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Rodovia

- Publicada em 11 de Dezembro de 2015 às 17:50

Novas vias laterais da freeway mudarão o local do pedágio de Gravataí

Alba acredita que deslocamento da praça de cobrança não deve execeder um quilômetro da montadora GM

Alba acredita que deslocamento da praça de cobrança não deve execeder um quilômetro da montadora GM


JONATHAN HECKLER/JC
Uma melhoria prevista para os próximos anos mudará o cenário logístico da Região Metropolitana de Porto Alegre. A atual concessão da freeway (hoje com a empresa Triunfo Concepa) acaba em julho de 2017, e a licitação que substituirá o atual contrato abrangerá a necessidade de construção de vias laterais nessa rodovia, entre a Capital e Gravataí. Devido a essas marginais, tecnicamente, será recomendável que o pedágio da região mude de lugar.
Uma melhoria prevista para os próximos anos mudará o cenário logístico da Região Metropolitana de Porto Alegre. A atual concessão da freeway (hoje com a empresa Triunfo Concepa) acaba em julho de 2017, e a licitação que substituirá o atual contrato abrangerá a necessidade de construção de vias laterais nessa rodovia, entre a Capital e Gravataí. Devido a essas marginais, tecnicamente, será recomendável que o pedágio da região mude de lugar.
O prefeito de Gravataí, Marco Alba, destaca que a informação de que a construção das vias auxiliares constará na próxima licitação foi dada pelo diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Bastos. A obrigatoriedade da alteração do pedágio não constará no contrato, mas é a tendência lógica.
O presidente da Triunfo Concepa, Thiago Vitorello, que também é engenheiro civil e mestre em Geotecnia, argumenta que uma eventual troca na posição do pedágio de Gravataí seria uma consequência da implantação das marginais. "Havendo as vias laterais, a praça perde o sentido onde está", sustenta. Vitorello explica que, se houver um caminho alternativo, os carros desviarão antes de chegar ao pedágio e congestionarão essa rota. No entanto, o dirigente faz a ressalva de que existe a opção (embora não seja algo usual) de colocar pedágio também nas vias laterais. Atualmente, a praça de Gravataí tem um fluxo de aproximadamente 32 mil veículos ao dia, nos dois sentidos.
Alba salienta que evitar a cobrança de pedágio para o cidadão de Gravataí sempre foi uma reivindicação do município. Ele acrescenta que o tráfego na vizinha Cachoeirinha é intenso devido aos motoristas locais que usam esse caminho para fugir do pedágio. Demandada por esses motivos, na primeira metade deste ano, a ANTT solicitou um estudo de viabilidade para a Triunfo Concepa quanto à implantação das vias laterais entre Porto Alegre a Gravataí, totalizando cerca de 24 quilômetros.
Vitorello enfatiza que se trata de uma obra robusta, que, dependendo do projeto final, poderá variar de R$ 500 milhões a R$ 800 milhões. A iniciativa também implicará a desapropriação de áreas. O estudo sobre as vias laterais estende-se da Arena do Grêmio até as proximidades de Barro Vermelho, na BR-290 (freeway), em Gravataí. O trabalho indica a realização das vias laterais no lado direito de quem trafega na freeway no sentido Porto Alegre - Litoral Norte, entre a Arena do Grêmio e a Fiergs, e no lado esquerdo a partir desse ponto até a GM.
Alba admite que ingressar com as marginais tão dentro da Capital é uma pretensão ousada, porém o dirigente acredita que fazer as obras até a avenida Assis Brasil é algo factível. Apesar do traçado das vias auxiliares e da possível nova posição do pedágio ainda não estarem consolidados, Alba antecipa que a praça de pedágio não deve exceder 1 quilômetro de distância da fábrica da GM, provavelmente entre a unidade e o município de Glorinha, por volta do Km 64. Com isso, deixaria liberado o acesso ao Centro de Gravataí para o motorista que vem ou vai até Porto Alegre.
O presidente da Triunfo Concepa reitera que o principal objetivo das vias laterais será beneficiar o tráfego urbano. Ou seja, ônibus que têm como destino ou origem cidades como Gravataí, Cachoeirinha e Alvorada usarão essas vias auxiliares, algo semelhante ao que acontece na BR-116, quando essa estrada atravessa o município de Canoas.
O estudo de viabilidade das marginais em uma versão inicial já foi encaminhado para o governo federal. Vitorello destaca que o trabalho confirma a viabilidade das vias laterais. Outra provável mudança, adianta Vitorello, é que as praças de pedágios de Santo Antônio da Patrulha e Eldorado do Sul deverão cobrar nos dois sentidos. O dirigente prevê que, sendo confirmada a nova praça, a outra seria derrubada, para melhorar o fluxo de veículos.

No futuro, cobrança pode ser por trecho

Panitz considera injusto pagamento total por quem usa só parte da via

Panitz considera injusto pagamento total por quem usa só parte da via


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Se atualmente as discussões das localizações das praças de pedágios mobilizam as comunidades que vivem próximas às estruturas, com o avanço da tecnologia a questão poderá ser superada. Uma solução levantada para a freeway é que, através de pórticos instalados na estrada e dispositivos eletrônicos nos carros, faça-se a cobrança por trechos percorridos.
O consultor em engenharia de trânsito Mauri Panitz considera que a atual forma de cobrança é muito injusta, porque muitos usuários utilizam a rodovia por poucos quilômetros e pagam uma tarifa "cheia", igual a quem roda por toda a extensão da estrada. Panitz defende a cobrança por trecho (quilômetro rodado).
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), Afrânio Kieling, também considera como melhor opção o aproveitamento da tecnologia para que seja abolida a instalação de praças de pedágio fixas. No entanto, momentaneamente, Kieling reforça que a alteração da posição da praça de pedágio será benéfica para a população de Gravataí. Outra questão fundamental para a região, ressalta o presidente do Setcergs, seria a conclusão da obra de duplicação da RS-118. O empresário considera essa rodovia como fundamental para desafogar o trânsito.
Apesar de concordarem com as vantagens da troca de local do pedágio, Panitz alerta que a ação causará uma grande alteração no equilíbrio da tarifa. Essa desestabilização acontecerá devido às diferenças de fluxo de tráfego que a medida acarretará. O consultor acrescenta que essa situação onerará o transporte de longo curso para favorecer o trânsito urbano, principalmente entre Gravataí e Porto Alegre.
Se o novo ponto do pedágio for confirmado para entre o portão da unidade da GM e o município de Glorinha, isso fará com que os cegonheiros (caminhoneiros) que entram no Rio Grande do Sul pela BR-101 e depois ingressam na freeway para chegar à fábrica da montadora passem a pagar o pedágio em Gravataí. Atualmente, essa operação logística não sofre esse impacto, pois os caminhões não precisam ultrapassar a praça.
Panitz defende que esse cenário tornaria o pedágio mais justo. "Se quem vai para Cachoeirinha paga, por que quem vai para a GM não?", indaga. O consultor sustenta que a freeway já deveria ter sido construída com vias laterais. "Qualquer via expressa, em qualquer lugar do mundo, sempre tem um caminho de serviços que é para o tráfego local", afirma.

Nova licitação ampliará vias concedidas

Vitorello diz que maior extensão permite absorver perda de arrecadação

Vitorello diz que maior extensão permite absorver perda de arrecadação


ANTONIO PAZ/JC
Preparando-se para o final da concessão da Triunfo Concepa, que abrange 121 quilômetros e três praças de pedágios (Santo Antônio da Patrulha, Gravataí e Eldorado do Sul), o governo federal prepara para 2016 o leilão (aberto a qualquer interessado) para que um novo contrato seja estipulado. No entanto, a próxima concessão ultrapassará em muito os limites da freeway.
Conforme dados do Ministério do Planejamento, o projeto apresenta uma extensão total de 581 quilômetros e abrangerá trechos entre Torres e Osório, Osório e Camaquã e Porto Alegre à região de Carazinho, envolvendo as rodovias BR-101, BR-116, BR-290 e BR-386. A concessão tem como objetivo, segundo o governo federal, a ampliação da capacidade, recuperação, operação, manutenção, conservação, monitoramento e implementação de melhorias.
Também estão previstas as duplicações da Rodovia da Produção, até Carazinho, e do trecho Porto Alegre-Camaquã, além de garantir a qualidade da freeway. O prazo da concessão será de 30 anos e a estimativa de investimento é de R$ 3,2 bilhões.
O presidente da Triunfo Concepa, Thiago Vitorello, argumenta que, com uma concessão maior, com mais praças de pedágio, é possível absorver uma eventual perda de arrecadação, caso o pedágio de Gravataí deixe a localização atual e os moradores da cidade não tenham que pagar a tarifa. O executivo antecipa que o grupo Triunfo, controlador da Concepa, participará do certame da nova concessão. O conhecimento adquirido pela empresa na administração da freeway (que iniciou em 1997) representa um diferencial competitivo na concorrência contra outros players. Vitorello diz que a tendência é que o governo oferte esses trechos como uma única concessão e não "fatie" os lotes.

Associação comercial critica o preço pago pelos motoristas

A justificativa do presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Gravataí (Acigra), Régis Marques Gomes, para ser a favor da troca de posição da praça de pedágio é simples. "É muito caro para nós", resume. O dirigente ressalta que para os vários moradores de Gravataí que trabalham em Porto Alegre a distância percorrida é pequena, mas os valores gastos são elevados.
A tarifa para automóveis, caminhonetes e furgões, com apenas dois eixos e rodagem simples (os tipos mais comuns de veículos nas rodovias brasileiras) é de R$ 6,30. O custo vai aumentando em relação à proporção e ao número de eixos dos veículos. Assim, um caminhão com reboque e um caminhão-trator com semirreboque, seis eixos e rodagem dupla (quatro pneus por eixo) pagam R$ 37,80. Motocicletas, motonetas e bicicletas motorizadas, com dois eixos, são oneradas em R$ 3,15.
O representante da Acigra salienta que se sabe da importância de uma rodovia pedagiada dentro do cenário financeiro do poder público e devido à qualidade dessas estradas. "A gente prefere pagar o pedágio, do que ter uma estrutura horrível", ressalta. Contudo, Gomes reitera que é muito alto o preço cobrado no pedágio local e que há uma distorção enfrentada pelos gravataienses. Alguém que faz o trajeto de Eldorado do Sul até Santo Antônio da Patrulha, transitando por cerca de 100 quilômetros, paga o mesmo valor de alguém que sai de Porto Alegre a Gravataí e que completa trechos pequenos, como de 10 quilômetros, diz ele.
A alteração da localização do pedágio, ou a isenção da comunidade local, é uma reivindicação antiga dos empresários e da população. O presidente da Acigra recorda que, recentemente, foi organizada uma movimentação nesse sentido envolvendo presidentes de entidades representantes das sociedades de diversas cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre.
Foram envolvidos municípios como Viamão, Alvorada, Novo Hamburgo, Esteio, São Leopoldo, Canoas, Sapucaia do Sul, Nova Santa Rita, além de Gravataí. Essa articulação teve como objetivo solicitar providências quanto ao pedágio da freeway e sobre a realização da duplicação da rodovia RS-118. Apesar de comemorar a perspectiva da mudança na localização do pedágio, Gomes não acredita que a questão possa influenciar ou não na atração de empresas para o municípío. No entanto, o dirigente argumenta que boa parte do dinheiro que antes era gasto no pedágio pelos gravataienses passará a ser gasto no comércio local.