O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quarta-feira, que o diálogo do governo com a oposição depende da presidente Dilma Rousseff (PT), durante entrevista ao jornalista Roberto D'Avila, na TV GloboNews. Perguntado se é o governo que tem que puxar essa iniciativa, Lula respondeu: "Obviamente".
"A gente pode se encontrar e conversar", disse. "Se tiver assunto para conversar e (se) a presidente da República disser 'vou convidar os ex-presidentes para discutir'", acrescentou. O petista também defendeu a necessidade levar uma "proposta concreta" e de "certo respaldo" para a negociação. "Se você conversar uma vez e não tiver uma proposta concreta, você desmoraliza a proposta política", argumentou.
Lula admitiu que sua sucessora cometeu erros, exemplificando a política de subsídios. O ex-presidente atribui a atual crise do Brasil ao "agravamento da crise internacional" e a "erros nossos".
Para que ex-presidentes, como o tucano Fernando Henrique Cardoso (PSDB), sejam chamados para conversar, Lula diz que é preciso saber se eles têm procuração dos partidos para falar.
O petista disse que é importante que "nós pactuássemos uma saída para esse País" e apontou como problema "uma confrontação de um ano entre o Legislativo e o Executivo". Ele salientou que já teve uma boa relação com o PSDB, citando o apoio petista às candidaturas vitoriosas do tucano Mário Covas (1930-2001) ao governo de São Paulo em 1994 e 1998. Outro exemplo foi o apoio recebido do PSDB para a candidatura da então petista Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo em 2000, também vitoriosa.
Em julho, Lula autorizou amigos em comum a procurar FHC e propor uma conversa sobre a crise política. O Palácio do Planalto expressou apoio à iniciativa, mas a proposta acabou sendo rechaçada por setores do PSDB e, finalmente, pelo próprio ex-presidente tucano.
No mês passado, a ex-senadora Marina Silva (Rede Sustentabilidade) defendeu a ideia de buscar diálogo com Lula e FHC. Candidata derrotada à Presidência, Marina disse que procuraria ambos para ter governabilidade no Congresso.
Na entrevista, Lula disse que não quer tirar Joaquim Levy do Ministério da Fazenda. "Não quero tirar o Levy nem quero colocá-lo."
Ele defendeu a presidente Dilma Rousseff e a necessidade de fazer ajuste fiscal. "E ela sabe o prejuízo que ela teve politicamente com isso (o ajuste fiscal), mas teve coragem de manter", afirmou o ex-presidente, para quem "responsabilidade fiscal não é mérito, é obrigação". De acordo com o petista, a necessidade do ajuste só veio à tona após a reeleição.