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Conjuntura

- Publicada em 16 de Dezembro de 2015 às 20:20

Fed aumenta taxa de juros dos EUA

O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou ontem o aumento dos juros no país em 0,25 ponto percentual. É a primeira elevação desde junho de 2006.
O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou ontem o aumento dos juros no país em 0,25 ponto percentual. É a primeira elevação desde junho de 2006.
Com o aumento, a taxa básica de juros, que serve de referência para a remuneração dos títulos públicos americanos e estava entre zero e 0,25%, passa para 0,25% a 0,50%. A decisão, anunciada pelo comitê de política monetária do Fed em sua última reunião do ano, era esperada pela maioria dos analistas de mercado, devido aos sinais de recuperação da economia americana nos últimos meses.
Dados recentes reforçaram a confiança dos membros do Fed para começar a aumentar os juros. Entre eles, a criação de 211 mil postos de trabalho em novembro e a manutenção da taxa de desemprego em 5%, próxima da média histórica de 4,5% anterior à crise financeira de 2008. Outro dado positivo foi o índice de inflação, que manteve-se inalterada. Em novembro, o índice de preços ao consumidor, que exclui alimentos e energia, teve alta de 0,2% pelo terceiro mês consecutivo.
A expectativa em torno do aumento de juros nos EUA vinha causando ansiedade nos mercados a cada reunião do Fed nos últimos meses, sobretudo em mercados emergentes como o Brasil. A preocupação é que, com a melhor remuneração criada após o aumento dos juros, os títulos americanos atrairão recursos aplicados nos países emergentes, de maior risco, pressionando a alta do dólar.
Para Angel Ubide, pesquisador do Instituto Peterson de Ecomomia Internacional, o mercado já absorveu nos preços de ativos possíveis fugas de recursos para os EUA e a instabilidade de economias emergentes como a brasileira. "O problema do Brasil é interno, não foi criado pela economia americana ou pelo Fed", afirmou Ubide, expressando opinião semelhante à de grande parte dos analistas.
Os juros nos EUA estavam próximos de zero desde dezembro de 2008, quando a crise financeira culminou na falência do banco Lehman Brothers, instalando o pânico nos mercados e mergulhando a economia americana à pior recessão desde a década de 1930. O Fed então cortou a taxa de juros ao mínimo histórico, entre zero e 0,25%, num esforço para impulsionar a recuperação do país.
Com a economia americana mostrando sinais de retomada, especialistas alertavam nos últimos meses para o risco de esperar demais para um aumento de juros, entre eles a criação de uma bolha de ativos financeiros, devido ao excesso de liquidez no mercado.
Outro problema foi lembrado pela própria presidente do Fed, Janet Yellen, em discurso há duas semanas. Manter a taxa de juros perto de zero por um longo período, disse, talvez acabasse forçando o Fed a apertar a política monetária "abruptamente". "Isso poderia perturbar mercados financeiros e até levar a economia, inadvertidamente, à recessão", afirmou.
Em meio à expectativa dos últimos meses, muitos economistas apontaram que o ritmo do aumento dos juros será tão ou mais importante que o momento da decisão. A julgar pelos sinais dados pelo Fed, o aumento deve ser gradual e não deve ir além de 1% até o fim de 2016.

Juros podem subir de novo antes de inflação atingir 2%, diz Janet Yellen

Yellen segue com opinião de melhora na economia dos Estados Unidos

Yellen segue com opinião de melhora na economia dos Estados Unidos


SAUL LOEB/AFP/JC
A presidente do Fed, Janet Yellen, disse que "não é preciso ver a inflação atingir a meta de 2% antes de elevar os juros novamente", acrescentando que não existe fórmula simples para observar o que é necessário que ocorra com a inflação para que novos aumentos nas taxas aconteçam no futuro, embora admita que haverá cautela caso a inflação não caminhe para a meta.
Segundo ela, caso os dados lancem dúvidas sobre projeções de inflação, "poderá haver pausa no aperto". Yellen reconheceu que a inflação não atingiu a meta nos últimos três anos e pontuou como um dos problemas para isso a queda dos preços do petróleo. "Fiquei surpresa pela queda nos preços do petróleo, o que tem reduzido os investimentos no setor", argumentou.
Yellen segue com sua opinião de melhora na economia e acredita que a taxa de juros deverá subir até o fim de 2018 para perto do nível normal de longo prazo. "Sinto confiança nos fundamentos que guiam a economia dos EUA, e o Comitê acredita que o processo de normalização seguirá tranquilamente."

Decisão coloca BCs da América Latina à prova

A decisão do Fed de começar a elevar as taxas de juros coloca os bancos centrais (BCs) dos países latino-americanos em uma situação difícil, à medida que eles decidem se seguem o exemplo para evitar que os investidores abandonem ativos locais em detrimento de investimentos de maior rendimento em dólar.
O BC do Brasil pode retomar, em janeiro, um ciclo de aperto que começou em abril de 2013 - elevando a taxa Selic de 7,25% para 14,25%. Espera-se que a economia encolha 4% neste ano, e a inflação está acima dos 10%, enquanto o real se desvalorizou 30% ante o dólar em 2015.
A decisão mais difícil deve ser a do Banco do México, que tem mantido as taxas inalteradas a 3% graças a sua inflação baixa, apesar de queda de 14% no valor do peso mexicano contra o dólar no último ano. O comitê do Banco do México vai se reunir hoje para decidir se aumenta a taxa de juros.
Para os BCs do Chile, Peru, Colômbia, que já aumentaram as taxas de juros devido à inflação, a escolha é se devem apertar ainda mais a política monetária.