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- Publicada em 25 de Novembro de 2015 às 18:42

Banqueiro teve acesso ao acordo sigiloso de Cerveró

André Esteves teria conseguido documento com anotações manuscritas

André Esteves teria conseguido documento com anotações manuscritas


FREDY VIEIRA/JC
 
 
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Preso nesta quarta-feira, o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, teve acesso a documento sigiloso saído da cela do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, referentes à sua delação premiada. Esse foi um dos motivos para o pedido de prisão do banqueiro pela Procuradoria Geral da República (PGR).
Após investigações, a PGR apontou que Esteves havia se comprometido com o senador Delcídio Amaral (PT-MS), também preso, a fornecer pagamento mensal de R$ 50 mil a Cerveró para ele excluir o BTG Pactual e o senador da sua delação premiada.
Em depoimento prestado aos procuradores, Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró, declarou que “o senador passou a fazer referências a André Esteves, que é ‘quem entraria com a grana’, isto é, que daria suporte financeiro para família do depoente”.
Na reunião gravada por Bernardo, com Delcídio e o advogado Edson Ribeiro, o senador conta que foi informado por André Esteves que ele havia conseguido um documento com anotações manuscritas de Cerveró, que estava dentro de sua cela. Esteves lhe mostrou o material.
“O banqueiro André Esteves está na posse de cópia de minuta de anexo do acordo de colaboração premiada ora submetido à homologação, com anotações manuscritas do próprio Nestor Cerveró. Essa informação revela a existência de perigoso canal de vazamento, cuja amplitude não se conhece: constitui genuíno mistério que um documento que estava guardado em ambiente prisional em Curitiba/PR, com incidência de sigilo, tenha chegado às mãos de um banqueiro privado em São Paulo/SP”, escreveu o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no pedido de prisão ao STF.
Quando é informado do vazamento do documento, Bernardo afirma que deve ter sido tirado da cela de Cerveró, porque não é o mesmo documento que havia sido entregue à PGR, já que possuía anotações manuscritas do ex-diretor.
 
 

Planalto teme que prisão de Esteves afete a economia

O Palácio do Planalto está preocupado com a repercussão na economia da prisão de André Esteves, do banco BTG Pactual, por ser um dos banqueiros mais influentes do país. Esteves foi acusado de conluio com o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) em mais uma fase da Lava-Jato.
“A Lava Jato chegou no setor financeiro. Isso é muito grave do ponto de vista econômico e do futuro do país”, disse um auxiliar presidencial que está participando de todas as conversas relacionadas às prisões.
O Planalto teme reflexos na bolsa e numa piora do cenário econômico, em meio à crise que o país já enfrenta. Quanto à prisão de Delcídio, foi recebida pela presidente Dilma Rousseff (PT) e pelos integrantes do governo com surpresa e apreensão, porque ele estava à frente das negociações das principais medidas de interesse do Executivo no Senado: as votações dos projetos de repatriação e da DRU, e da volta da CPMF. O governo atuará para que a prisão não afete a pauta de votações no Senado a um mês do recesso parlamentar.
“Há obviamente preocupação porque a prisão atinge o líder do governo no Senado. Temos que esperar os desdobramentos, agir com cautela e aguardar como os senadores reagirão à posição do STF nas próximas horas”, avaliou um ministro. O Planalto acredita numa potencial crise entre o Senado e o STF, que autorizou a prisão de Delcídio, uma situação inédita.

Em nota, BTG Pactual diz que vai colaborar com investigações

André Esteves, do BTG Pactual, é o primeiro banqueiro a ser preso na Operação Lava-Jato. Ele foi preso em sua casa, no Rio de Janeiro. Em nota enviada na manhã desta quarta-feira, a instituição diz que vai colaborar com as investigações. “O BTG Pactual esclarece que está à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários e vai colaborar com as investigações.”
O banco de Esteves foi citado pelo doleiro Alberto Youssef em sua delação premiada, em fevereiro deste ano. A acusação era o pagamento de uma propina de R$ 6 milhões na venda de postos de combustíveis de uma distribuidora comprada pelo BTG Pactual para a BR Distribuidora.
A prisão do banqueiro preocupa o Planalto, tanto no sentido do impacto no mercado financeiro nesta quarta-feira quanto num possível acordo de delação premiada. O BTG Pactual foi um dos doadores da campanha eleitoral de 2014 da presidente Dilma Rousseff.

Banco doou R$ 600 mil à campanha de Delcídio

A campanha de 2014 de Delcídio do Amaral, que disputou o governo de Mato Grosso do Sul pelo PT, recebeu doação de R$ 600 mil do Banco BTG Pactual, de André Esteves. O BTG Pactual foi o 13º maior doador da campanha. Já o braço do banco de corretagem de títulos e valores imobiliários fez uma doação de R$ 19.890,00.
Construtoras processadas criminalmente no âmbito da Lava Jato estão entre os principais contribuintes da campanha de Delcídio. A Odebrecht é a maior doadora (R$ 2.999.520,00), seguida da Andrade Gutierrez (R$ 2.851.250,00,00) e da UTC (R$ 2.351.849,20). A Engevix é a décima maior contribuinte (R$ 714.593,27) e a OAS está em 12º (R$ 622.500,00).
Em 2014, Delcídio recebeu 45% dos votos no segundo turno e saiu derrotado pelo tucano Reinaldo Azambuja, que teve 55%. Azambuja tornou-se o primeiro governador de Mato Grosso do Sul em 20 anos a não ser eleito pelo PT ou pelo PMDB. Delcídio, que estava licenciado do mandato de senador, voltou ao Congresso.

Em delação, Cerveró revela que banqueiro pagou propina a Collor

Preso nesta quarta-feira no âmbito da Lava Jato, o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, foi acusado pelo ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró de ter pago propina ao senador Fernando Collor (PTB-AL). Para evitar essas acusações, tentou corromper Cerveró, aponta a Procuradoria Geral da República (PGR).
Segundo o pedido de prisão da PGR, Cerveró relatou “pagamento de vantagem indevida ao senador Fernando Collor, no âmbito de contrato de embandeiramento de 120 postos de combustíveis em São Paulo, que pertenciam conjuntamente ao Banco BTG Pactual e a grupo empresarial denominado Grupo Santiago”.
Esteves teve acesso a documento sigiloso saído da cela do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, referentes à sua delação premiada, quando teria tomado conhecimento das acusações.
Esse foi um dos motivos para o pedido de prisão do banqueiro pela Procuradoria Geral da República.