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Câncer de Próstata

- Publicada em 03 de Novembro de 2015 às 22:18

Novembro Azul alerta para o diagnóstico precoce

Gabbardo critica realização indiscriminada de testes de próstata

Gabbardo critica realização indiscriminada de testes de próstata


JOÃO MATTOS/JC
Assim como o Outubro Rosa, que chama atenção à importância do combate ao câncer de mama, o Novembro Azul tem a missão de orientar a população masculina a realizar o exame de próstata, fundamental para o diagnóstico precoce do tumor, um dos mais frequentes entre homens.
Assim como o Outubro Rosa, que chama atenção à importância do combate ao câncer de mama, o Novembro Azul tem a missão de orientar a população masculina a realizar o exame de próstata, fundamental para o diagnóstico precoce do tumor, um dos mais frequentes entre homens.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tumor é o sexto tipo mais comum no mundo. A cada seis homens, um desenvolve a doença. A estimativa é de que, anualmente, 69 mil novos casos sejam diagnosticados um a cada 7,6 minutos. A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda que homens a partir de 50 anos procurem um profissional para realizar os exames preventivos anualmente. Homens com histórico familiar, negros, sedentários e obesos devem iniciar a prevenção aos 45 anos, uma vez que possuem maior risco de desenvolver a doença. Se precocemente diagnosticada, a chance de cura chega a 90%.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) explica que a detecção precoce compreende duas estratégias, uma destinada ao diagnóstico em pessoas que apresentam sinais iniciais da doença, o diagnóstico precoce, e outra voltada a pessoas assintomáticas e aparentemente saudáveis, chamada de rastreamento. Com base em estudos que constataram que o rastreamento possui mais dano do que benefícios, o Inca recomenda que homens que demandam o rastreamento sejam orientados pelos médicos sobre os riscos e provável ausência de benefícios associados à prática.
O secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, corrobora o posicionamento do Inca. "Os exames são importantes para pessoas com alto risco, com histórico familiar ou genético, ou quando surgem sintomas. Não recomendamos a realização indiscriminada de testes", explica o secretário. Gabbardo argumenta que os grupos que fizerem o rastreamento terão os mesmos resultados daqueles que não o fizerem. "As pessoas rastreadas fazem procedimentos adicionais desnecessários, como biópsias e cirurgias, e sofrem com danos como incontinência renal e impotência sexual."
De acordo com o secretário, a maioria dos tumores na região da próstata é benigna. Quando maligna, a evolução, em boa parte dos casos, é lenta e pode levar até 30 anos. "Nem sempre, o fato de existir um tumor justifica a realização do procedimento cirúrgico", argumenta.
Existe uma resistência, por parte do sexo masculino, à realização dos exames preventivos. O secretário, no entanto, acredita que a recomendação pode facilitar o entrave. "Eles não querem e não devem fazer sem motivo. Talvez, se convencermos os homens de que é realmente necessário quando houver uma situação de risco, a adesão seja menos dramática", esclarece.
O Instituto Lado a Lado pela Vida realiza, durante todo o mês, ações para evidenciar a importância do tema, como a iluminação de prédios públicos com a cor azul. É o quarto ano que a organização lidera a mobilização.
A presidente do Instituto, Marlene Oliveira, comenta que um dos principais focos do Novembro Azul é combater o preconceito. "Queremos que o homem passe a cuidar de sua saúde como a mulher cuida da dela, com exames médicos periódicos. Temos percebido uma diminuição na resistência, mas ainda é longe do ideal."

Urologista reafirma necessidade de check up anual, com realização de PSA e toque

O urologista Carlos Teodósio da Ros, membro da Diretoria de Comunicação da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), lamentou a declaração de Gabbardo. "É uma lástima que um nome importante tenha feito um comentário desses, que certamente não saiu do meio urológico", afirma. De acordo com Ros, todas as sociedades de urologia ao redor do mundo recomendam o check up anual da próstata, composto pela dosagem de PSA (antígeno prostático específico, uma enzima cuja presença em níveis anormais pode indicar a presença de tumor) e pelo toque retal. "O ideal é que comece a ser feito aos 40 anos em pessoas com fator de risco familiar ou negros. Os demais podem esperar até os 45. Não mudou nada", comenta o profissional, que está no XXXV Congresso Brasileiro de Urologia, que termina hoje, no Rio de Janeiro.
O médico também contesta a utilização do termo "prevenção". "Não temos como alterar a história do câncer. A chance das pessoas que fazem rastreamento e das que não fazem desenvolverem a doença é a mesma, mas não há discussão quanto ao tratamento", explica. Para ele, o paciente e o médico podem discutir se vale mais a pena acompanhar o andamento do câncer, ou realizar um tratamento mais agressivo, mas "deixar um câncer evoluir para a morte é muito pior do que tratá-lo". Sem identificação da presença do tumor, é impossível determinar se ele é maligno ou benigno. "Pode ser um câncer altamente violento, que mata em poucos dias", pondera Ros.