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economia

- Publicada em 17 de Dezembro de 2015 às 19:04

Instabilidade prevista para o campo gaúcho

Chuvas provocadas pelo fenômeno climático dificultaram a implantação das lavouras de verão

Chuvas provocadas pelo fenômeno climático dificultaram a implantação das lavouras de verão


MARCELO JUSTO/FOLHAPRESS/JC
Todas as previsões para o desempenho da agricultura brasileira giram, nos últimos meses, em torno de um fenômeno climático. O El Niño tomou conta do noticiário de agronegócios em 2015, e seus efeitos permanecem gerando incertezas em produtores e consultores para o próximo ano. O excesso de chuvas dificultou a implantação das lavouras de verão, especialmente do arroz, e as projeções indicam produtividades mais baixas. No Rio Grande do Sul, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as quedas na soja e no milho devem ser, respectivamente, de 1,2% e 9,2%.
Todas as previsões para o desempenho da agricultura brasileira giram, nos últimos meses, em torno de um fenômeno climático. O El Niño tomou conta do noticiário de agronegócios em 2015, e seus efeitos permanecem gerando incertezas em produtores e consultores para o próximo ano. O excesso de chuvas dificultou a implantação das lavouras de verão, especialmente do arroz, e as projeções indicam produtividades mais baixas. No Rio Grande do Sul, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as quedas na soja e no milho devem ser, respectivamente, de 1,2% e 9,2%.
Mas a instabilidade vai um pouco além. Se já não é possível frear a natureza, os custos de produção também escaparam do controle dos produtores. Pesquisa da Federação dos Agricultores do Rio Grande do Sul (Farsul) indica que a safra de 2015/16 será a maior alta da história. O acumulado do ano chegou, em dezembro, a 25%. Pelo menos quatro fatores contribuem para o quadro: os aumentos da conta de energia elétrica, que chegou a 105%; dos juros do crédito, seja o livre ou o controlado, na casa de R$ 350,00 por hectare, 47% a mais do que no ano passado; e do combustível; e, finalmente, a depreciação cambial, que elevou os preços dos agroquímicos importados.
Os preços da principais commodities, por sua vez, seguem em um patamar baixo no mercado internacional. E, para o economista da Farsul, Antônio da Luz, o cenário deve ser o mesmo até a colheita da safra brasileira. "Esperamos uma retomada dos preços apenas a partir do segundo semestre de 2016, visando a safra de 2017", projeta. Segundo da Luz, embora a demanda siga alta, puxada pela China e também pelo incremento de outros países asiáticos e da Europa, houve um desencaixe com a elevação ainda maior dos estoques. "Com os preços abaixo de US$ 9,00, acredito que os norte-americanos reduzam significativamente sua área a partir do ano que vem", completa.
No Brasil, entretanto, os valores reais para a soja e o milho ainda são mascarados pelo dólar valorizado em relação ao real. Ainda não há indícios, portanto, de redução da área para equalização da balança entre oferta e demanda em território nacional. Com isso, a projeção é que as exportações brasileiras sigam, ao menos, em um nível de volume similar ao deste ano, indo além das 10 milhões de toneladas. "Não estamos apostando em grande rentabilidade para a safra de 2016 devido ao aumento dos custos e à queda na produtividade. Mas o risco para o brasileiro está em uma virada no câmbio com a planta ainda em desenvolvimento", alerta da Luz.
Quem deve lidar com instabilidades ainda maiores em 2016 é o orizicultor. O arroz foi a cultura mais impactada pelo El Niño. Pelo menos 30% da área foi plantada fora da janela ideal, finalizada em 15 de novembro, conforme a Federação dos Arrozeiros (Federarroz). Na segunda semana de dezembro, o cultivo ainda está sendo executado. "Essa situação nos leva a crer que fatalmente teremos uma redução significativa de produtividade e, inclusive, de área", lamenta o presidente da Federarroz, Henrique Dornelles. As estimativas dão conta de que a cultura perca 130 mil hectares e produza 1,2 milhões de toneladas a menos na comparação com 2015.
Ainda assim, a cadeia produtiva do arroz segue em busca de mercados para exportação. A intenção também é aproveitar o dólar valorizado e a escassez do grão no mercado internacional para recuperar, ao menos em parte, a rentabilidade do produtor. Além dos tradicionais compradores, como Serra Leoa, Senegal e países da América Central, os mercados do México e de Gana estão no radar. "O México deve fechar um acordo fitossanitário a qualquer momento, engordando o rol de importadores com um apetite muito grande", destaca Dornelles. O potencial de compra dos mexicanos chega a 600 mil toneladas por ano, o equivalente a 50% do que os gaúchos pretendem exportar em 2016.

Agricultura familiar no Estado busca aumentar industrialização

Um objetivo é elevar produtividade do leite para 50 litros diários

Um objetivo é elevar produtividade do leite para 50 litros diários


EDUARDO SEIDL/PALÁCIO PIRATINI/JC
Afetada da mesma maneira pelo aumento dos custos de produção e pela queda na produtividade, a agricultura familiar gaúcha também projeta um 2016 de rentabilidade menor para o produtor. Por outro lado, buscando agregar valor à produção, o setor deve seguir focando o desenvolvimento das agroindústrias durante o próximo ano. Atualmente, são 807 estabelecimentos em funcionamento, segundo dados da secretaria de Desenvolvimento Rural. Mas outros 2,5 mil possuem cadastro e estão em processo de regularização.
Para agilizar o processo, o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, espera a regulamentação do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) e a adesão de um maior número de municípios ao sistema de inspeção estadual, o Susaf. "Nossa expectativa é de que a ministra Kátia Abreu defina as regras do Suasa, no máximo, até o fim do primeiro semestre. Afinal, a agroindustrialização é peça chave para agregar valor, produzir alimentos de qualidade sem agrotóxicos e manter a juventude no campo", destaca.
A Fetag aguarda, ainda, a manutenção das verbas dos programas Troca-Troca e Forrageiras por parte do governo estadual. No que se refere à produção de leite, o objetivo é desenvolver a produtividade a um nível médio de 50 litros diários, para que a indústria siga recolhendo dos pequenos produtores. Também deve avançar, na Câmara, o projeto que regulamenta o transporte e a comercialização. "Acreditamos que 2016 será um ano melhor para a cadeia leiteira. Mas ainda precisamos trabalhar pelo aumento do consumo interno e por novos mercados", completa Silva.