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Política Monetária

- Publicada em 25 de Novembro de 2015 às 20:28

Banco Central mantém juros em 14,25% ao ano

O Banco Central manteve ontem a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano. Foi o terceiro encontro seguido em que a taxa foi mantida. Na reunião de outubro, a autoridade monetária já indicava que manteria os juros nesse patamar "por período suficientemente prolongado" para alcançar a meta de 4,5% ao ano "no horizonte relevante da política monetária", período que vai até outubro de 2017.
O Banco Central manteve ontem a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano. Foi o terceiro encontro seguido em que a taxa foi mantida. Na reunião de outubro, a autoridade monetária já indicava que manteria os juros nesse patamar "por período suficientemente prolongado" para alcançar a meta de 4,5% ao ano "no horizonte relevante da política monetária", período que vai até outubro de 2017.
A manutenção era esperada por 49 dos 50 economistas ouvidos pela agência internacional Bloomberg. Apenas um, do CIBC World Markets, previa aumento de 0,25 ponto percentual, até 14,5%. A decisão foi anunciada poucos dias depois de a prévia da inflação oficial, o IPCA-15, superar 10% no acumulado em 12 meses.
O mais recente boletim Focus, divulgado na última segunda-feira, também mostra uma inflação pressionada, estimando o IPCA em 10,33% até o fim do ano. A pesquisa é realizada semanalmente pelo Banco Central com economistas e instituições financeiras. Para 2016, a expectativa foi ampliada para 6,64%, ante 6,50% na semana anterior.
A pesquisa mostra ainda que o mercado prevê que os juros se mantenham em 14,25% até o final do ano, enquanto a expectativa é que a Selic encerre 2016 no patamar de 13,75%. Na avaliação de analistas, a decisão de manter a Selic se baseia na desaceleração da atividade econômica pela qual passa o País.
A instituição tem dito que precisa manter os juros elevados para que a alta da inflação causada pelo dólar e pelo reajuste de tarifas e preços controlados não se espalhe por toda a economia. O desemprego causado pelo aperto na taxa, por exemplo, evita o repasse de toda a inflação para os salários. Os juros, por outro lado, não têm efeito sobre o câmbio neste momento e nem sobre decisões em relação a preços de combustíveis, por exemplo. E são esses os fatores, segundo o governo, que levaram à piora nas projeções para o índice de preços neste e no próximo ano.
A decisão de manter os juros também é amparada pela fraqueza econômica do País. Até setembro, a economia brasileira registrou quatro trimestres seguidos de retração, de acordo com o indicador de atividade do Banco Central, o IBC-Br. No 3º trimestre deste ano, a queda foi de 1,41% em relação ao trimestre anterior. Números revisados pelo BC mostram queda de 2,09% no 2º trimestre, 1,05% no 1º e 0,50% nos últimos três meses de 2014.
A expectativa do mercado é de dois anos de queda no PIB (Produto Interno Bruto), neste e no próximo ano. O boletim Focus prevê queda de 3,15% do PIB neste ano e retração de 2,01% da atividade econômica em 2016. Os juros estão hoje no maior patamar em nove anos. A próxima reunião do Copom ocorrerá nos dias 19 e 20 de janeiro.
 

Para Fiergs, manutenção não resolve problema da inflação e penaliza o setor produtivo

"A deterioração acentuada da atividade econômica e, especialmente, do mercado de trabalho parecem ter pesado sobre a decisão do Banco Central. Contudo, a quase certeza de que terminaremos o ano com inflação acima de 10% mostra que serão necessárias medidas adicionais. A Política Fiscal precisa ser ajustada nesse sentido, com o Congresso e Executivo trabalhando para implementar um ajuste efetivo nos gastos do setor público e encaminhando as reformas para destravar a economia nos próximos anos", afirmou o presidente da Fiergs, Heitor Müller, ao avaliar a decisão do Copom de manter a Selic em 14,25% ao ano.
O presidente da Fiergs lembrou que a atividade econômica brasileira em setembro registrou queda de 2,8% no acumulado em 12 meses. Na mesma base de comparação, a produção industrial teve retração de 6,5%, e as vendas do comércio varejista recuaram 6,0%. Em outubro deste ano, foram fechados mais de 169 mil postos de trabalho formais, contra 17 mil em 2014.
A Força Sindical também criticou a manutenção do indicador. Segundo o presidente da entidade, Miguel Torres, com a decisão, o governo "dá um presentão de Natal para os especuladores. Infelizmente, a medida vai prejudicar a indústria e o comércio neste final de ano".
Para Torres, a taxa de juros elevada alimenta a recessão no País, aumenta o desemprego e torna a recuperação da atividade econômica mais distante e difícil. "Essa nefasta política derruba a atividade econômica, deteriora o mercado de trabalho e a renda, reduz a confiança e os investimentos, o que compromete a capacidade de crescimento econômico futuro. Ou seja, caminha na contramão dos anseios da classe trabalhadora", afirma.
De acordo com o dirigente, o aumento da taxa de juros tem sido ineficaz no combate à inflação, encarece o crédito para consumo e para investimentos, causa mais desemprego, queda de renda, piora o cenário de recessão da economia e ainda contribui para diminuir a arrecadação do governo.