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Clima

- Publicada em 30 de Novembro de 2015 às 22:19

Estado deve desenvolver maior capacidade de resiliência

Principal desafio no Estado está na redução dos impactos agrícolas

Principal desafio no Estado está na redução dos impactos agrícolas


FREDY VIEIRA/JC
A Convenção das Nações Unidas sobre Mudança no Clima (COP-21) começou ontem em Paris, mas o evento teve atividade na data também em Porto Alegre. A Capital foi escolhida como a cidade sede da convenção no Brasil. Em apresentação sobre a COP-21 realizada ontem na Cinemateca Capitólio, o professor Rualdo Menegat, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) deu um breve panorama da situação climática no mundo e alertou: o aquecimento global é uma realidade e o planeta poderá chegar em 2100 com uma temperatura tão extrema, que os cientistas não conseguem mensurar as consequências.
A Convenção das Nações Unidas sobre Mudança no Clima (COP-21) começou ontem em Paris, mas o evento teve atividade na data também em Porto Alegre. A Capital foi escolhida como a cidade sede da convenção no Brasil. Em apresentação sobre a COP-21 realizada ontem na Cinemateca Capitólio, o professor Rualdo Menegat, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) deu um breve panorama da situação climática no mundo e alertou: o aquecimento global é uma realidade e o planeta poderá chegar em 2100 com uma temperatura tão extrema, que os cientistas não conseguem mensurar as consequências.
Segundo Menegat, os grandes incêndios, deslizamentos de terra, inundações e nevascas recorrentes em diversos países mostram que a cultura atual da população não respeita a natureza, gerando, nela, um impacto. “Vivemos uma situação inédita. As temperaturas nas últimas três décadas superaram as registradas nos últimos 11,5 mil anos. Em agosto de 2015, tivemos a ocorrência de três furacões em diferentes partes do mundo ao mesmo tempo, algo que, há pouco tempo, seria considerado cenário de ficção. Não há mais dúvidas sobre o aquecimento global”, revela.
O aumento das temperaturas e da concentração de gás carbônico sempre andaram juntos, uma vez que criam os gases de efeito estufa, conforme o professor. Analisando a emissão dos últimos anos, os cientistas estimam que, na pior das hipóteses, o planeta pode ficar com até 4,5 graus a mais do que sua temperatura média, de 15 graus positivos, até o final deste século. Neste ano, a marca chegará a 16 graus, já com 1 grau anômalo. Contudo, se a temperatura superar os 2 graus anômalos, a capacidade de gestão da sociedade para enfrentar os impactos das mudanças climáticas se tornará imprecisa e perigosa. “Não quer dizer que, antes disso, não teremos problemas enormes para enfrentar, mas sim que, agora, as taxas desse problema ainda são gestionáveis. As cidades vão inundar, mas ainda conseguimos nos recuperar e adaptar. Esse é o grande tema que a COP-21 debaterá”, explica.
No Rio Grande do Sul, o principal desafio é na área agrícola. “Temos a agropecuária, que precisamos mudar rapidamente de um modelo extensivo, com muito impacto, devido ao metano exalado pelos bovinos, para uma pecuária de menor impacto. A própria presidente Dilma Rousseff se comprometeu com um programa de redução de 50% das emissões nesse setor. Além disso, temos as atividades de monocultura, como a soja, que precisam ser combinadas com a preservação das matas, derrubadas em grande quantidade no Estado”, aponta Menegat. O Estado deverá, também, desenvolver maior capacidade de resiliência, pois o excesso de chuva, como já registrado neste ano, poderá afetar a economia de forma severa, danificando a produção de arroz, hortifrutigranjeiros, frutas e outros.

Capital é representante da convenção por tradição de movimentos cidadãos

O conselheiro de Cooperação e Ação Cultural da Embaixada da França no Brasil, Alain Bourdon, participou das atividades relativas à COP-21 na Capital. “Porto Alegre tem uma tradição de movimentos cidadãos, já se engajou muito em assuntos relativos à mudança climática. Por isso e por ter se mostrado tão interessada em contribuir, foi a opção ideal de cidade representante do evento no Brasil”, destaca.
Manifestações estão marcadas nos 196 países participantes do encontro. “Os interesses das nações são distintos entre si. Por isso, a mobilização popular é importante: para mostrar que a sociedade civil é a favor de uma mudança, de medidas fortes contra o aquecimento global. Essa é uma maneira de pressionar nas negociações, para mostrar que o assunto não diz respeito somente a especialistas, e sim a todos os cidadãos”, ressalta.

Virada Sustentável oferecerá atividades esportivas e artísticas aos porto-alegrenses

O aniversário de Porto Alegre em 2016 será marcado por atividades sustentáveis. Entre os dias 31 de março e 3 de abril, serão realizadas apresentações artísticas, campeonatos esportivos e seminários temáticos, na primeira edição da Virada Sustentável da cidade. O projeto foi trazido de São Paulo, onde o evento já ocorre.
Para o curador da Virada Sustentável, Francisco Marshall, a sociedade, mesmo sabendo das mudanças climáticas, ao invés de reduzir a emissão de gases de efeito estufa, tem aumentado. "Precisamos mudar a nossa cultura, desde as pequenas, até as grandes atitudes. Por isso, para que os porto-alegrenses se engajem, resolvemos promover esse evento", afirma.