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Telecomunicações

- Publicada em 17 de Dezembro de 2015 às 17:59

Processo contra o PCC derrubou o WhatsApp

Envio de mensagens foi retomado no final da manhã desta quinta-feira

Envio de mensagens foi retomado no final da manhã desta quinta-feira


YASUYOSHI CHIBA/AFP/JC
O processo que está por trás do bloqueio do WhatsApp determinado na noite de quarta-feira, e revogado no fim da manhã desta quinta-feira, após liminar do desembargador Xavier de Souza, da 11ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, envolve o Primeiro Comando da Capital (PCC) e um integrante da facção chamado Ricardo Rissato Henrique, preso pela Polícia Civil paulista em 2013. Segundo policiais que atuam contra a organização criminosa, um dos objetivos foi obrigar o "Estado Maior" da quadrilha - designação que se dá ao topo da hierarquia onde estão as lideranças presas como Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola - a usar celulares para fazer ligações em vez de mandar mensagens instantâneas por meio de aplicativos.
O processo que está por trás do bloqueio do WhatsApp determinado na noite de quarta-feira, e revogado no fim da manhã desta quinta-feira, após liminar do desembargador Xavier de Souza, da 11ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, envolve o Primeiro Comando da Capital (PCC) e um integrante da facção chamado Ricardo Rissato Henrique, preso pela Polícia Civil paulista em 2013. Segundo policiais que atuam contra a organização criminosa, um dos objetivos foi obrigar o "Estado Maior" da quadrilha - designação que se dá ao topo da hierarquia onde estão as lideranças presas como Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola - a usar celulares para fazer ligações em vez de mandar mensagens instantâneas por meio de aplicativos.
Na ação judicial, o grupo de combate a facções criminosas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) pedia a queda do sigilo telefônico e de dados do acusado. O bloqueio foi feito em um processo que corre em segredo de Justiça. O membro da facção investigado é acusado de tráfico de drogas, associação para o crime e latrocínio. Em novembro deste ano, depois de ficar preso preventivamente por dois anos, ele foi solto pelo Supremo Tribunal Federal, por meio de um habeas corpus.
Investigadores que conhecem a estrutura da facção criminosa e o perfil dos criminosos dizem que "apenas a plebe do partido" faz operações e organiza crimes por meio de ligações. Um desses policiais disse que "quem está no topo da cadeia" só se comunica pelo aplicativo. As 48 horas tinham objetivo de servir como termômetro para verificar como os presos falariam "com o mundo exterior".
Ainda de acordo com os investigadores, as polícias Civil e Federal têm dificuldade em obter os dados com empresas de internet, como Facebook e Whatsapp, pois falta colaboração. Para elas, a paralisação do serviço serve também como forma de pressão para que a empresa responsável pelo aplicativo crie ferramentas que permitam rastrear as mensagens publicadas por suspeitos de envolvimento com o crime organizado.
Em nota divulgada na quarta-feira, o Tribunal de Justiça de São Paulo afirmou que o WhatsApp não atendeu a uma determinação judicial em 23 de julho de 2015. Em 7 de agosto de 2015, a empresa foi novamente notificada, e a Justiça fixou multa em caso de não cumprimento. Como a empresa não entregou os dados, a Justiça pediu o bloqueio do serviço. A determinação judicial que não foi atendida pela companhia, entretanto, não foi divulgada, pois corre em segredo de Justiça.
O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende, considerou a determinação do bloqueio do aplicativo por 48 horas desproporcional. "Não há dúvidas que o WhatsApp tem que cumprir todas as determinações judiciais, mas por outro lado é desproporcional o bloqueio, porque isso afeta milhões de usuários", disse.
Para ele, não há motivos para regulamentar o serviço no Brasil, como defendem as operadoras de telefonia. "Na regulamentação do setor, a Anatel é obrigada a garantir o acesso aos aplicativos na rede. O que as teles colocam é a questão tributárias, que não é função da Anatel. Nós achamos que não há nenhum motivo para regulamentar o serviço", defendeu.

Pesquisa revela que 87% dos médicos no País usam app com pacientes

Nove de cada 10 médicos do Brasil usa o aplicativo WhatsApp para se comunicar com pacientes, o que deu aos brasileiros o título de usuários mais frequentes do aplicativo em todo o mundo, segundo pesquisa de uma consultoria britânica de saúde. No Reino Unido, só 2% dos médicos usa o aplicativo para falar com pacientes.
A pesquisa da consultoria britânica Cello Health Insight, que entrevistou 1.040 médicos em oito países - Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Espanha, Estados Unidos, China e Brasil -, revelou que 87% dos brasileiros usaram o WhatsApp nos 30 dias anteriores à entrevista para a comunicação com pacientes. O número é muito superior ao de outros países.
Em segundo lugar, a Itália teve 61%. Na China, 50% dos médicos disse ter usado o WeChat, versão local do aplicativo. "França, Estados Unidos e Reino Unido estão muito atrás de outros países no uso do WhatsApp. Médicos nos países do Sul da Europa, China e Brasil estão usando essa plataforma para comunicação com colegas, pacientes e representantes da indústria farmacêutica", diz a pesquisa.
Em um dia em que o Brasil acordou sem WhatsApp, a boa notícia é que a pesquisa também mostrou que 82% dos médicos também usam a velha e boa mensagem de texto para trocar informações com os pacientes. Na média mundial, 30% dos médicos usam o canal de comunicação.

Concorrentes comemoraram interrupção do aplicativo

Enquanto milhões de brasileiros passaram a manhã desta quinta-feira lamentando a falta do principal aplicativo de mensagens on-line do País, concorrentes do WhatsApp comemoraram o aumento no número de novos usuários. O volume de novas assinaturas foi tão grande que algumas plataformas enfrentaram dificuldades.
O Telegram Messenger informou que, pouco depois da meia-noite de quarta-feira, horário em que o WhatsApp foi bloqueado, a plataforma já havia recebido 1,5 milhões de novos cadastros brasileiros. Por causa disso, os gateways de SMS, usados para a confirmação de novas contas, ficaram sobrecarregados. "Aguardem, seus códigos estão chegando. Estamos trabalhando para acomodar esse tráfego louco", informou o aplicativo.
Desse total, cerca de 420 mil foram para o aplicativo brasileiro ZapZap, que usa uma API do Telegram. Segundo Erick Costa, responsável pelo desenvolvimento do programinha, a média diária de novas instalações fica entre 15 mil e 20 mil. "Com o salto de ontem (quarta-feira), chegamos aos 5 milhões de usuários ativos", comemorou Costa.
Bastante popular no início da década passada, o ICQ também comemorou a enxurrada de novos usuários. O programa informou que, "nas últimas 12 horas, os usuários do ICQ no Brasil se tornaram três vezes mais ativos, e o número de novos usuários aumentou em quatro vezes".
O Facebook, dono do WhatsApp, também quis lucrar com a situação. No aplicativo móvel, a rede social informou estar trabalhando para restaurar o WhatsApp, mas pediu que os brasileiros usassem o Facebook Messenger durante o período do bloqueio.
O próprio Mark Zuckerberg, cofundador e diretor executivo da companhia, fez a recomendação: "Estamos trabalhando duro para reverter essa situação. Até lá, o Messenger do Facebook continua ativo e pode ser usado para troca de mensagens", escreveu em seu perfil na rede.
Zuckerberg criticou a decisão da Justiça. "Estou chocado que nossos esforços em proteger dados pessoais poderiam resultar na punição de todos os usuários brasileiros do WhatsApp pela decisão extrema de um único juiz", disparou.