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Geral

- Publicada em 25 de Novembro de 2015 às 22:39

Famílias da Vila da Mata são levadas para abrigo

Ocupantes desmontaram casas com cuidado para reaproveitar madeira

Ocupantes desmontaram casas com cuidado para reaproveitar madeira


FREDY VIEIRA/JC
Isabella Sander
Não adiantou o apelo da prefeitura e dos moradores para que a juíza Lucia Helena Camerin adiasse a reintegração de posse da Ocupação Vila da Mata por ela determinada. Ontem, 68 famílias tiveram que deixar o local e viram suas casas na área, no bairro Passo das Pedras, em Porto Alegre, serem destruídas. Os ex-moradores foram levados para o Centro Comunitário Vilá Ingá (Cevi), também na zona Norte.
Não adiantou o apelo da prefeitura e dos moradores para que a juíza Lucia Helena Camerin adiasse a reintegração de posse da Ocupação Vila da Mata por ela determinada. Ontem, 68 famílias tiveram que deixar o local e viram suas casas na área, no bairro Passo das Pedras, em Porto Alegre, serem destruídas. Os ex-moradores foram levados para o Centro Comunitário Vilá Ingá (Cevi), também na zona Norte.
“Derrubaram a minha casa com um trator quando eu desci para deixar meus pertences na saída da vila. Agora, não tenho nem tábuas para reconstruí-la”, desesperou-se Karliane Goulart da Silva, de 26 anos. Mãe solteira de cinco filhos, a jovem precisou deixar a moradia sozinha para transferir seus pertences para outros lugares. Assim, não pôde preservar o material das casas, feita de madeira compensada, com duas peças e sem banheiro, uma vez que a equipe enviada pela construtora Ivo Rizzo, proprietária do terreno que teve o pedido de reintegração de posse atendido pela Justiça.
A Procuradoria-Geral do Município (PGM) é assistente da construtora Ivo Rizzo na reintegração, uma vez que se trata de uma área privada, com 20% de seu terreno de posse pública, doado como contrapartida pela construção de um grande empreendimento imobiliário. No local, será feita uma praça.
“Estão tirando a gente daqui porque falaram que vai ser uma área nobre, e que aqui nesta parte da terra terá uma pracinha. Estão deixando a gente sem casa por causa de uma pracinha, sendo que, antes da ocupação, aqui era tudo mato. Roubavam, assaltava, matavam e escondiam os corpos aqui. Eles pensam que a gente não é ninguém. A gente não é nobre, então? Não merece estar aqui?”, questionou Karliane.
Nos próximos 30 a 60 dias, os moradores ficarão abrigados no Cevi. Esse é o tempo estimado pela prefeitura para a realização de obras de saneamento básico e ligamento de energia elétrica nos lotes destinados às famílias, no quadrante da rua Professora Ziláh Totta, bairro Jardim Leopoldina.
Após ouvir da prefeitura, inicialmente, que não precisaria sair do terreno, a população está apreensiva sobre se a doação dos lotes será concretizada ou não. “Meus filhos perguntavam onde vamos morar e eu dizia: quando vocês voltarem da creche, a gente vê. Estamos preocupados, porque primeiro a prefeitura disse que íamos ficar aqui, depois que iam nos dar um lugar, e depois que não iam dar. Agora, disseram que darão um terreno. Espero que deem mesmo”, observa Karliane. Dos 270 moradores da Vila da Mata, mais de 70 são crianças.
Juliana Gonçalves Neves, de 24 anos, não acredita que a praça será de fato construída. “Quando viemos para cá, tudo era mato. Se fosse para fazerem uma praça, já teriam feito. Antes, aqui era zona de assalto e estupro. Agora, sairemos, o mato vai crescer, as pessoas vão assaltar mais e usar drogas escondidas. Nos expulsar vai aumentar a criminalidade na região”, alerta.
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