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Economia

- Publicada em 19 de Novembro de 2015 às 22:20

Trigo sofre quebra de quase 50% no Rio Grande do Sul

Colheita do cereal não deverá alcançar nem 1,4 milhão de toneladas no Rio Grande do Sul, prevê Farsul

Colheita do cereal não deverá alcançar nem 1,4 milhão de toneladas no Rio Grande do Sul, prevê Farsul


KÁTIA MARCON/DIVULGAÇÃO/JC
Guilherme Daroit
Encaminhando-se para o fim da colheita - 85% dos grãos maduros já foram retirados -, a safra 2015 do trigo no Rio Grande do Sul não deixará boa impressão. Condições climáticas adversas, com geada e excesso de chuvas, resultaram em quebras tanto de produtividade quanto de qualidade, frustrando os triticultores pelo segundo ano seguido. "O gaúcho plantou trigo e vai colher Proagro", afirma o gerente regional adjunto da Emater de Passo Fundo, Cláudio Dóro, referindo-se ao seguro agrícola do governo federal que será o caminho de grande parte dos produtores.
Encaminhando-se para o fim da colheita - 85% dos grãos maduros já foram retirados -, a safra 2015 do trigo no Rio Grande do Sul não deixará boa impressão. Condições climáticas adversas, com geada e excesso de chuvas, resultaram em quebras tanto de produtividade quanto de qualidade, frustrando os triticultores pelo segundo ano seguido. "O gaúcho plantou trigo e vai colher Proagro", afirma o gerente regional adjunto da Emater de Passo Fundo, Cláudio Dóro, referindo-se ao seguro agrícola do governo federal que será o caminho de grande parte dos produtores.
Não há ainda uma definição sobre o tamanho final da safra, mas fala-se em uma quebra de quase 50% em relação ao total inicialmente previsto pela Emater, na casa das 2,2 milhões de toneladas. "Não deveremos chegar nem a 1,3 ou 1,4 milhão", projeta o presidente da comissão do Trigo da Farsul, Hamilton Jardim. Apenas na região de Passo Fundo, Dóro conta que a produtividade, prevista em três toneladas por hectare, está sendo limitada à metade. O principal motivo apontado são as geadas de setembro, que afetaram o desenvolvimento das plantas.
E, para piorar, do pouco que se colheu, apenas uma pequena parte tem qualidade suficiente para ser encaminhada à panificação, mercado preferencial do produto. Dóro argumenta que, do trigo analisado pelo escritório regional da Emater até aqui, apenas 5% é considerado bom, com características como o pH que permitem sua venda aos moinhos. Já Jardim projeta que o total do trigo de qualidade não passe das 400 mil toneladas. "O resto será encaminhado para outros usos, como bolachas, massas ou mesmo para exportação para ração", comenta o dirigente da Farsul. Haveria ainda uma boa parte de grãos com pH muito baixo, sem valor comercial.
A conta do problema da qualidade é também passada para o clima, mas, dessa vez, por conta do excesso de chuvas. "Com o fortalecimento do El Niño, tivemos todos os meses chuvas acima da média. Mesmo com a melhor tecnologia, não tem planta que resista", complementa Dóro, lembrando que as precipitações incentivaram a proliferação de doenças. A situação é problemática, porque, enquanto o preço médio do trigo para panificação está em R$ 33,00 por saca, o grão para outros usos não chega aos R$ 20,00, de acordo com Jardim.
O cenário é parecido com o visto em 2014, quando também houve quebra de qualidade e quantidade do trigo, mas ainda pior. Além dos grãos de ainda menor qualidade, os custos de produção também aumentaram, por conta, entre outros fatores, da alta do dólar.
A Farsul já estima o prejuízo com a safra em pelo menos R$ 1,2 bilhão, revés que deve complicar ainda mais o futuro da cultura no Estado, que já sofreu uma redução de quase 23% na área plantada neste ano. "Essas duas quebras de safra praticamente consecutivas vão causar um desestímulo, e a tendência é de redução de áreas muito grande", prevê Jardim.
Para evitar a redução, uma das saídas é apontada pelo presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), Paulo Pires, que conta estar negociando com as entidades para direcionar, nas próximas safras, o grão para a exportação, optando por variedades mais produtivas que não se enquadrem para a panificação. "A opção tem de ser do produtor, mas ele será consciente de que, embora valha menos do que o trigo para pão, terá uma perspectiva mais estável para a venda", defende. Menos sujeitas ao clima, essas variedades dariam mais liquidez ao trigo gaúcho, que, mesmo em anos normais, tem excedente de mais de 1 milhão de toneladas, diz Pires.
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