Lucros e perdas

Nos últimos meses, houve equilíbrio: apesar da crise, novos restaurantes surgiram, mas a vida gastronômica da cidade anda sofrendo pesadas defecções. O Chez Philippe, por exemplo, recebe seus admiradores até a noite deste sábado - depois, a família retorna à França, ainda sem projeto definido.

Outra noite, um sobrinho meu foi jantar no Steinhaus, sucesso há décadas, ali na rua Paulino Teixeira: encontrou somente o antigo zelador de carros, ainda em bom estado, e capaz de informar que o restaurante fechou. "A dona Miriam cansou e ninguém da família quis continuar", explicou ele, desconsolado.

Há outros que, se pode sentir, não conseguirão subsistir ao processo de aniquilamento da economia brasileira que ora se desenvolve, ainda mais com a extinção da antiga classe média, antes tão adepta do lazer gastronômico. Esse público atualmente se vê relegado a comer hambúrgueres na rua - se o orçamento permitir, acompanhado por uma cerveja artesanal, o que já é um luxo.

Para compensar, casualmente, passei por aquele trecho final da av. Dom Pedro II, quase na av. Plínio Brasil Milano. Surpresa: lá se refugiou o Prinz, em uma antiga residência (sou capaz de apostar que ali já funcionou o Larus, mas isso é outra história). O Prinz desistiu do ponto em que esteve por uns 40 anos; na antiguidade, aquela parte alta da av. Protásio Alves se chamava barlândia e também abrigava o Van Grogh, o Vizcaya e a churrascaria Sherazade, entre outros.

De volta ao presente, nesta semana surgiu uma novidade, no bairro Rio Branco (rua Mariante, 604): nada de garçons emperiquitados, mas um ambiente moderno, apesar do nome: Le Classique, crêperie française, com óbvia especialidade em crepes e toques de criatividade nas composições. Vida que segue.