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Segurança

- Publicada em 11 de Dezembro de 2015 às 18:02

Aprisionamento de 'funcionários do tráfico' lota presídios, mas não resolve o problema

Baixos índices de prisões por homicídio se devem à visão de que 'bandido bom é bandido morto', diz Brzuska

Baixos índices de prisões por homicídio se devem à visão de que 'bandido bom é bandido morto', diz Brzuska


ANTONIO PAZ/JC
O Brasil possui a quarta maior população carcerária do mundo, com 300 pessoas presas a cada 100 mil habitantes. Conforme relatório apresentado pela Assembleia Legislativa no final de outubro, no Rio Grande do Sul, a média é de 250 para cada 100 mil. Em 2014, a quantidade de presos no País superou, pela primeira vez, os 600 mil - entre 2008 e 2013, a população prisional aumentou em 33%. A aceleração causou superlotação de 161%, a maior do mundo.
O Brasil possui a quarta maior população carcerária do mundo, com 300 pessoas presas a cada 100 mil habitantes. Conforme relatório apresentado pela Assembleia Legislativa no final de outubro, no Rio Grande do Sul, a média é de 250 para cada 100 mil. Em 2014, a quantidade de presos no País superou, pela primeira vez, os 600 mil - entre 2008 e 2013, a população prisional aumentou em 33%. A aceleração causou superlotação de 161%, a maior do mundo.
O Estado contabiliza, hoje, mais de 31 mil pessoas aprisionadas, correspondendo a uma taxa de crescimento de 11% do ano passado para este e superando a média dos últimos períodos. Desses, 50% são por tráfico de drogas (há 15 anos, a taxa era de 5%) e 4,5% por homicídio.
Para o juiz Sidinei Brzuska, da Vara de Execuções Criminais, que acompanha as condições dos presídios gaúchos, o Brasil e o Rio Grande do Sul estão gastando muito dinheiro para piorar as coisas, aumentando muito a taxa de encarceramento e, ao mesmo tempo, os índices de violência. "Esse crescimento exponencial de presos por tráfico tem a ver com o fato de enfrentarmos a questão com a Brigada Militar. Em uma pesquisa, apuramos que, em quatro meses, 93% dos detidos levados ao Presídio Central de Porto Alegre foram trazidos por policiais militares, que fazem policiamento ostensivo, então prendem quem está na ponta do iceberg", destaca.
Segundo o magistrado, enquanto o Estado realiza o processo de prisão dessa pessoa, que presta serviço para o tráfico, mas não é peça estruturante, outro funcionário já assumiu o cargo do que foi detido. "Aí, jogamos essas pessoas no Central, de onde, nos últimos cinco anos, foram retirados 9,6 mil celulares, 112 quilos de drogas e 58 armas industriais. Tiramos aquele sujeito de uma boquinha de rua e o levamos para uma grande bocona", conclui. Essa situação só se resolveria, na opinião de Brzuska, a partir de um grande e qualificado debate.
O juiz acredita que os baixos índices de prisões por homicídio se devem à visão da sociedade de que "bandido bom é bandido morto". "As pessoas estão morrendo nas favelas, e essas mortes não nos tocam. Só quando chega perto, que nos damos conta da gravidade do problema da violência. Precisamos tratar todos os homicídios igualmente, não importa quem matou e quem morreu. A maneira como tratamos atualmente alimenta a violência, pois, se os crimes não têm resolução, as pessoas acabam resolvendo cada vez mais seus conflitos com o homicídio. Qual a lei que os presos aplicam? A lei da pena de morte, basicamente. Eles fazem aquilo que a sociedade não presa gostaria de fazer, mas não tem coragem", ressalta.

'Fila do crime não termina', afirma comandante da BM

Coronel Alfeu Freitas quer brigadianos fora dos presídios gaúchos

Coronel Alfeu Freitas quer brigadianos fora dos presídios gaúchos


FREDY VIEIRA/JC
Conforme o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Alfeu Freitas, a corporação tem feito sua parte, bem como a Polícia Civil, mas a "fila do crime" não termina. "Depois de prendermos, as pessoas precisam ou ficar presas, ou, principalmente, passarem por um tratamento de recuperação para que não voltem para o crime. Para reduzir os índices de criminalidade não adianta ter muito mais policiais, porque as pessoas saem das prisões rapidamente e continuam cometendo roubos e furtos", aponta. Atualmente, mais de mil servidores da BM atuam no sistema prisional, tanto na guarda externa, quanto interna. O custo disso para a corporação é de R$ 1,3 milhão.
"A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 233/2015, encaminhada pelo Comando da Brigada Militar, altera o texto da Constituição do Estado, no que diz respeito aos policiais militares terem responsabilidade pela guarda externa das prisões. Nossa corporação não possui nenhuma matéria curricular no curso de formação focada em tratar presos, isso é matéria afeita à Susepe e, por isso, queremos sair", justifica Freitas. Entretanto, o efetivo será mantido até se definir quem assumirá a posição.
Para fazer a segurança do Complexo de Canoas, o Comando de Policiamento da Capital terá que tirar policiais das ruas. A coordenação está estudando de onde eles serão retirados.