Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Mercado imobiliário

- Publicada em 20 de Dezembro de 2015 às 21:18

Cenário é favorável para a compra de imóveis

Preços tanto para aquisição quanto para locação já começaram a ceder

Preços tanto para aquisição quanto para locação já começaram a ceder


ANTONIO PAZ/JC
Esqueça a bolha imobiliária. Os boatos de que os preços despencariam depois da Copa do Mundo, realizada no Brasil em 2014, ou com o agravamento da crise econômica enfrentada pelo País caíram por terra. É certo que os preços se acomodaram, mas continuaram subindo em 2015, ainda que, de maneira geral, abaixo da inflação - o que configura queda real dos preços. Porém, o recuo dos valores praticados pelo mercado não foi tão acentuado quanto o projetado pelas previsões feitas no decorrer dos últimos dois anos.
Esqueça a bolha imobiliária. Os boatos de que os preços despencariam depois da Copa do Mundo, realizada no Brasil em 2014, ou com o agravamento da crise econômica enfrentada pelo País caíram por terra. É certo que os preços se acomodaram, mas continuaram subindo em 2015, ainda que, de maneira geral, abaixo da inflação - o que configura queda real dos preços. Porém, o recuo dos valores praticados pelo mercado não foi tão acentuado quanto o projetado pelas previsões feitas no decorrer dos últimos dois anos.
O mercado imobiliário já trabalhava com a perspectiva de que 2015 seria o ano do ajuste. Ou seja, depois do recente boom, impulsionado pelo crédito e pela facilidade de financiamento - mais acentuadamente entre 2010 e 2013 -, era previsível que haveria alguma acomodação em um contexto de desaquecimento econômico, o que aconteceu ao longo deste ano.
A alta da taxa de juros e as dificuldades impostas ao financiamento marcaram o ano de 2015. De janeiro a dezembro, a evolução da taxa de juros foi de 2,5 pontos percentuais, passando de 11,75% para 14,25% ao ano. Somado a isso, as consecutivas perdas líquidas no saldo da poupança impactaram diretamente na política de concessão de crédito da maior instituição bancária responsável pelo crédito imobiliário: a Caixa Econômica Federal, que, no segundo trimestre, elevou a taxa de juros do crédito imobiliário e reduziu o limite de financiamento tanto para imóveis novos quanto usados.
Com acesso mais restrito aos compradores, os preços, tanto para compra quanto para locação, começaram a ceder na maior parte das cidades avaliadas pelos indicadores do mercado. Segundo as análises coletadas pelo Jornal do Comércio junto a fontes do mercado imobiliário, as tendências para 2016 são de pouca mudança nesse cenário, mas a perspectiva continua sendo a de queda, o que favorece o comprador. "O ano de 2015 foi de acomodação. Agora, 2016 será o ano do comprador, que vai adquirir imóvel, e mesmo os inquilinos encontrarão boas condições de locação", diz o presidente do Sindicato Habitação (Secovi-RS), Moacyr Schukster.
As análises apontam tanto para a manutenção do aumento do preço abaixo da inflação quanto para a queda nominal dos valores. A projeção mais pessimista é da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que aponta para a possibilidade de que, em 2016, sejam registradas quedas nominais de preço, de maneira geral, mas também no mercado imobiliário gaúcho.
Segundo economista da Fipe Bruno Oliva, a retração da demanda, observada em 2015 e que resultou em queda real nos preços, deve continuar a pressionar o mercado no próximo ano. "Nos últimos 12 meses, tivemos aumento dos preços, porém abaixo da inflação, e o efeito foi uma queda real acentuada. Em Porto Alegre, a dinâmica foi parecida", explica, acrescentando que esse movimento foi identificado entre as principais cidades avaliadas pelo Índice Fipe-Zap, um dos principais indicadores de preços de mercado. "Para 2016, esperamos que a queda continue, com tendência de redução nominal."
O economista ressalva, no entanto, que os preços não cederão tanto. "Neste ano, os preços vêm subindo pouco, mas vêm subindo. Já para 2016, a perspectiva é de queda dos preços, mas não será muito acentuada." De acordo com Lucas Vargas, vice-presidente executivo do VivaReal, portal imobiliário que também gera indicadores de mercado, a lógica que deve reduzir preços no próximo ano deve ser ditada pela urgência do vendedor. "As pessoas que estavam anunciando imóveis para venda em 2014 tinham expectativa de fechar negócio, mas esbarraram no problema da liquidez que identificamos em 2015", avalia. "Com isso, surgiu a oportunidade para os compradores que tinham dinheiro para comprar à vista", continua, citando que as incorporadoras, também enfrentando a falta de liquidez do mercado, acabaram oferecendo melhores condições para compradores e investidores.
Esse contexto levou a uma retração do PIB da Construção Civil de 8,4% no acumulado do ano (até o terceiro trimestre de 2015), segundo análise técnica do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS). O estudo mostra que, no Estado, o recuo foi de 6,2%. "Em 2016, devemos manter esses mesmo resultados", projeta o presidente do Sinduscon-RS, Ricardo Sessegolo, que concorda que o comprador pode ser beneficiado nas negociações. Ajustado às demandas, oportunidades e revezes da economia, o mercado imobiliário deve oscilar em alinhamento com a conjuntura, que aponta para mais um ano de queda pela frente.

Instabilidade político-econômica dificulta as análises da indústria da construção para 2016

Sessegolo diz que os lançamentos ocorrerão em situações pontuais

Sessegolo diz que os lançamentos ocorrerão em situações pontuais


CLAITON DORNELLES/JC
"Aqui na Fipe, tínhamos uma perspectiva ruim para 2015, mas, ao longo do ano, vieram situações mais negativas do que as que havíamos previsto, e o contexto acabou sendo um pouco pior do que o projetado", admite o economista Bruno Oliva. Essa percepção não foi só a dele. Todo o mercado vem acompanhando os fatos políticos e econômicos em busca de um pouco mais de previsibilidade.
No Rio Grande do Sul, o presidente do Sinduscon-RS, Ricardo Sessegolo, tem orientado as empresas do segmento a fazerem análises bastante minuciosas antes de qualquer lançamento. "Estamos sugerindo para aguardarem, pelo menos, até o fim do primeiro trimestre do ano que vem para tocarem projetos", revela o dirigente, confirmando que as expectativas das construtoras para 2016 ainda estão nebulosas.
Diante desse contexto, a indústria da construção naturalmente coloca o pé no freio, porque os empreendimentos são de longo prazo e alto custo, risco elevado demais quando não se tem a garantia de comprador lá na frente. Essa cautela, já presente no segmento durante 2015, permanece no próximo ano. As projeções de Sessegolo são de que os lançamentos só ocorrerão em situações pontuais, depois de muita análise e extremamente focados em um público-alvo específico.
Esses são sinais de que as construtoras e incorporadoras estão alinhando ainda mais projetos à demanda. O presidente do Sinduscon frisa que os lançamentos mais bem-sucedidos têm sido os dos empreendimentos que conseguem compreender as necessidades do comprador, com propostas que unem preços atrativos e diferenciais aos seus projetos. É mais uma boa notícia para quem quer adquirir um imóvel.
O presidente do Secovi-RS, Moacyr Schukster, pondera que o mercado imobiliário vive de ciclos. "Quem tiver dinheiro na mão para comprar não vai se arrepender, porque a valorização virá. Isso é historicamente comprovado."