algumas empresas do segmento de alimentação e bebidas e também em marcas fortes ligadas ao consumo.
"Quem entra em bolsa precisa de um horizonte de tempo considerável. Em 3 ou 5 anos, dificilmente a aplicação será ruim", resume.
Para Bianchi, os bancos sofreram muito em 2015. A ressalva é dada pela expectativa de elevação da inadimplência. Sabe-se que o desemprego deve contribuir também com a redução do consumo. Diante da incerteza, o mercado tem refletido as inseguranças sobre o sistema financeiro. "Eu, particularmente, acho um pouco exagerada a precificação negativa dos bancos. Acredito, sim, que o setor está com valores interessantes na comparação com os múltiplos históricos de negociação", comenta.