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Empresas & Negócios

- Publicada em 15 de Dezembro de 2015 às 17:08

Investidor sofre com incertezas

 Analista chefe da Geral Investimentos, Carlos Müller, para o Com a Palavra do Caderno Empresas&Negócios.

Analista chefe da Geral Investimentos, Carlos Müller, para o Com a Palavra do Caderno Empresas&Negócios.


JOÃO MATTOS/JC
Rafael Vigna
Em 2015, diante de uma série de retrocessos que afetaram importantes fundamentos econômicos, algumas certezas foram abaladas no Brasil. Agora, o novo ano que se inicia ainda não foi capaz de diluir muitas das dúvidas que pairavam sobre as expectativas dos poupadores brasileiros. Os desafios permanecem. Entretanto, dar a largada em estratégias de aplicação, nesse momento de crise, pode render bons frutos no futuro. Para o analista-chefe da Geral Investimento, "diversificar" é uma das chaves para proteger o patrimônio de toda a insegurança que ainda ronda a economia nacional.
Em 2015, diante de uma série de retrocessos que afetaram importantes fundamentos econômicos, algumas certezas foram abaladas no Brasil. Agora, o novo ano que se inicia ainda não foi capaz de diluir muitas das dúvidas que pairavam sobre as expectativas dos poupadores brasileiros. Os desafios permanecem. Entretanto, dar a largada em estratégias de aplicação, nesse momento de crise, pode render bons frutos no futuro. Para o analista-chefe da Geral Investimento, "diversificar" é uma das chaves para proteger o patrimônio de toda a insegurança que ainda ronda a economia nacional.
Economista, graduado pela Ufrgs, com especialização em Mercado de Capitais, Müller é responsável pela gestão patrimonial de R$ 150 milhões em dois fundos - o Galt FIA e o Fundo Geral Dividendo FIA, ambos listados entre os produtos mais rentáveis de 2015, segundo o ranking da Anbima. Há oito anos atuando no mercado, Müller analisa algumas das alternativas que tendem a despontar no interesse dos investidores nos próximos meses. Nesse aspecto, diminuir riscos associados à volatilidade e à inflação tem sido aspecto essencial para garantir bons rendimentos.
JC Empresas & Negócios - Em 2015, a inflação pesou sobre o ganho real dos investimentos. O que se pode esperar para 2016?
Carlos Müller - Acreditamos que a inflação permanecerá elevada em 2016. Talvez não nos patamares de 2015, mas ainda bastante alta. Sob hipótese nenhuma convergindo para o centro (4,5%) e dificilmente no topo da meta (6,5%). Acho que o índice estará novamente buscando os dois dígitos. Pelos fatores que existem na economia, percebe-se muitos indícios disso. O PIB está muito fraco. Por outro lado, esse é o fator que poderia reprimir um pouco a inflação. Ou seja, como a atividade econômica estará fraca, a retração seria um aspecto que poderia segurar a inflação. Também há o indicativo de que o Banco Central irá segurar os juros. Pelo menos, havia essa expectativa. Na Geral Investimentos, trabalhamos muito com tendências. Não fechamos números. Extraímos comportamentos dessas tendências. Isso é um ponto interessante e sinaliza que pode ocorrer algum tipo de elevação, porque a inflação está bastante resistente à despeito do enfraquecimento da economia. Não é de duvidar que a Selic volte a subir.
Empresas & Negócios - Nesse ambiente, quais são os investimentos que podem potencializar ganhos em 2016?
Müller - Nesse contexto, existem os títulos públicos e de renda fixa, como LCI e LCA, e os produtos que se beneficiam desse cenário de Selic em alta. Isso também pode ocorrer na renda variável. Sabe-se que a renda fixa, nos atuais patamares, é um grande concorrente para a renda variável. Mas, nas ações, dada a correção que alguns índices vem tendo, percebemos que muitos papéis e setores estão abrindo oportunidades. Claro, esse é um mercado para investidores mais experientes. Não é algo que permita a alocação de percentuais muito altos do patrimônio. É preciso ir com calma. Mas, como forma de diversificação, é algo que pode ser pensado. Existem muitas empresas baratas. Todavia, é preciso fugir de alguns setores tradicionais. Além disso, se for uma empresa que caiu muito, o cuidado tem de ser redobrado. O momento demanda novas estratégias. Há empresas de distribuição de combustíveis, seguros e alimentos e bebidas. Nesses setores, é possível encontrar ativos interessantes.
Empresas & Negócios - O que seria mais indicado para quem busca proteção da inflação?
Müller - O Tesouro Direto tem vário títulos interessantes. A antiga NTNB, agora chamada de Tesouro IPCA mais, é um ativo interessante que está pagando IPCA mais 7,38%. É um ganho de 17,38%. Claro que é preciso carregar até 2019. Tem que ter esse prazo, mas é um ganho real de 7,38%. Títulos de renda fixa e o próprio CDB, LCI e LCA, são títulos que ainda pagam bem. Para bater esses 7,38% da NTNB, temos que pensar que o IPCA rondou os 10% em 2015. É um rendimento muito bom. Paga-se mais, mas há o risco de liquidez associado. Ou seja, é preciso carregar o investimento por um prazo de três anos. Por outro lado, o governo já sinalizou que o objetivo de convergir a inflação ao centro da meta não será algo de curto prazo. Então, talvez, se tudo for feito certo, apenas em 2019 a inflação voltará a níveis mais controlados.
Empresas & Negócios - A rentabilidade dos fundos de ações foi muito prejudicada pelas oscilações do mercado em 2015?
Müller - No produto ações, se olharmos para o Ibovespa, é natural que o desempenho não tenha sido muito bom. Portanto, nos fundos, na comparação com a renda fixa, também quando falamos em médias de mercado, percebemos que o desempenho relativo foi pior. Em longo prazo, entretanto, ainda tende a ser bem maior. No nosso caso, o fundo que gerimos está com um desempenho legal no ano. Há outros nas mesmas condições, mas são poucos e, no geral, são produtos que estão com uma volatilidade mais alta. O investidor precisa ter foco no longo prazo e disciplina de investimentos mais desenvolvida.
Empresas & Negócios - O que poderia ser considerado um capital bom para começar a investir?
Müller - Isso é muito difícil. Depende sempre da idade, do patrimônio e de cada perfil. Poderia dizer um valor como R$ 1 mil por mês. Mas essa cifra é diferente para uma pessoa que ganha R$ 2 mil e outra que recebe R$ 20 mil por mês. Então é muito relativo. No nosso principal produto, a primeira aplicação é de R$ 500,00, por exemplo. As aplicações posteriores são de R$ 100,00. Trata-se de um produto acessível para a imensa maioria das pessoas. A pessoa aplica quando quer. Não precisa injetar todos os meses. Ou seja, isso vai da disponibilidade de cada um e do quanto a mesma pessoa mantém aplicado em outros tipos de investimento. Há clientes mais arrojados. Para esses, é mais tolerável investir em maiores níveis de risco, pois podem arcar com uma eventual perda. Para os conservadores, não se pode pedir que coloquem 20% do patrimônio em ações nesse momento. Vai do perfil, do momento da vida, da disponibilidade de cada um.
 
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