A Pfizer, que produz o Viagra, comprou a fabricante do Botox, a Allergan, por US$ 160 bilhões, de acordo com comunicado divulgado na manhã de ontem e assinado pelas duas empresas. Cada ação da Allergan foi avaliada na transação em US$ 363,63 - mais de 30% acima do preço do papel no fechamento do mercado na sexta-feira, de US$ 312,46.
Horas antes da formalização da aquisição, fontes próximas às negociações afirmaram que a gigante americana conseguira a aprovação formal de seu conselho de administração no domingo para a compra da fabricante farmacêutica sediada na Irlanda. O acordo criará a maior farmacêutica do mundo.
Sediada em Nova Iorque, a Pfizer produz medicamentos, entre eles o Viagra, o analgésico Lyrica e a vacina Prevnar. Já a Allergan, além do Botox, fabrica o remédio Nameda, para o tratamento do Mal de Alzheimer. Juntas, as duas empresas formarão a maior companhia farmacêutica do mundo em vendas anuais, que totalizarão US$ 60 bilhões.
O negócio é sem precedentes por vários motivos. É a maior aquisição deste ano. É o maior negócio da história da indústria farmacêutica, superando a compra da Warner-Lambert pela Pfizer em 2000 por US$ 116 bilhões. E se a nova companhia conseguir estabelecer de fato sua sede financeira no exterior em busca de uma menor carga tributária, essa será a maior mudança com esse sentido já registrada.
A mudança de domicílio fiscal exige um grande alvo estrangeiro para cumprir as exigências tributárias americanas. E foi por isso que, no ano passado, a Pfizer tentou comprar a AstraZeneca, mas acabou retirando a proposta.
Os acionistas da Allergan vão receber 11,3 ações da nova empresa por cada papel da Allergan que eles detiverem. Os acionistas da Pfizer receberão uma ação da nova empresa para cada ação que tiverem da gigante.
A Pfizer informou que, até o fim de 2018, vai tomar uma decisão sobre uma potencial divisão entre negócios consolidados e inovadores. A empresa prevê que a aquisição da Allergan gere mais de US$ 2 bilhões em sinergias nos três primeiros anos após o fechamento da compra.
O negócio deve atrair a ira política em um ano pré-eleição presidencial nos Estados Unidos. Com a aquisição, a Pfizer mudará seu endereço para a Irlanda, onde a Allergan é registrada, em uma medida chamada "inversão", que reduz a taxa de imposto corporativo paga pela gigante, devido à mudança da sede fiscal da companhia.
O negócio também deve reiniciar o debate na indústria farmacêutica sobre o papel de pesquisa e desenvolvimento, uma vez que presidente executivo da Allergan, Brent Saunders, prolífico negociador de acordos e cético sobre a descoberta interna de medicamentos, entraria na companhia combinada em posição de influenciar sua estratégia.
O presidente executivo da Pfizer, Ian Read, ocupará o mesmo cargo na empresa combinada. Já Brent Saunders terá um papel sênior e focado em operações e integração. A Allergan já havia sido comprada pela farmacêutica Actavis no início do ano pelo valor de US$ 70 bilhões.