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Câmara dos Deputados

- Publicada em 12 de Novembro de 2015 às 18:08

Oposição joga fora chance de impeachment, diz Cunha

Presidente Eduardo Cunha durante sessão plenária da Casa

Presidente Eduardo Cunha durante sessão plenária da Casa


JOSÉ CRUZ/ABR/JC
Informado em "tempo real" sobre a entrevista coletiva da bancada do PSDB anunciando rompimento na manhã desta quinta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), descarregou sua fúria sobre o vice-líder da bancada tucana, Nilson Leitão (MT).
Informado em "tempo real" sobre a entrevista coletiva da bancada do PSDB anunciando rompimento na manhã desta quinta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), descarregou sua fúria sobre o vice-líder da bancada tucana, Nilson Leitão (MT).
Segundo testemunhas que presenciaram o encontro com o tucano, Cunha chamou o PSDB de "ingrato" e disse que a oposição jogou fora a oportunidade de ver aberto o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT). Leitão se encontrou com o peemedebista logo que o líder da bancada, Carlos Sampaio (SP), formalizou a intenção de pedir em plenário seu afastamento.
O vice-líder foi conversar com Cunha sobre a instalação da CPI da Funai, mas logo que abriu a porta foi "metralhado" com uma série de adjetivos negativos. Segundo as testemunhas, Leitão ouviu as reclamações e disse que ele deveria procurar o líder Sampaio. Na avaliação de Cunha, os tucanos foram ingratos porque a oposição nunca ganhou tanto protagonismo numa legislatura como agora.
A oposição foi contemplada com espaço na Mesa Diretora, com funções de destaques nasCPIs, com votações de interesse das bancadas oposicionistas e com um amplo palanque no plenário para atacar e derrotar o governo.
Aliados de Cunha disseram que o peemedebista ficou "enfurecido" e "revoltado" com a postura do PSDB.
"O Eduardo Cunha reagiu com indignação. Achou um absurdo", revelou o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP). Paulinho disse que, no almoço de terça-feira com o peemedebista, o PSDB teve uma postura diferente da anunciada nesta quarta-feira. Agora ele já não sabe se Cunha anunciará mesmo nesta semana um novo rito para o processo de impeachment, como havia prometido. "Acho que foi mal (a ruptura) porque, no meu ponto de vista, abriram mão do impeachment. Jogaram o Cunha no colo do PT", avaliou Paulinho.
Os oposicionistas estavam insatisfeitos com a postura ambígua de Cunha sobre a abertura do processo contra Dilma. Segundo líderes de oposição, toda semana o peemedebista vinha apenas dando sinais de que poderia deferir o pedido de afastamento de Dilma, mas não dava um passo firme em direção a isso. "Ele sempre acena com a possibilidade", contou um oposicionista reclamando da "enrolação" do presidente da Câmara.
"O Cunha estava escolhendo o melhor caminho para se salvar. Chega na hora do Cunha decidir e o PSDB pula do barco? Entrega ele ao PT?", criticou um deputado próximo do peemedebista.

Deputado diz que só voltará a falar sobre contas na Justiça

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou, nesta quinta-feira, que só voltará a se pronunciar na Justiça sobre suas contas no exterior, evitando esclarecer contradições existentes entre suas declarações sobre o assunto e os documentos enviados pela Suíça ao Brasil.
Como a Folha S.Paulo revelou, os extratos encaminhados pelas autoridades suíças à Procuradoria-Geral da República (PGR) contrariam a versão do deputado de que ele nunca movimentou o dinheiro depositado em uma de suas contas por um lobista investigado na Operação Lava Jato.
Os documentos mostram que os recursos foram movimentados duas vezes no ano passado. Uma parte foi aplicada em ações da Petrobras e o restante foi transferido para uma conta de uma empresa de Cingapura que tem o próprio Cunha como beneficiário.
"Me cobram um documento ou a resposta daquilo que eu já respondi", disse Cunha, referindo-se a entrevistas a veículos de imprensa na semana passada. "Não vou ficar comentando, porque todo dia tem uma especulação."
Ele afirmou ter entregue à Folha de S.Paulo documentos que comprovariam sua versão sobre o dinheiro. Na verdade, os papéis apenas comprovam sua ligação com as contas que movimentaram seu dinheiro no exterior. As contas são controladas por empresas e "trusts", dos quais ele é o principal beneficiário.
"Conversem com os advogados", disse Cunha. "Vou apresentar juridicamente quando tiver que apresentar. Não vou ficar respondendo cada detalhe que publicar. Infelizmente, fui correto apresentando a documentação, mas parece que não adianta. Já que não adianta, vou reservar a representação para ser feita nos fóruns competentes."
Em junho de 2011, o lobista João Augusto Henriques depositou 1,3 milhão de francos suíços (o equivalente a R$ 4,8 milhões hoje) em uma conta de Cunha após intermediar a venda de um campo de petróleo na África para a Petrobras.
Em suas entrevistas à Folha de S.Paulo na semana passada, Cunha disse que os administradores da conta o informaram da transferência em 2012 e ele os orientou a manter o dinheiro intocado até que alguém o reclamasse.