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Governo Federal

- Publicada em 17 de Novembro de 2015 às 19:03

PMDB não vai sair da base de apoio, diz Temer

'Temos que colaborar com a reunificação e a unidade do País', indica Michel Temer durante discurso

'Temos que colaborar com a reunificação e a unidade do País', indica Michel Temer durante discurso


JOSÉ CRUZ/ABR/JC
O vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, afirmou ontem que o partido não vai sair da base de apoio do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Questionado quando a sigla desembarcaria do governo, como tem defendido uma ala da legenda, ele apenas afirmou: "Não vai sair".
O vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, afirmou ontem que o partido não vai sair da base de apoio do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Questionado quando a sigla desembarcaria do governo, como tem defendido uma ala da legenda, ele apenas afirmou: "Não vai sair".
Temer minimizou a importância das dissidências e disse que elas são naturais. "Isso é natural, nós temos que colaborar com o País, mesmo as pessoas que desejam sair do PMDB querem colaborar com o País", afirmou. "Na política você tem valores e o valor que deve prevalecer agora é o valor País."
O congresso peemedebista realizado nesta terça-feira, em Brasília, começou evidenciando divergências internas em vários pontos, entre eles, o desembarque do governo e mudanças no estatuto. Não há consenso nem mesmo sobre o seu novo programa econômico, intitulado Uma Ponte para o Futuro.
Uma das demonstrações de maior unidade diz respeito ao desejo da sigla em lançar candidato próprio à sucessão da presidente Dilma, em 2018. Questionado se o congresso de hoje poderia referendar alguma decisão neste sentido e eventualmente sinalizar a escolha de um candidato, Temer afirmou que 2018 será avaliado apenas "em 2017".
O vice-presidente também afirmou que o congresso nacional da Fundação Ulysses Guimarães, ligada ao partido, não significa uma ruptura da legenda com o governo da presidente Dilma Rousseff. Ele destacou que o programa lançado pela sigla é um "partidário", e não "eleitoral", e que "tem novidades e ousadias que acho que o Brasil está precisando".
Apesar de afirmar que a presidente Dilma faz o "possível e o impossível" para unificar o País, Temer pregou a "pacificação" do Brasil. Questionado sobre quem seria a liderança capaz de unificar o País, ele afirmou que há hoje muitas lideranças capazes no País, "inclusive no próprio governo".
Ovacionado por militantes do PMDB que gritavam "Brasil para frente, Temer presidente", o vice chegou ao congresso acompanhado de outros caciques do PMDB, com o ex-presidente José Sarney e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do Senado, Renan Calheiros (AL). Ele negou que será candidato à presidência nas próximas eleições e destacou que "se dará por satisfeito" se chegar a 2018 tendo ajudado o PMDB a construir um bom programa partidário e a escolher um bom candidato.

Não faltou crítica à aliança com o PT

Mesmo tentando evitar críticas diretas ao governo Dilma Rousseff (PT), a direção do partido deixou claro que haveria espaço para que todos se manifestassem. O próprio governo já esperava, inclusive, "bastante barulho" no evento. A tranquilidade no Planalto, entretanto, foi assegurada pelo próprio Michel Temer, que, na segunda-feira, na reunião de coordenação, reforçou que o congresso não teria nenhum poder decisório.
Coube ao deputado federal gaúcho Darcísio Perondi (PMDB) um dos discursos mais duros pela saída do partido da base e pelo impeachment da presidente. "Essa aliança é um problema. A solução para a crise é o afastamento da presidente", disse.
O ex-ministro da Integração Nacional na gestão Luiz Inácio Lula da Silva, Geddel Vieira Lima, que também é uma das vozes de dissidência no partido, afirmou: "Se queremos ter condições de falar de candidatura em 2018, temos que ter a coragem de abandonar os cargos nesse governo", fazendo um mea-culpa por ter tido cargo no governo petista.
Segundo Geddel, é preciso que haja um afastamento do governo da presidente Dilma Rousseff para que a sociedade não veja o PMDB como "sócio" da crise. "Estou com ânsia e louco para ver o PMDB ser protagonista do cenário político. O PMDB é e haverá de ser sempre maior que meia pataca de ministério, que meia pataca de cargos públicos", disse.

'Partido nos ajuda todo o dia', elogia ministro Edinho Silva

O ministro Edinho Silva (PT), da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, negou que o congresso promovido ontem pelo PMDB seja um sinal de que o maior partido da base esteja se distanciando do governo e afirmou que a sigla "ajuda todos os dias" a gestão de Dilma Rousseff (PT).
Tido como o primeiro passo para a ruptura do PMDB com o PT, o congresso da Fundação Ulysses Guimarães - centro de estudos do partido - tem como um de seus objetivos discutir o recém-lançado documento "Uma Ponte para o Futuro", que faz críticas à condução política e econômica do governo.
"Em uma coalizão, partidos não têm que ter o mesmo pensamento, mas isso não significa que não haja unidade no governo", minimizou Edinho durante discurso para empresários em São Paulo. "O PMDB nos ajuda todo dia. Prova disso é que o vice-presidente Michel Temer, que é do PMDB, foi quem comandou a última reunião de coordenação política."
Iniciado na manhã de ontem, o evento já gerou diversas críticas à administração federal e apelos para que o PMDB desembarque do governo. Em plenário, no qual os microfones foram abertos para os peemedebistas fazerem críticas ao governo federal, dirigentes e parlamentares da tendência oposicionista da legenda pregaram a substituição de Dilma por Temer e culparam a administração federal pela atual crise econômica.
Segundo aliados, Temer usará o congresso para fazer um novo apelo pela reunificação do País em nome da superação da crise econômica. Na última vez em que defendeu o engajamento das diversas forças políticas na superação da crise, o peemedebista incomodou aliados da presidente que viram no gesto dele uma tentativa de se colocar como o agente capaz de promover essa união.
Em entrevista coletiva após o evento em São Paulo, Edinho admitiu que a baixa popularidade do governo Dilma dificulta "a criação de consensos na sociedade" para implementar mudanças, mas apostou que o governo vai se recuperar depois que as medidas de ajuste fiscal surtirem efeito e a economia melhorar, o que, segundo ele, deve acontecer em 2016.
"Em um país democrático, a crise é superada com diálogo e construção, não com ruptura institucional. Seria autoritário", afirmou, criticando os defensores do impeachment da presidente.